O terceiro Banco de Tumores do Brasil, que começa a funcionar no Hospital do Câncer de Barretos, traz novas perspectivas para os estudos na área de oncologia e aumenta as esperanças de cura de pacientes atingidos por essa moléstia. O Hospital do Câncer A. C. Camargo, em São Paulo e o Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro, são as outras duas instituições brasileiras que oferecem o serviço.
A iniciativa recebeu R$ 320 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e é resultante de parceria do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp de São José do Rio Preto com a Fundação Pio XII, que administra o Hospital do Câncer de Barretos.
Com a capacidade de armazenar cerca de 30 mil amostras de tecidos, o Banco de Tumores permitirá também o melhor acompanhamento da evolução ou regressão da doença nos pacientes em tratamento. Atualmente o sistema guarda mais de mil amostras cadastradas.
Nesse banco de dados estão reunidas as informações clínicas sobre o paciente, o perfil genético, as características da doença e os dados epidemiológicos. Com essas informações será possível realizar diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficientes e com maiores possibilidades de cura.
Mais pesquisas
“É um grande avanço científico na área de biologia molecular, que vai evitar tratamentos na base de tentativa e erro”, destaca a bióloga Paula Rahal, do Laboratório de Estudos Genômicos do Ibilce e uma das coordenadoras do banco.
Ela informou que no banco são armazenadas amostras de tecidos tumorais e de tecidos sadios dos pacientes tratados no Hospital de Câncer de Barretos. Além disso, também são guardadas amostras de sangue e de soro. Estes materiais darão suporte para o levantamento de informações para a pesquisa básica sobre determinado tipo de DNA, RNA e de proteínas utilizadas como marcadores, ou indicadores dos tipos de câncer. As amostras são congeladas em nitrogênio líquido e conservadas em freezer de – 86º C a -140º C.
Entre as vantagens da coleção, destacam-se a ampliação das possibilidades das pesquisas com conclusões mais abrangentes. Atualmente os estudos sobre os cânceres e seus aspectos estão condicionados ao diagnóstico e ao tempo de duração do tratamento de um determinado caso, que pode se estender por até cinco anos.
“A criação deste banco de tumores é uma ação de extrema relevância, principalmente para o desenvolvimento de estudos sobre os diversos tipos de tecidos de órgãos atingidos pelo câncer”, afirmou o reitor da Unesp Marcos Macari.
Gerenciamento
“A conservação de amostras de tumores dará suporte para a pesquisa básica sobre proteínas utilizadas como marcadores moleculares e à identificação de agentes envolvidos no aumento da incidência de determinados tipos de câncer, por exemplo”, acrescentou a bióloga.
O gerenciamento das informações foi elaborado pelo professor Carlos Roberto Valêncio, do Departamento de Ciências da Computação e Estatística do Ibilce. Ele disse que o sistema vai permitir ao usuário o levantamento e cruzamento de dados como tipo de câncer, origem do paciente, faixa etária, tratamento, resposta ao medicamento.
Em breve o sistema do Banco de Tumores de Barretos deverá estar interligado ao Banco de Tumores central do Hospital do Câncer A. C. Camargo, em São Paulo. O sistema de conexão será desenvolvido numa segunda etapa da iniciativa.
“Nosso objetivo será disponibilizar e acessar as informações dos dois bancos. A vantagem é que os pequisadores avançarão em suas respectivas pesquisas considerando a riqueza e diversidade das várias amostras”.
Segundo o professor Valêncio, o sistema computacional interligado é um recurso pioneiro: “Outra vantagem é a possibilidade de ter à disposição informações ricas pertinentes às variantes proporcionadas pelas raças que compõem a população brasileira”.
O hospital de Barretos registra cerca de 8,5 mil novos casos de câncer por ano, sendo que 90% do atendimento é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição recebe cerca de 2,5 mil pacientes diariamente para o tratamento rotineiro.
Casos de novos diagnósticos somam aproximadamente 8,5 mil ao ano. Que procura a instituição, além dos atendimentos médico e clínico, recebe orientação jurídica, conhece seus direitos e passa a reivindicá-los. O doente de câncer tem prerrogativas especiais para a continuação do tratamento, em geral caro e impossível para quem depende do SUS.
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)