Alimentos: Radiação aumenta a validade do pescado

O estudo tem como objetivo aumentar o tempo de validade dos peixes

qui, 24/10/2002 - 16h57 | Do Portal do Governo

O processo de irradiação combinado com o resfriamento é uma boa alternativa para conservar peixes destinados ao consumo. O estudo apresentado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, pela nutricionista Alessandra Cozzo de Siqueira teve como objetivo aumentar o tempo de validade dos peixes, que poderão ser vendidos em supermercados sem congelamento e cortados em filés ou postas, o que representa facilidade de preparo e alto potencial de comercialização.

A pesquisa utilizou cortes comerciais de tilápias, que foram submetidos à radiação de cobalto, em diferentes intensidades: 0, 1, 2,2 e 5 quilo gray (kGy) – unidade de medida de radiação. Depois da irradiação, os peixes foram mantidos em geladeira, a temperaturas semelhantes às usadas nos supermercados, entre 0,5 e 2º (graus centígrados). Por fim, comparou-se o estado das diversas peças, após períodos de 10, 20 e 30 dias. A conclusão foi que, quanto maior a intensidade da irradiação, nestas doses específicas, maior o tempo de conservação do alimento, sendo que apenas a amostra mais irradiada se manteve apropriada para consumo no final de 30 dias. ‘Só na geladeira, o peixe se deteriora em dois dias. Depois de dez dias, o cheiro dos peixes que não tinham sido irradiados já era insuportável’, comenta a pesquisadora.

A aceitação do alimento submetido à irradiação foi medida por meio de uma pesquisa de opinião pública, realizada pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Esalq. Segundo a pesquisadora, ‘ao menos em Piracicaba, grande parte dos entrevistados tinham uma boa conscientização sobre os produtos irradiados, sabiam do que se tratava e de que não fazem mal. Cerca de 80% consumiriam os produtos’. Alessandra Cozzo de Siqueira espera que novos estudos possam elevar o uso comercial deste método. ‘O processo ainda é caro para a indústria, mas, no começo, até a pasteurização foi inviável’. A irradiação, nas intensidades estudadas, não altera as características naturais dos alimentos, não torna o produto radiativo e não causa más conseqüências à saúde dos consumidores, estando em plena conformidade com a legislação brasileira.

Mais informações: (19) 3422 3428