SP lança rota da hidrovia Tietê-Paraná

Gazeta Mercantil - Segunda-feira, 26 de abril de 2004

seg, 26/04/2004 - 9h11 | Do Portal do Governo

Marcelo Moreira

Primeira reunião com prefeitos e empresários entusiasma governo; projeto poderá gerar US$ 900 milhões. O governo paulista lançou oficialmente na última sexta-feira, em Araçatuba, o projeto do Roteiro Turístico da Hidrovia Tietê-Paraná, que terá, em sua primeira fase, 900 quilômetros navegáveis passando por 86 cidades. O lançamento ocorreu durante a primeira reunião técnica sobre o tema, envolvendo empresários, prefeitos e técnicos do governo do estado.

‘Vamos trabalhar no projeto do Roteiro Turístico da Hidrovia Tietê-Paraná, em especial no item que trata de normas de licenciamento para empreendimentos fluviais, como estruturas de apoio para marinas’, esclarece Marco Antonio Castello Branco, secretário executivo de Turismo do estado de São Paulo.

Segundo o secretário, essa primeira reunião, que contou com representantes de 21 cidades, representando o primeiro trecho da hidrovia, surpreendeu pelo entu-siasmo dos participantes. ‘A receptividade foi ótima. O interesse é grande justamente pelas possibilidades de retorno financeiro e de geração de empregos. Mas deixamos bem claro que o governo do estado vai se responsabilizar por divulgar o plano e de montar uma rede de apoio. A implantação efetiva ficará a cargo da iniciativa privada e das prefeituras’, disse Castelo Branco.

Dois eixos

O plano do governo estadual prevê o estabelecimento de dois eixos turísticos: um que sai de Barra Bonita, percorre o Tietê e entra no rio Paraná até a cidade de Presidente Epitácio, no oeste paulista, e outro que sai de Presidente Epitácio e sobe o Paraná até a cidade de Santa Fé do Sul, no extremo-noroeste de São Paulo.

A Hidrovia Tietê-Paraná é um sistema de navegação formado a partir de um conjunto de eclusas em cascata, unindo lagos de usinas hidrelétricas situadas nos Rios Tietê e Paraná, que abrange também trechos dos rios Paranaíba, Grande e Paranapanema, além de diversos outros afluentes do Paraná e do Tietê.

As oito eclusas, construídas entre 1969 e 1998, quando terminou a última, de Jupiá, tornaram navegáveis seus 2.400 quilômetros, permitindo um expressivo aumento no volume de cargas transportadas. A hidrovia liga o estado de São Paulo – região mais rica e industrializada da América Latina – com o Centro-Oeste e o Sul do Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, constituindo, assim, a rota natural de integração do Mercosul.

Pelos terminais hidroviários instalados nas cidades de Anhembi e Conchas, no Rio Tietê, a cerca de 200 km de São Paulo, e Santa Maria da Serra, no Rio Piracicaba, a cerca de 230 km, a Hidrovia Tietê-Paraná liga o macroeixo São Paulo-Campinas-São José dos Campos-Sorocaba com a cidade de Foz do Iguaçu, na divisa com Argentina e Paraguai, percorrendo uma distância de 1.642 quilômetros.

Investimentos pesados

Segundo especialistas em turismo, desde que pelanemnte implantado, o pólo turístico baseado no complexo hidroviário Tietê-Paraná deverá atrair investimentos privados superiores a US$ 900 milhões em 10 anos, gerando cerca de 10 mil empregos diretos. Na parte industrial e comercial, prevê-se o investimento de outros US$ 2 bilhões no mesmo período, com a possibilidade de criação de mais 20 empregos diretos e indiretos.

As principais vantagens do modal hidroviário, comparado com o rodo e o ferroviário, referem-se a menores custos socioambientais de transporte, menores custos de construção/manutenção, maior vida útil, menor consumo de combustível, etc. Quanto à carga transportada, um comboio hidroviário, com 2 barcaças, transporta 2.200 toneladas, ao passo que são necessários 88 caminhões-reboque para movimentar carga semelhante.

Atualmente, a Hidrovia Tietê-Paraná transporta mais de 5 milhões de toneladas anuais, por distâncias médias que variam de 15 km (pedra) a 759 km (soja), sendo 1 milhão de toneladas de cargas de médio e longo curso (soja, farelo de soja, óleos comestíveis, cana, milho, trigo, fertilizantes e calcário agrícola).