Juréia-Itatins, um tesouro

A Tribuna - Santos - Segunda-feira, 12 de julho de 2004

seg, 12/07/2004 - 9h25 | Do Portal do Governo

Editorial

Através de detalhados textos do repórter Pedro Cunha, A Tribuna relatou, nestes dias, a situação da reserva ecológica de Juréia-Itatins, onde ocorrem vários problemas, e também trouxe uma boa notícia: a área terá um Plano de Manejo, que será assim como uma espécie de regulamento norteador da sua existência, em todos os aspectos. A informação partiu do diretor da Divisão de Reservas e Parques do Instituto Florestal do Estado, Luiz Roberto Numa de Oliveira, um profundo conhecedor da região, o qual explica que os estudos a respeito estão em andamento, com conclusão prevista para o início do próximo ano.

Esse trabalho é de extrema importância porque vai definir o que a estação de Juréia-Itatins, na sua condição de maravilhoso santuário da natureza, pode abrigar, que atividades podem ser admitidas em seu território, e como tudo isto se realizará. A iniciativa faz sentido, pois a preservação de um patrimônio daquele tipo inclui objetivos que extrapolam o simples caráter contemplativo. Não se trata, de nenhuma forma, de abrir indiscriminadamente o local a empreendimentos imobiliários, agrícolas ou extrativistas, nem de permitir que ele se transforme num ponto de atração de turismo de massas, sempre predatório. Longe disto, o que se quer, por meio de um controle rígido, é ‘racionalizar’ em base sensatas a ocupação da Juréia. Existem ali, ainda, remanescentes de uma população nativa de caiçaras que precisa de atenção e de orientação, até mesmo para não ser extinta. Por outro lado, como as experiências de outros lugares no Brasil e no mundo o comprovam, é bem possível conciliar severas exigências de proteção ambiental com projetos de pequena agricultura ou de ecoturismo, entre outros do gênero. Além, é claro, de a região, com seu exuberante cenário de Mata Atlântica, ser um campo excepcional para pesquisas da fauna e da flora. Basta que hajam regras, e que estas sejam fielmente cumpridas, para não acontecer distorções. Pois é sabido que, nesses assuntos, quando se cria algum precedente, ele costuma ser o primeiro passo para a devastaçaõ geral.

Valorizar a Juréia é, portanto, o que cabe lembrar, sem porém se esquecer da advertência do diretor da Divisão de Reservas e Parques, para quem ‘é tênue a fronteira entre os moradores antigos e a abertura de uma porta para a especulação imobiliária’. O risco é concreto e, por isso, todas as cautelas necessitam ser tomadas, no tocante às decisões sobre a matéria. O que se quer é a estação de Juréia-Itatins mais perto de nós, mas na plenitude de sua beleza e com todos seus elementos naturais intocados. É o que se tem de buscar, e se o Plano de Manejo é o instrumento certo para alcançá-lo, sua execução e implantação devem ser prestigiadas por todos os meios.