USP: Instituto de Geociências fará análises geológicas de alta precisão

O IGs integrará a Rede GeoChronos, que colocará o Brasil entre os principais centros geológicos do mundo

seg, 10/01/2005 - 20h35 | Do Portal do Governo

A USP abrigará, a partir de 2006, o Laboratório de Geocronologia por Microssonda Iônica de Alta Resolução, que fará parte da Rede GeoChronos, atualmente em implantação. O objetivo da rede é tornar a exploração dos recursos naturais brasileiros mais eficiente e aprofundar os estudos em geocronologia (ramo científico que estuda a idade de rochas e eventos geológicos) e geologia de isótopos (estudo da composição de metais para obter informações sobre sua origem e natureza).

Segundo o professor Miguel Ângelo Stipp Basei, do Centro de Pesquisas Geocronológicas (CPGeo) da USP, a GeoChronos será a maior rede de estudos em Geociências da América Latina. ‘A Rede colocará o Brasil em posição de vanguarda tecnológica e com capacidade analítica comparável à de poucos países no mundo’, afirma o professor.

Além disso, a implantação da rede resultará em economia de recursos, pois atualmente diversos testes são encomendados para laboratórios de países como Austrália, Estados Unidos e Canadá. Basei aponta que ‘a implementação da Rede GeoChronos permitirá que a capacidade analítica do Brasil, nas áreas geoquímica, isotópica e geocronológica tenha um aumento significativo tanto em sua quantidade como na qualidade’.

Pesquisas

O CPGeo receberá um equipamento chamado Shrimp (abreviatura do termo inglês Sensitive High Resolution Ion Micro Probe). ‘Por meio de análises radiométricas [análise das ondas de radiação], este equipamento permitirá a determinação da idade de rochas, depósitos minerais e outros alvos geológicos, com muita precisão’, explica Basei.

O Shrimp está em construção na Austrália e tem custo estimado em três milhões de dólares. O equipamento está sendo comprado com recursos oriundos da Petrobrás e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os investimentos para a implantação de toda a rede são estimados em 20 milhões de dólares.

Além da USP, farão parte da fase inicial da rede a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que receberão equipamentos capazes de realizar um grande número de análises geoquímicas e isotópicas. De acordo com Basei, esses estudos têm recebido forte impulso nos últimos anos. Seus resultados auxiliam pesquisas nos diversos campos geológicos – mineração, cartografia, hidrogeologia e meio ambiente. ‘O emprego de isótopos no monitoramento e na identificação de possíveis agentes poluidores de aqüíferos e do ar está em franco crescimento, e a entrada em operação dos equipamentos da rede dará grande impulso a essas pesquisas’, exemplifica o professor.

Também fazem parte da iniciativa a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Companhia Vale do Rio Doce, o Serviço Geológico do Brasil e os ministérios de Minas e Energia e da Ciência e Tecnologia.

Recursos humanos

Segundo Basei, o Brasil já possui pesquisadores com experiência significativa na operação dos laboratórios. No CPGeo, por exemplo, há profissionais com estágios na Austrália, na China e nos Estados Unidos. ‘Entretanto, está prevista a formação, no país e no exterior, de novos pesquisadores para os quais haverá a oferta de bolsas de estudos. Será também necessário contratar técnicos de nível médio e superior para manter o equipamento operando em boas condições’, complementa o professor.

O gerenciamento da rede, ainda em discussão, ficará a cargo de um comitê formado por representantes dos laboratórios, do Serviço Geológico e da Petrobrás. O representante do CPGeo na rede é o professor Colombo Celso Gaeta Tassinari. A coordenação específica do Shrimp, informa Basei, ‘ficará sob a responsabilidade de um comitê a ser constituído e no qual o CPGeo terá papel fundamental’.

Flávia Souza – Agência USP