Unicamp: Engenharia de Alimentos estuda método natural para despoluir água e solo

Biorremediação chega a ser entre 65% e 85% mais barata que os modelos convencionais

qua, 11/06/2003 - 10h41 | Do Portal do Governo

A Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp desenvolve em laboratório estudos com fungos e bactérias que serão utilizados para limpar a água e o solo contaminados. Batizado de biorremediação, o processo de limpeza do meio ambiente é semelhante ao trabalho feito pela natureza. A diferença é que, com o novo método, a despoluição se processará muito mais rapidamente.

Quando ocorre algum desastre ecológico, os técnicos ambientais utilizam bombas de sucção, esponjas e pás na remoção do material. Com a nova técnica, esse método convencional será substituído pelo uso de microorganismos (fungos e bactérias) que ficam encarregados de ‘devorar’ o material poluente, reduzindo ou até mesmo eliminando a sua toxicidade. A expectativa dos cientistas é que essa tecnologia possa ser adotada pelo mercado dentro de poucos anos.

Eficiente, barata e limpa

Considerada ecologicamente correta, a biorremediação chega a ser entre 65% e 85% mais barata que os modelos convencionais de descontaminação e tratamento de rejeitos agroindustriais. O custo para incinerar uma tonelada de resíduos varia entre US$ 250 e US$ 300, enquanto o tratamento biológico exige gastos da ordem de US$ 40 a US$ 70.

Experimentos laboratoriais têm constatado que os microorganismos são capazes de degradar entre 50% e 100% dos poluentes. A coordenadora dos estudos, professora Lúcia Regina Durrant, disse que o principal uso da técnica será evitar que o vazamento ou mesmo o despejo de produtos tóxicos contamine o solo, os rios e o lençol freático, trazendo prejuízos à cadeia alimentar e às pessoas.

Um exemplo de conseqüência da contaminação da cadeia alimentar vem da Inglaterra e tem conexão com o Brasil. Em 2000, os ingleses descobriram que o leite e seus derivados produzidos no país continham dioxinas provenientes do farelo de polpa cítrica, produto brasileiro utilizado na ração do gado. Análises brasileiras detectaram que a origem da droga estava na cal usada no tratamento da água.

Identificar, selecionar e testar

O trabalho dos cientistas consiste em identificar, selecionar e testar as bactérias e fungos que se prestam à biorremediação. Os experimentos servem para avaliar se o microorganismo ao degradar os poluentes não gera elementos até mais tóxicos do que aqueles que deve combater.

Após essa etapa, os pesquisadores formam uma espécie de consórcio microbiano porque um microorganismo não é capaz de responder sozinho pela descontaminação. A expectativa dos cientistas é produzir, em laboratório, ‘pacotes’ prontos para ações de biorremediação.

Alguns países desenvolvidos já dominam a tecnologia da biorremediação. O Brasil se apressa para não ficar atrás nessa corrida.

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)