Passava um pouco da meia-noite quando o ônibus saiu do município de Salmourão com destino à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), para uma viagem de 650 quilômetros. A bordo, seis alunas da cidade, vencedoras do concurso de redação promovido pela Bovespa, entidade madrinha da biblioteca municipal inaugurada em junho deste ano na distante Salmourão.
Bárbara Maioli Martins, Isabela Ramos Teixeira, Fabiana Gatto de Almeida, Maria Paula Fortuna Clara, Cássia de Souza e Elizandra Mazetti viajaram na companhia dos pais, das professoras, da diretora dos colégios da cidade e do prefeito José Luiz Rocha Peres.
A viagem no boeing – como o ônibus foi chamado pelo prefeito, ao comparar o seu conforto ao da moderna aeronave – demorou oito horas. Mas poucos passageiros pegaram no sono, pois havia uma agenda de novidades a ser cumprida em São Paulo. A maioria nunca tinha estado na capital e, além da Bolsa, iriam conhecer o Centro de Memória e a Biblioteca da Bolsa, a Catedral da Sé e o Pátio do Colégio. Isso, depois de almoçarem no restaurante executivo da Bovespa, acostumado a receber governadores, presidentes e outros convidados ilustres.
Às 13 horas, o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, e a secretária de Estado da Cultura, Claudia Costin, receberam a comitiva para a entrega dos prêmios às seis vencedoras do concurso, do qual participaram 231 alunos de Salmourão. A secretária iniciou sua saudação comentando o fato de só meninas terem sido premiadas. Ao falar sobre inclusão social, frisou que “a vida só faz sentido quando a gente faz diferença na vida das pessoas”. E concluiu anunciando que, todo início de ano, a Bovespa doará à Biblioteca de Salmourão os livros indicados para o vestibular nas universidades paulistas.
Magliano, por sua vez, observou como foi importante a Bovespa ter participado do programa São Paulo: um Estado de Leitores. Em junho deste ano, a pedido da Secretaria da Cultura, a Bovespa adotou a biblioteca do município de Salmourão, localizado no extremo oeste paulista e com apenas 4,1 mil habitantes. Na ocasião foram doados à instituição 600 livros e um computador. A participação da comunidade foi tamanha, que a cidade batizou o espaço como Biblioteca Bovespa. E a entidade retribuiu com novas contribuições, como um concurso de redação, que premiou os finalistas com micro systems e uma viagem à capital.
Depois da maratona, as seis alunas voltaram para Salmourão levando na bagagem novos horizontes e a certeza de que uma biblioteca pode mudar a vida de uma pessoa. Para isso, basta dar o primeiro passo: escolher um livro, abri-lo e viajar nos boeings que têm como destino muitos outros horizontes.
Com a palavra, as vencedoras
Cada estudante que participou do concurso fez uma redação sobre um livro que escolheu para ler. A seguir, os comentários das seis vencedoras a respeito dos livros que leram.
Bárbara Maioli Martins, 8 anos
Livro: O pequeno papa-sonhos, de Michel Ende
“Eu sei que os sonhos ruins são terríveis para os adultos, imagine então para as crianças”.
Isabela Ramos Teixeira, 8 anos
Livro: Júlia e a lágrima de amor, de Yvonne Bezerra de Melo
“Aprendi que nós devemos tratar as pessoas sem diferenças, não importa a cor, a raça, sua posição social. Todos nós seres humanos temos sentimentos”.
Maria Paula Fortuna Clara, 11 anos
Livro: Abrindo caminho, de Ana Maria Machado
“Aprendi que no meio do caminho de todos nós existem coisas de que não gostamos, mas isso não pode ser o fim do mundo, mas sim uma razão para fazer do obstáculo o começo de um novo caminho”.
Fabiana Gatto de Almeida, 12 anos
Livro : O garoto da novela, de Walcyr Carrasco
“Eu tenho vários amigos. Quando eu brigo com um deles eu fico triste. Esse livro mostra que nunca é tarde para voltar atrás, sempre é tempo de erguer a cabeça e pedir perdão”.
Cássia de Souza, 16 anos
Livro: Balada do primeiro amor, de Antônio Barreto
“A vida é repleta de altos e baixos, mas, como o livro nos ensina, o importante é não deixar a tristeza dominar a nossa vida e acreditar que tudo pode melhorar se realmente quisermos”.
Elizandra Mazetti, 17 anos
Livro: Eu te gosto, você me gosta, de Márcia Kupstas
“Se eu pudesse mudar o título seria Eu me gosto, você me gosta, pois se eu gostar de mim mesma será um bom começo para que os outros também gostem”.
Dirceu Rodrigues Da Assessoria de Comunicação da Secretaria da Cultura
Da Agência Imprensa Oficial
