Botucatu: Aparelho melhora tratamento pulmonar de crianças no HC

Equipamento permite a proteção do órgão submetido à ventilação mecânica

ter, 06/03/2007 - 11h54 | Do Portal do Governo

Um novo equipamento para a ventilação mecânica dos pulmões de pacientes com insuficiência respiratória aguda passou a ser usado, no final do ano passado, na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu. Trata-se do ventilador oscilatório de alta freqüência (Sensomedix 3100 A), aparelho que oferece nova modalidade de ventilação, na qual ocorre um volume corrente de ar baixo numa freqüência respiratória elevada, enquanto nos convencionais o volume de ar é alto numa freqüência respiratória baixa.

A principal vantagem da máquina em relação à convencional é que ela poupa os pulmões debilitados. “Isso acontece porque eles recebem a mesma quantidade de ar em mais doses de menor quantidade”, explica o chefe da UTI Pediátrica, doutor José Roberto Fioretto. A máquina foi adquirida com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), graças às pesquisas sobre insuficiência respiratória aguda que vêm sendo realizadas pela equipe da unidade desde 2001, sob a orientação de Fioretto. O equipamento é bastante utilizado nos casos de insuficiência respiratória aguda, causada, principalmente, por pneumonias virais e bacterianas.

De acordo com o médico, a ocorrência é o motivo de cerca de 60% das internações em pediatria. “A máquina proporciona terapêutica avançada, que ainda não é muito disseminada”, afirma. O ventilador de alta freqüência é utilizado também para o tratamento de fístula broncopleural traumática ou cirúrgica, de pneumotórax hipertensivo e em casos de síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). O equipamento pode ser usado ainda em conjunto com a administração precoce de óxido nítrico inalatório, outra terapia pesquisada pela equipe, que resultou em diminuição da mortalidade de 40% para 17% nos casos de SDRA na UTI Pediátrica.

Até o momento, não se registrou a morte de nenhum dos dez casos atendidos com o novo recurso. Isso é considerado positivo, já que antes a mortalidade era de aproximadamente 50% dos casos. O médico alerta, entretanto, que o resultado obtido até agora não pode ser considerado um dado científico. Ele explica que não houve tempo ainda para se fazer um levantamento sobre diminuição de mortes com o uso da máquina. “É cedo para isso”, esclarece.

 

Teses publicadas – A UTI Pediátrica do hospital possui sete leitos e atende em média 25 pacientes por mês. Atuam ali cinco médicos diaristas, nove plantonistas e 16 funcionários, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem. A unidade, fundada em 1988, é referência na região e reconhecida pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) como centro formador de médicos intensivistas pediátricos desde 1995.

A linha de pesquisa sobre insuficiência respiratória aguda está programada para se estender até o ano que vem. Os estudos renderam a publicação de várias teses na mais importante revista de medicina intensiva pediátrica, a Pediatric Critical Care Medicine. Segundo Fioretto, é momento de aprofundar a investigação. “A equipe está iniciando experimentos com animais, o que vai permitir a obtenção de respostas mais rápidas”, diz.

O uso do ventilador oscilatório de alta freqüência, segundo o especialista, ainda não é uma prática comum. No Brasil, a unidade é o quarto hospital a dispor do equipamento, que custa em torno de US$ 33 mil.

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial