USP: Vacina obtida do leite humano combate diarréia

Esdreria coli é responsável, anualmente, por cerca de 2,6 milhões de mortes de crianças com até dois anos

qua, 16/07/2003 - 18h06 | Do Portal do Governo

Uma vacina transgênica contra a diarréia infantil causada pela bactéria Esdredria coli foi testada com sucesso, em ratos e coelhos, atingindo um índice de imunização superior a 90%. O anúncio foi feito pela professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Magda Carneiro Sampaio, em entrevista coletiva realizada na segunda-feira, dia 14, na 55ª Reunião Anual da SBPC.

De tipo enteropatogênico, o Esdreria coli atinge principalmente crianças pobres, que vivem em situações de falta de higiêne e alimentação adequada. O microorganismo é responsável, anualmente, por cerca de 2,6 milhões de mortes de crianças com até dois anos.

O trabalho, desenvolvido em parceria com o também professor da USP e pesquisador do Instituto Butantan, Luís Trabulsi, partiu da identificação dos anticorpos presentes no leite materno responsáveis pela imunização dos bebês contra o problema. De posse desses dados, os pesquisadores injetaram os genes na bactéria Lactococus lactis, encontrada em nosso organismo e inofensiva para a saúde humana, conseguindo produzir a vacina.

Estiveram presentes na coletiva os professores Hugo Issler, também da USP, e Vilneide Braga Serva, do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip), centro de referência do Ministério da Saúde na área. Os pesquisadores falaram sobre a importância do trabalho com mães de baixa renda no sentido de educá-las para conseguir maior assepsia, ou seja, maiores cuidados com a higiene. Eles lembraram também a importância de manterem o aleitamento materno pelo maior tempo possível, como forma natural de reforçar a imunidade de suas crianças contra agentes patógenos.

“De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o ideal é que todas as crianças sejam amamentadas até os dois anos de idade, somando isso, claro, com outros tipos de alimentos”, explicou Vilneide. “No Brasil, nossas crianças são amamentadas, na média, até os nove meses de idade, um bom resultado se compararmos com a realidade de outros países ou com o fato de muitas mães serem subnutridas.”

“O próximo passo da pesquisa será a realização de testes em humanos, começando com adultos com baixa imunidade contra o problema pelo fato de viverem em uma situação higiênica e sanitária boa, que limita seu contato com a E. coli e, posteriormente, em crianças”, declarou Magda, que antes da coletiva apresentou alguns dados da pesquisa, junto com seus colegas, no simpósio Saúde Materno-infantil.

André Chaves de Melo – Agência USP
-C.M.-