Um projeto organizado pela professora Lilian Amorim, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, irá estudar algumas características da mais nova doença que atinge a citricultura paulista: o greening. Com a utilização de câmaras de crescimento de vegetais (estufas), os pesquisadores vão avaliar o efeito da temperatura nos estágios de transmissão da doença, além do tempo decorrido entre infestação e o aparecimento dos primeiros sintomas na planta.
O objetivo é entendermos melhor o funcionamento dessa doença e termos condições de saber com qual rigor deve ser feito seu controle nas plantações’, diz Lilian. O greening foi registrado pela primeira vez no Brasil em março de 2004, em alguns pomares de Araraquara, no interior de São Paulo. Hoje, a bactéria causadora dessa moléstia cítrica (Candidatus Liberibacter spp.) existe em pelo menos 46 municípios, localizados principalmente na região central do Estado.
Os dados sobre a presença do greening em São Paulo são do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), instituição privada de pesquisa de pragas e doenças em citros. Com a colaboração da entidade, Lilian irá enxertar ramos contaminados com a doença em mudas sadias de laranja. ‘As plantas germinarão e crescerão dentro de uma estufa regulada em quatro regimes de temperatura – entre 20ºC e 30ºC -, imitando as condições climáticas de algumas regiões do Estado’, explica.
Lilian aponta que esse procedimento vai oferecer condições para que a pesquisa descubra qual a gravidade da doença nas diferentes condições de temperatura e quais regiões paulistas são mais favoráveis ao greening.
Contaminação
O greening é uma doença vegetal originada na África e Ásia e provocada por bactérias de três espécies: Candidatus L. africanus, L. asiaticus e L. americanus (recentemente descoberta). Sua transmissão acontece por meio de um inseto, o Diaphorina citri, comum nos pomares brasileiros. O greening atua nos vasos liberianos (ou floema) da planta, responsáveis pelo transporte de açúcares e nutrientes da raiz até o fruto. Quando atingido pela doença, o vegetal tem sua produção muito reduzida. Os frutos que vingam nascem defeituosos, mal-desenvolvidos, imprestáveis para o consumo in natura e até mesmo para a produção de suco.
Duas características do greening dificultam seu combate. A primeira delas encontra-se na transmissão e no agente causador da doença. Ainda não existem métodos ou drogas que consigam eliminar as bactérias da planta. Quando atingida, a árvore tem de ser eliminada para que a doença não se alastre pelo pomar. ‘Além disso, a única maneira de evitar que o greening atinja os citros é eliminando o vetor por meio de inseticidas – procedimento muito caro’, enfatiza Lilian.
Outro agravante é o grande espaço de tempo (até seis meses) entre a contaminação da planta e o aparecimento dos primeiros sintomas. Quando se percebe a presença do greening, a planta já está totalmente infectada pela bactéria.
Por ser uma doença relativamente nova no Brasil, pouco se sabe sobre o greening. A Esalq está criando parcerias com o Centro de Citricultura do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) para um refinamento da pesquisa.
Da Agência USP de Notícias
Por Tadeu Breda
(LRK)