Delegacia de Defesa da Mulher combate de maneira diferenciada crimes de violência

Atualmente, há 125 Delegacias da Mulher em todo o Estado

seg, 08/03/2004 - 12h46 | Do Portal do Governo

Há 17 anos a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) no Estado de São Paulo combate de maneira diferenciada os crimes de violência doméstica e sexual. Para isso, a DDM vem aprimorando os serviços prestados às mulheres, que incluem de inquéritos policiais a atendimentos psicológicos e jurídicos gratuitos.

Atualmente, há 125 Delegacias da Mulher em todo o Estado. Nove delas estão na Capital, 12 na Grande São Paulo e 104 no Interior, onde cerca de 800 policiais femininas atuam. “A DDM de São Paulo foi a primeira especializada no Brasil e no mundo”, explica a delegada Márcia Salgado, dirigente do Setor Técnico de Apoio às DDMs do Estado.

Segundo ela, foi a partir da experiência de São Paulo, que outros Estados começaram a implantar as novas delegacias, porém, ainda hoje, São Paulo é o Estado que tem mais Delegacias da Mulher. “O Rio de Janeiro tem cerca de 10 para todo o Estado e na Bahia existem apenas duas, sendo uma na capital, em Salvador”, aponta.

A delegada explica que no início das atividades, o objetivo da DDM era deixar a mulher vítima de violência sexual à vontade para fazer a denúncia, mas o atendimento crescer muito e principalmente quanto aos casos de violência doméstica. “Eles não eram atendidos de maneira especial pelos distritos comuns”, diz Márcia, que acrescenta: “os principais casos registrados na DDM são os crimes de lesão corporal e ameaça, que têm índices crescentes ano a ano.

Conscientização das mulheres pode ajudar na investigação

“As investigações na DDM são muito mais difíceis do que em outros setores”, explica a delegada. Ela aponta que uma das principais dificuldades para levar o caso adiante é a resistência da própria vítima em denunciar o crime. “Nunca a vítima chega querendo abrir um processo. Ela pede inclusive que a gente dê um ‘susto’ no agressor”, conta Márcia, que explica que a DDM não pode fazer tal ato.

Para ela, a função da Delegacia da Mulher vai além do combate à criminalidade, pois as policiais são obrigadas a trabalhar com a sociedade que “ainda não sabe se educar”. “Nossas atribuições vão além das tarefas de Policia Judiciária, porque ‘jogamos na cara da sociedade’ a responsabilidade de repensar as formas de educação e construção de comportamento dos indivíduos”.

Em sua opinião, homens que molestam mulheres não têm desvio de comportamento, mas são “deseducados”. E aponta que a dificuldade de comunicação dentro da família, a qual é formação básica acaba levando homens a cometerem crimes. “Isso acontece em todas as classes sociais”, explica.

Márcia, que desde 1988 já passou por quatro DDMs, diz que a própria história de atendimento nas delegacias mostra os reflexos da desagregação de famílias e o avanço da violência contra a mulher: “No final dos anos 80, nosso público era formado por mulheres de meia-idade. Era corrente o pensamento que a delegacia iria acabar, afinal, as filhas não iriam querer passar pelo mesmo problema da mãe, certo? Anos depois, estávamos atendendo as filhas, que já começavam a apanhar dos namorados”.

Para a delegada, ainda hoje, infelizmente as mulheres pensam que se ficarem quietas após uma agressão, o homem (marido ou namorado) não cometerá abusos novamente: “Agir assim é perigoso. É preciso denunciar”, alerta.

Lilian Santos

(AM)


Leia mais

  • Mulheres arrimo de família são maioria no programa Frentes de Trabalho do Estado
  • Delegacias de Defesa da Mulher oferecem serviços especiais
  • Centro de Terapia ao Agressor da 1ª Delagacia da Mulher já atendeu 250 homens
  • Mulheres são protagonistas nos programas Renda Cidadã e Fortalecendo a Família