Zoológico: Filhotes de ‘Leopardus tigrinus’ são criados com mamadeira no Zoológico de São Paulo

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qua, 27/12/2000 - 10h26 | Do Portal do Governo

Dois filhotinhos de ‘Leopardus tigrinus’, pesando pouco mais de cem gramas cada, estão sendo criados com mamadeira, na ‘creche’ do Setor de Mamíferos do Zoológico de São Paulo. Os filhotinhos, separados da mãe que não tinha leite suficiente para criá-los, estão recebendo 10 gramas de leite a cada quatro horas, ministradas numa mamadeira especial.

‘Como os animais não podem passar muito tempo sem se alimentar, uma bióloga os leva toda noite para casa, numa caixa aquecida com almofada térmica, e cuida deles também no período noturno’, explica a chefe do Setor, Bióloga Kátia Cassaro. Ela conta que o ‘Leopardus tigrinus’ é popularmente conhecido como gato-do-mato-pequeno e é um dos felinos ameaçados de extinção do Brasil.

Para evitar a extinção da espécie, o Zoológico paulista construiu há alguns anos mais de uma dúzia de recintos especiais para pequenos felinos onde, com recursos em parte fornecidos por entidades internacionais, foram alojados os pequenos felinos silvestres ameaçados, o gato-maracajá, gato-palheiro, gato-do-mato-pequeno e gato-mourisco.

Com cuidados especiais e muita tranqüilidade, pois os recintos estão protegidos por cerca-viva numa área vedada ao público, o Zoológico já conseguiu reproduzir mais de 20 desses animais, está dominando as técnicas de manejo, acasalamento e alimentação. ‘Nossa equipe já domina de tal forma o trabalho, que rapidamente percebemos quando alguma coisa não vai bem, como no caso desses gatinhos, que não recebiam leite suficiente’, explica a Bióloga Kátia Cassaro. Por isso mesmo os animaizinhos foram deixados por apenas uma semana com a mãe, explica a bióloga Mara Cristina Marques, e depois que receberam o primeiro leite, o colostro, importante porque fornece anticorpos essenciais, foram levados para a ‘creche’, onde estão recebendo um leite especial para felinos, importado, ‘Mother’s Help’.

O diretor do Zoológico, Professor André Luiz Paranhos Perondini, conta que a reprodução em cativeiro deve garantir, a médio prazo, que haja disponibilidade de felinos silvestres para envio a outras instituições
científicas, onde os animais continuarão a se multiplicar, evitando-se sua extinção.

O ‘Leopardus tigrinus’ é um gato de olhos amarelos, pelagem de fundo tendendo para o creme, sobre a qual há rosetas arredondadas de duas cores, quase negro na parte de fora e cor de ouro-velho no Interior. Justamente por causa da beleza de sua pele, esse animal foi muito caçado e hoje tem sua distribuição reduzida.

Originariamente o ‘tigrinus’ podia ser encontrado da Costa Rica, através dos Andes, até à Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas, Brasil, Paraguai e Norte da Argentina.

Comedor de ovos, pequenos mamíferos e pássaros, esse gato tem gestação de 70 dias, um ou dois filhotes por cria e crescimento rápido. Aos 10 dias os gatinhos abrem os olhos, apresentam os primeiros dentes com duas semanas de idade e com pouco mais de um mês já estão experimentando comida sólida. Aos 11 meses os filhotes são tão grandes como os adultos e a partir dos dois anos chegam à maturidade sexual.