Unesp: Programa estimula raciocínio de escolares

Projeto de São Vicente utiliza jogos, cursos e oficinas

sex, 15/12/2006 - 20h46 | Do Portal do Governo

O “Estimulando o Raciocínio”, implantado em Botucatu há cinco anos, é um dos projetos que integram o Programa Permanente de Divulgação da Ciência na UNESP, ou Ciência na UNESP, ligado à Vice-reitoria.

O projeto é caracterizado por uma série de iniciativas como cursos, jogos e oficinas que buscam elevar o nível de raciocínio entre os alunos da rede municipal de ensino de São Vicente, na Baixada Santista.

“Atualmente os alunos memorizam as informações, mas não sabem raciocinar”, afirma Iracy Lea Pecora, docente de Biofísica do Campus de Litoral Paulista (CLP), em São Vicente, e coordenadora do projeto implantado para professores da rede municipal de ensino da região.

O programa beneficia diretamente estudantes da 5ª a 8ª séries de uma escola da cidade. “O raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental em que o intelecto utiliza uma ou mais proposições para, através de mecanismos de comparação e abstração, chegar às respostas da questão colocada”, explica.

Segundo Iracy, a idéia do projeto surgiu quando ela perguntou, em sala de aula, sobre o funcionamento do aparelho auditivo, cuja resposta satisfatória dependia de informações que haviam sido passadas em anos anteriores. “Um dos alunos me disse que o aprendizado dos outros anos era ‘deletado’, ou seja, as escolas não estimulam os estudantes a relacionar os conhecimentos, que acabam sendo mobilizados de forma estanque”, afirma. “A responsabilidade desta falha de ensino/aprendizagem não é dos professores, mas da atual falta de estrutura das escolas públicas”, ressalva.

No curso que ensina mecanismos de raciocínio, ministrado no CLP, cerca de 120 professores da Rede Municipal de Ensino aprendem como utilizar, em sala de aula, jogos como Grow, Tangram, Origami, Poliminós, Rummikub, Othelo, Cilada, Corrida das Palavras, Senha, Klotsky, Torre de Hanoi. Além disso, eles aprendem a escolher os exercícios adequados para cada série, ordenados por grau de dificuldade.

Em São Vicente, cem alunos de 5ª a 8ª série participam do curso uma vez por semana. Eles chegam a executar cerca de 20 problemas por dia. “Os exercícios são resolvidos, mas muitas vezes solucionados em conjunto com o restante da sala”, diz Iracy. “Nesse caso, o importante não é chegar à solução correta, mas o ato de raciocinar para chegar a ela”, aponta.

Iracy conta que a primeira reação dos alunos ao conteúdo da aula é de aversão, visto que não estão acostumados a raciocinar. “Depois de algumas aulas eles passam a gostar e até a brincar com os problemas”, relata.

Um levantamento feito junto aos estudantes da escola de Botucatu que adotou a disciplina apontou que as notas melhoraram em 30%. “Constatamos também que os estudantes passaram a ter uma melhor postura na sala de aula, com mais interesse e participação”.

A docente calcula que mais de mil alunos fazem o curso por intermédio do projeto. Mas o objetivo é ampliá-lo para as turmas de 1ª a 4ª séries. A partir da inclusão no Programa Ciência na UNESP, o grupo passou a organizar um banco de jogos relacionados ao raciocínio-lógico e de exercícios dos mais variados graus de dificuldades na biblioteca do CLP. Ela pretende implantar ainda um curso de especialização sobre o tema e uma disciplina optativa para os alunos de graduação do campus.

  Julio Zanella

Da Unesp