Pólo naval e desenvolvimento

A Tribuna - Santos - Domingo, 22 de agosto de 2004

seg, 23/08/2004 - 9h37 | Do Portal do Governo

Editorial

É bastante positiva a iniciativa do Governo do Estado de tentar transformar o Estuário de Santos em um pólo da indústria naval no Brasil. E, melhor: no principal complexo de estaleiros do País, conforme declarou a A Tribuna o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles. O essncial na fala do representante do Palácio dos Bandeirantes é que, a rigor, não se trata de mais um arroubo verbal, daqueles que surgem em tons ufanistas, típicos de períodos eleitorais.

Meirelles revelou que foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de viabilizar a instalação de dois estaleiros na Região Metropolitana da Baixada Santista, com capacidade para gerar até 10 mil empregos. As áreas que abrigarão as indústrias devem estar definidas dentro de seis meses. A idéia é ambiciosa e a posição do Estado, agressiva, porém se mostram sintonizadas com os anseios desenvolvimentistas tão necessários não apenas pelo espectro regional, mas igualmente para a consolidação da economia paulista.

A primeira meta da Secretaria de Ciência e Tecnologia é que São Paulo construa parte dos 22 navios de grande porte que a Petrobras irá comprar nos próximos anos. Aliás, a estatal está prestes a lançar edital para a aquisição das embarcações. Daí, a urgência nas providências que se fazem necessárias para a viabilização do projeto. Além de oferecer infra-estrutura de apoio, caberá ao Estado exercer o papel de intermediar os atores empresariais nesta empreitada de grandíssimo porte. No caso, os proprietários de áreas às margens do Estuário e os construtores de navios.

A implantação de estaleiros voltados à produção pesada na região já foi discutida num passado não tão distante. Está inserida, pois, no rol de perspectivas positivas para a Baixada. Precisará prosperar, diga-se de passagem, já que, em geral, iniciativas similares acabavam esbarrando em entraves de toda a ordem. Uma vez, era por falta de continuidade dos projetos, simplesmente esquecidos em gavetas da burocracia oficial; outra, por questões pequenas, insufladas por rivalidades bairristas ou ausência de vontade política; e, claro, também pela instabilidade econômica do País, sempre a afastar os investimentos internos e externos. Não que o momento atual exiba a pujância típica das nações mais desenvolvidas. De fato, há muito por fazer e acontecer. Afinal, anos de estagnação causaram estragos incomensuráveis.

A iniciativa do Governo do Estado, portanto, precisa receber todo o apoio necessário da comunidade local. Quanto aos erros do passado, eles terão que servir como um poderoso alerta contra os danos que a insensatez, a preguiça e o medo são capazes de provocar. Seriedade e firmeza de propósitos são atitudes que se impõem.