Saiba tudo sobre os carrapatos

O Estado de São Paulo - Quarta-feira, dia 14 de junho de 2006

qua, 14/06/2006 - 10h09 | Do Portal do Governo

Pesquisadora do Instituto Butantã escreve guia ilustrado sobre o assunto

Luiz Roberto de S. Queiroz

O primeiro guia ilustrado para identificação das 61 espécies de carrapatos que existem no Brasil, com detalhes de todas as doenças que eles transmitem ao homem e aos animais, acaba de ser publicado pela pesquisadora Darci Moraes Barros-Battesti, do Instituto Butantã, e por mais dois especialistas.

Com mais de 200 páginas, ele desfaz mitos, esclarecendo, por exemplo, que o minúsculo micuim é a larva de qualquer uma das 32 espécies de larvas de carrapato, todas do gênero Amblyomma, e que é justamente a fase larval a mais perigosa para a transmissão de doenças. O carrapato transmite tanto a febre maculosa, quanto o mal de Lyme e as babesioses bovinas. Mas a obra alerta que muitas viroses também transmitidas pelo ácaro não foram estudadas no Brasil.

O livro destaca, além disso, o fato de que a transmissão dos patógenos pela saliva do carrapato é demorada e, por isso, desgrudar o carrapato da pele o mais cedo possível é importante para evitar a contaminação. A obra, cujo título completo é Carrapatos de importância médico-veterinária da região neotropical – um guia ilustrado para identificação de espécies, terá os exemplares distribuídos aos centros de controles de zoonoses, de vigilância epidemiológica e universidades de toda a América Latina, pois a obra inclui mapas com a área de distribuição de cada espécie, no Brasil e outros países.

LIÇÕES PARA O CAMPO

A dra. Darci ensina que o carrapato não gosta do sol direto, por isso a grama ou o capim aparados são meios de evitar a praga, que prefere capim alto, onde fica para subir pela perna da vítima. “Um pouco de repelente na calça não impede que os carrapatos subam por ela, mas a maioria desiste no meio do caminho e se solta”, conta ela, que sempre entra no mato com uma fita crepe de dupla face fechando a boca da calça, clara, para ver os bichinhos.

Se, ainda assim, os carrapatos subirem pela calça, ela ferve a vestimenta, pois eles se escondem nas costuras. Se o carrapato já grudou na pele, ela põe uma gota de álcool sobre ele, o que faz com que ele solte a boca e, com uma pinça, dá uma torção para soltar o maxilar e o puxa em seguida. Conservar o carrapato que picou é importante, pois se, dias após a picada, a vítima tiver febre, é de grande ajuda levar o carrapato para análise, que pode comprovar se ele transmitiu alguma moléstia.

O livro contou com a ajuda de 20 colaboradores, entre eles a pesquisadora Márcia Arzua e o professor Gervásio Henrique Bechara, co-autores.

SAIBA MAIS: E-mail: dbattesti@butantan.gov.br