Pesquisa: Novo laboratório da Unicamp desenvolve tecnologia que preserva metais

O novo laboratório terá uma tecnologia de ponta com equipamentos de última geração, construídos inteiramente pela indústria nacional

sex, 09/08/2002 - 15h49 | Do Portal do Governo

O estudo e a aplicação de novas tecnologias para melhorar o desempenho e as características das superfícies dos metais – durabilidade, menor atrito, resistência a corrosão, resistência a impactos – são universalmente utilizados. O Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp inaugura nesta sexta-feira, dia 9, o Laboratório de Implantação Iônica e Tratamento de Superfícies (LIITS), onde se desenvolve uma tecnologia de ponta com equipamentos de última geração, construídos inteiramente pela indústria nacional.

O projeto conta com financiamento de aproximadamente R$ 1 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e com mais R$ 1,3 milhão investidos pela empresa Eaton, fornecedora de componentes de caixas de transmissão para grandes montadoras do país. ‘O interesse da fábrica está em verificar se essa tecnologia é aplicável em seus componentes, visto que apresenta vantagens muito interessantes para o processo de fabricação: é um método limpo, não contaminante, econômico, moderno (totalmente controlado por computador) e perfeitamente reproduzível’, explica o professor Daniel Wisnivesky, coordenador da pesquisa.

Uma menor deformação das peças – evitando que sejam refeitas, diminuindo o número de operações – será outro resultado positivo do processo. O professor do IFGW destaca que a tecnologia se aplica a qualquer metal cuja superfície necessite ser adequada, como ferramentas de corte, facas, bisturis, estampas, engrenagens, matrizes etc.

A técnica

Wisnivesky explica que o laboratório é composto de um forno sob vácuo e uma campana superior constituídos de material refratário capaz de suportar temperaturas de até 700 graus centígrados. Em seu interior são dispostas as peças de metal, sobre uma superfície isolada eletricamente. No interior do forno se admite uma mistura de diversos gases com vazão controlada. Uma fonte de 60 kW de potência e até 1000 V gera pulsos breves que bombardeiam a superfície dos metais com íons de nitrogênio. Os íons implantados e difundidos termicamente são incorporados à estrutura dos metais, alterando diversas propriedades, tais como dureza, resistência ao impacto, atrito e corrosão, em função dos diversos parâmetros controlados do processo: composição e pressão dos gases, duração e freqüência dos pulsos, intensidade de corrente, etc.

‘Existem equipamentos similares no mundo, mas a aplicação que estamos pesquisando é absolutamente inédita. Se esta tecnologia se mostrar viável será uma revolução no processo de fabricação desses componentes, pois vamos introduzir uma metodologia muito mais adequada, econômica e bem menos complexa’, afirma o pesquisador.