Qualidade: Seade mostra que expectativa de vida dos paulistas cresceu mais de dois anos

Espera-se que as crianças nascidas no ano de 2000 vivam, em média, 71 anos

qua, 20/08/2003 - 8h25 | Do Portal do Governo

A esperança de vida dos paulistas, ao nascer, passou de 68,9 anos em 1991 para 71 anos em 2000, um aumento de 2,1 anos, ou seja, espera-se que as crianças que nasceram no ano de 2000, no Estado de São Paulo, vivam em média 71 anos. Esse é o principal resultado do estudo sobre a mortalidade no Estado baseada na Pesquisa de Estatísticas Vitais produzida pela Fundação Seade, vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento do governo do Estado.

A diferença entre o maior nível, observado na região de São José do Rio Preto (73,5 anos), e o menor, na de Santos (68,8 anos), é de 4,7 anos de vida média. Considerando-se apenas a população masculina, essa diferença aumenta para 6,6 anos.

Algumas regiões também apresentaram índices elevados, como Araçatuba (73,1) e Presidente Prudente (73), e outras, baixos índices (inferiores à média do Estado), como Grande São Paulo (70,3), Registro (70,5), São José dos Campos (70,6) e Sorocaba (70,7).

As regiões metropolitanas da Baixada Santista e de São Paulo, com mais de 19 milhões de habitantes, representando cerca de 52% da população paulista, reproduzem os menores níveis de esperança de vida do Estado.

As diferenças entre as regiões estão diretamente associadas com as transformações na composição das causas de morte e no padrão etário da mortalidade.

Mortes violentas

O processo de transição epidemiológica em São Paulo evidencia conquistas importantes que se refletem na redução da incidência de várias enfermidades, com a adoção de medidas preventivas, a expansão do saneamento básico, a cobertura de vacinas, a assistência médica e o nível médio de instrução das mães, por exemplo.

A queda da mortalidade infantil e da mortalidade materna, a redução na incidência de diversas causas de morte, principalmente as doenças infecciosas e parasitárias, perinatais e as doenças do aparelho circulatório, contribuíram para a eliminação de mortes que se refletiram na evolução da esperança de vida.

Entretanto, a elevada freqüência de homicídios, de acidentes com veículos e de outras causas violentas, além da Aids, fatores que atingem especialmente a população adulta jovem masculina residente em áreas de grande concentração populacional, reproduzem um padrão de mortalidade sem precedente nos processos de transição demográfica.

Apesar dos consideráveis ganhos de vidas humanas, ainda ocorrem perdas significativas pelo alto índice de mortes precoces por violência. O saldo líquido das perdas e ganhos delimita a evolução da esperança de vida, e as tendências observadas podem se alterar rapidamente em razão de novos desequilíbrios nos pesos dessa balança.

Pode-se ter uma idéia mais concreta do impacto das causas violentas sobre a esperança de vida simulando-se a sua eliminação do cálculo da mortalidade. O resultado seria um ganho de 2,3 anos de vida média no Estado no período de 2000.

A extrapolação desse exercício para as regiões administrativas mostra resultados diferenciados entre elas, com maiores ganhos em Santos (2,8 anos), na Grande São Paulo (2,6), áreas mais afetadas pelos homicídios e pelos acidentes, e ainda em Registro (2,5), com grande impacto dos acidentes em geral, especialmente de trânsito.

As regiões com os menores ganhos são as que já apresentavam os maiores níveis de esperança de vida e a menor participação das causas violentas: São José do Rio Preto (1,5 anos), Araçatuba (1,4) e Presidente Prudente (1,5). O resultado dessa comparação indica a sensível diminuição das diferenças regionais nos índices de longevidade ao se eliminar o impacto das mortes violentas.

Esperança de vida

A maior incidência dessas causas na população masculina explica, em grande parte, o menor aumento de esperança de vida para os homens (3,4 anos), do que para as mulheres (5,5 anos) nos últimos 20 anos.

Atualmente, a diferença entre a esperança de vida masculina e a feminina no Estado é de 8,8 anos , e atingiu o valor máximo de 10,3 anos na região da Baixada Santista e um mínimo de 6,5 na região de São José do Rio Preto.

Utilizando-se a mesma metodologia anterior para separar as mortes violentas e recalculando-se as esperanças de vida, a diferença entre homens e mulheres diminuiu 3,1 anos para o Estado, 3,9 para a Baixada Santista e 1,6 para São José do Rio Preto.

O rápido aumento da diferença entre os sexos é característica marcante da evolução da mortalidade paulista. A sobremortalidade masculina, um fenômeno demográfico mundial, está presente tanto nas causas de mortes naturais quanto nas violentas, mas é nas últimas que se verificam os indicadores mais expressivos.

Virginia Ribeiro, da Assessora de Imprensa do Seade/Agência Imprensa Oficial

C.C.