Música: Compositor e regente suiço Heinz Holliger é destaque da Osesp

Orquestra faz uma releitura do Brasil pelo olhar de compositores estrangeiros

qua, 21/09/2005 - 16h49 | Do Portal do Governo

Ao dividir este programa em duas partes quase simétricas, a primeira dedicada ao próprio trabalho e a segunda ao de Bernd Alois Zimmermann, Holliger estabelece um diálogo com a vanguarda européia e homenageia o Brasil com obras e orquestrações de Zimmermann, um compositor quase desconhecido entre nós. Para a primeira parte, o regente escolheu duas orquestrações de peças para piano de Liszt e Turm-Musik, para flauta solo, fita magnética e pequena orquestra. Os concertos acontecem nos dias 6, 7 e 8 de outubro, na Sala São Paulo.

Regente – HEINZ HOLLIGER
O regente suíço estudou oboé, piano e composição. Tendo recebido a primeira colocação em concursos internacionais, conquistou uma carreira sem igual como oboísta, o que o levou aos grandes centros da música nos cinco continentes. Praticando intercâmbio constante entre interpretação e composição, amplia os limites da técnica instrumental e se engaja com muita dedicação em prol da música contemporânea, tanto quanto aos compositores menos conhecidos. Holliger já regeu orquestras como a Berliner Philharmoniker, Cleveland Orchestra, Concertgebouw Amsterdam e a Philharmonia Orchestra de Londres. Já é de longa data seu vínculo de cooperação com a Orquestra de Câmara Européia. Além disso, realizou gravações pela Teldec, Philips e ECM e suas obras são publicadas com exclusividade pela Schott Musik International. Entre suas obras mais recentes destacamos a Partita (estreada no Festival de Berlim), a conclusão de seu Concerto para Violino, Trakl-Lieder, Puneigä e Morgenstern-Lieder. A Cité de la Musique, de Paris e a Fundação Gulbenkian, de Lisboa lhe dedicam uma semana ,exclusiva, durante a qual se apresenta como compositor, regente e oboísta.

Solista – FELIX RENGGLI flauta
O suíço Felix Renggli estudou flauta com grandes nomes e deixou seu lugar de solista na Sinfônica de St. Gallen para iniciar uma carreira independente. Tem atuado em importantes festivais internacionais, como os de Paris, Lucerna, Quito, Rio de Janeiro e Lockenhaus. O compositor e regente Heinz Holliger marcou profundamente sua carreira musical. Renggli apresenta-se como solista e membro de diferentes grupos de música de câmara na Europa, Japão, China, Coréia, América do Sul e Estados Unidos, tocando em renomadas salas de concerto, como o Merkin Hall de Nova York, a Ópera da Bastilha em Paris, o Beethoven Hall de Tóquio e o Alte Oper de Frankfurt. Também ministra aulas profissionais de flauta na Academia de Música da Basiléia, tendo sido nomeado para esse cargo como sucessor de P. L. Graf. Além disso, ministra masterclasses na Europa, Japão, Austrália e América do Sul. Seu repertório inclui uma ampla variedade de músicas, desde o século XVIII, tocadas em instrumentos históricos, até o avant garde dos nossos dias, apresentando primeiras audições de muitos trabalhos musicais solo e de música de câmara. Desde 1999 é diretor artístico da recém lançada série de Concertos de Câmara suíços. Em 2004 foi nomeado professor na Hochschüle für Musik, na Alemanha.

Repertório – HEINZ HOLLIGER
DUAS TRANSCRIÇÕES DE LISZT PARA GRANDE ORQUESTRA

Duração aproximada: 12 minutos
Ano da composição: 1986
A partir de 1850, Liszt, já há muito afastado da vida de pianista, pouco a pouco consolida o caminho do cromatismo para a primeira geração romântica. Essa tendência, defendida por ele e por Wagner, de quem se tornaria sogro, vai ser aceito por Schoenberg e os outros membros da Segunda Escola de Viena. Nas duas peças orquestradas por Heinz Holliger, Liszt olha diretamente para o fundo desse abismo. Nuages gris e Unstern foram concebidas para piano solo nos últimos anos de sua vida.

TURM-MUSIK PARA FLAUTA SOLO, PEQUENA ORQUESTRA E GRAVADOR
Duração aproximada: 25 minutos
Ano da composição: 1984
Bruchstücke (Fragmentos), segunda seção de Turm-Musik (Música da Torre), integra o monumental Ciclo Scardanelli, que consiste de oito peças orquestrais, um solo de flauta e 12 peças corais e cuja composição se estende de 1975 a 1991. Scardanelli era o nome com que o visionário Hölderlin (1770-1843) assinava seus poemas na maturidade. No refúgio da Torre de Tübingen, o poeta, que tinha sido bom flautista na juventude, recebia os visitantes e passava horas e horas improvisando ao piano. A isso se refere o título da obra, que incorpora citações de música que faziam parte da vida de Hölderlin.

DARIUS MILHAUD
Aix-en-provence (França), 04 de setembro de 1892 – Genebra (Suíça), 22 de junho de 1974
SAUDADE DO BRASIL: LEME; SOROCABA (Orquestração de B.A.Zimmermann)
A relação de Darius Milhaud com o Brasil é conhecida: em 1916, seu amigo, o diplomata e poeta Paul Claudel, foi nomeado embaixador da França no Brasil e convidou Milhaud para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro como seu secretário. A atmosfera e a música brasileira marcaram profundamente o jovem compositor. Leme e Sorocaba integram Saudades do Brasil, duas suítes de danças para piano compostas entre 1920 e 1921, fruto de sua estadia no país. Sorocaba é o primeiro, e Leme o terceiro número da primeira suíte (são seis peças em cada suíte). Em Saudades do Brasil, o jovem Milhaud incorpora os elementos essenciais dos ritmos, melodias e o colorido instrumental da música popular urbana brasileira da época.

HEITOR VILLA-LOBOS
Rio de Janeiro, 05 de março de 1887 – idem, 17 de novembro de 1959
A LENDA DO CABOCLO (Orquestração de B.A.Zimmermann)
A Lenda do Caboclo foi composta para piano solo por Heitor Villa-Lobos em 1920. Estreou em 13 de junho de 1921 no Teatro São Pedro de Porto Alegre com o pianista Iberê Lemos, a quem a peça é dedicada. Existe uma versão para orquestra do autor, de 1922, mas a partitura está extraviada.

BERND ALOIS ZIMMERMANN
Bilhesheim (Alemanha), 20 de março de 1918 – Königsdorf (Alemanha), 10 de agosto de 1970
ALAGOANA
Duração aproximada: 30 minutos
Ano da composição: 1950-55
Bernd Alois Zimmermann foi um outsider da Nova Música que despontou na Europa após o término da Segunda Guerra Mundial. Mais velho que os compositores que se reuniam nos cursos de música nova de Darmstadt (que ele também freqüentou entre 1948 e 1950) e que radicalizaram a experiência serial, Zimmermann foi ignorado, se não desprezado, por esses compositores, que souberam ocupar espaços e se tornaram a vanguarda ‘oficial’ da Europa; os nomes mais conhecidos são os de Pierre Boulez, Luigi Nonno e Karlheinz Stockhausen. Zimmermann lutou como soldado durante a guerra, e foi durante a ocupação de Paris que conseguiu partituras de Milhaud e Stravinsky (toda a música moderna era considerada ‘degenerada’ na Alemanha nazista). O balé Alagoana foi composto entre 1940 e 1943 e orquestrado entre 1947 e 1950, segundo a cronologia do próprio compositor. Estilisticamente, a obra se relaciona com Saudades do Brasil, de Milhaud, com obras de Ravel e com os balés e peças orquestrais escritos por Stravinsky nos anos 20 e 30. Mas há também uma justificativa posterior para a ‘Alagoana’: o irmão de Zimmermann, Joseph, geógrafo de profissão, realizou uma expedição de pesquisa à região de Alagoas entre 1951 e 1953. Neste período, houve uma intensa troca de cartas sobre o Brasil entre os dois. É provável que a expedição do irmão tenha dado a oportunidade de relacionar uma peça concebida muito antes com os relatos e experiências do irmão e que ao menos em parte impregnaram a ação do balé. A orquestração de ‘Alagoana’, da qual Zimmermann sempre se orgulhou, se destaca pelo refinamento que além dos efeitos impressionistas, emprega o timbre como elemento estrutural.

Osesp – Mantida pelo Governo do Estado de São Paulo, a orquestra foi fundada em 1954 pelo maestro Souza Lima. Foi dirigida durante 24 anos por Eleazar de Carvalho e, a partir de 1997, por John Neschling. Em julho de 1999, instala-se definitivamente na Sala São Paulo, sede própria e marco de sua reestruturação. Além dos 30 programas e 100 concertos anuais em média na Sala São Paulo, turnês nacionais e internacionais e gravação de CDs com distribuição mundial, há também uma série de atividades fora dos palcos com o apoio da administração estadual. Entre elas estão o Centro de Documentação Musical, a Coordenadoria de Programas Educacionais e a Editora Criadores do Brasil.

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
– HEINZ HOLLIGER regente
– FELIX RENGGLI flauta

Repertório:
– HEINZ HOLLIGER – Duas Transcrições de Liszt para grande Orquestra
– HEINZ HOLLIGER – Turm-Musik para Flauta solo, pequena Orquestra e Gravador
– HEITOR VILLA-LOBOS – A Lenda do Caboclo
– DARIUS MILHAUD – Saudade do Brasil
– BERND ALOIS ZIMMERMANN – Alagoana – Caprichos brasileiros

– Quinta 06/10, às 21h, Sexta 07/10, às 21h e Sábado 08/10, às 16h30
Preços: de R$ 25 a R$ 79 – Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes com carteirinha da Une e Ubes e professores da rede pública estadual pagam 1/2 (somente na bilheteria da Sala São Paulo) –Estacionamento: 650 vagas – R$ 5 – Sala São Paulo (1501 lugares) – Pça. Júlio Prestes, s/nº (0xx11) 3337-5414
– Ingressos p/ cartão de crédito: Ticketmaster (0xx11) 6846-6000 (SP)
Concerto Didático – Projeto Descubra Sua Orquestra, dia 07/10 – sexta-feira, às 9h30 – R$5

– OSESP AO VIVO – na Rádio Cultura FM 103.3 – Gravações exclusivas realizadas na Sala São Paulo, com apresentação do maestro John Neschling, diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Todos os sábados, às 16h30 e reapresentações aos domingos, às 12h.