Meio Ambiente: Extratores de ostras de Cananéia participam da feira de economia solidária

Evento ocorre nesta sexta-feira e sábado (20 e 21) no Parque da Água Branca

qui, 19/12/2002 - 20h14 | Do Portal do Governo

Quem gosta de ostras frescas poderá adquirir o produto na 1ª Feira da Economia Solidária – Ecosol 2002, que se realiza nesta sexta-feira, dia 20 e no sábado, dia 21, no Pavilhão de Exposições do Parque da Água Branca.

As ostras serão oferecidas pela Cooperativa dos Produtores de Ostras de Cananéia – Coopeostra, formada por caiçaras e quilombolas que vivem da pesca artesanal no Litoral Sul do Estado de São Paulo. Outras 100 cooperativas de setores variados, como alimentação, artesanato, vestuário, serviços e outros, também estarão presentes na feira.

O evento, com entrada gratuita, ocorre das 9 às 18 horas. O Parque da Água Branca fica na Avenida Francisco Matarazzo, 455, em São Paulo.

Manejo sustentável

As ostras produzidas pela Cooperostra são coletadas num sistema de manejo sustentável nos manguezais de Cananéia, com a sua sanidade garantida pelo Serviço de Inspeção Federal – SIF. A entidade – que foi premiada na Conferência da ONU, a Rio+10, em Johannesburgo, juntamente com outras 26 iniciativas bem-sucedidas de desenvolvimento sustentável e de combate à pobreza – já comercializa o produto no litoral paulista, devendo estender as vendas também para os restaurantes da Capital.

O projeto que deu origem à Cooperosta é coordenado pela Fundação Florestal, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, e pelo Instituto de Pesca, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento.

O primeiro resultado prático foi a organização da produção de ostras, o que permitiu eliminar a presença de atravessadores e aumentar a remuneração média dos 48 cooperados. Em conseqüência, ocorreu a diminuição do esforço de coleta e do risco de sobre exploração.

Outro benefício foi a legalização fiscal, sanitária e ambiental da atividade, que até então era clandestina e desrespeitava o defeso, período em que a captura é proibida para não prejudicar a reprodução dos moluscos. O manejo passou a ser feito com base em pesquisas sobre a população da espécie e a capacidade máxima de captura, realizadas pelo Instituto de Pesca, resultando no aumento da produtividade e na redução do risco de esgotamento desse recurso natural.

Além de gerar renda e contribuir para a organização da comunidade, o trabalho também visa a conscientização dos envolvidos sobre a importância da preservação do manguezal. Para garantir sua renda, os caiçaras de Cananéia procuram zelar pela integridade das árvores desse ecossistema em cujas raízes-escora se fixam as ostras.

Berçário do Atlântico

A dependência da preservação do manguezal confere relevância e potencial de replicabilidade global ao projeto, pois esse ecossistema concorre decisivamente para a sustentabilidade da pesca oceânica em diversas regiões do planeta.

Além de abrigar os moluscos coletados pelos cooperados, o manguezal proporciona alimento e proteção para diversas espécies de peixes e crustáceos marinhos, que procuram refúgio nesse ambiente durante a fase de reprodução ou crescimento, retornando posteriormente ao mar.

Num passado recente, a inexistência de alternativas ambientalmente sustentáveis favoreceu a destruição de extensos maciços de manguezais na costa brasileira, os quais foram submetidos a desmatamentos, drenagens, aterros e poluição.

Entre as áreas remanescentes no Estado de São Paulo, a maior e mais conservada situa-se no Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape, Cananéia e Paranaguá, onde está inserido o projeto. Essa região foi declarada Sítio do Patrimônio Mundial, pela Unesco, e costuma ser chamada de ‘Berçário do Atlântico’ devido à sua importância como criadouro natural de muitas espécies marinhas.

Assessoria de Imprensa da Secretaria do Meio Ambiente

G.L