O Acervo dos Palácios – órgão vinculado à Secretaria da Casa Civil – apresenta de 21 de agosto a 4 de novembro, no Palácio dos Bandeirantes, a exposição “Cusquenhos nas coleções de arte dos Palácios – Reflexões sobre o gosto nos anos 1960 e 1970”. Serão exibidas 66 pinturas da escola cusquenha que fazem parte do Acervo e estão sendo restauradas e reclassificadas.
Com o apoio do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e da historiadora Aracy Amaral, a curadoria do Acervo iniciou uma investigação pioneira das telas cusquenhas com o objetivo de reclassificar a coleção. Por meio de um estudo multidisciplinar, utilizando vários métodos, tais como análise das obras com técnicas de reflectologia de infravermelho, fluorescência de ultravioleta, radiografia e a classificação técnica não destrutiva de análise de superfícies, os pesquisadores estão esclarecendo dúvidas sobre as datas aproximadas da produção das obras e sua procedência. O trabalho já descobriu telas produzidas em três períodos diferentes, com três desenhos distintos.
O grande destaque da exposição é a tela de um anjo que, após o estudo com a técnica de fluorescência visível com radiação de ultravioleta, revelou intervenções antigas em tons roxeados, levando à descoberta de uma nova pintura com a imagem de São José e o menino Jesus.
Segundo a curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo, Ana Cristina Carvalho, essa investigação ainda está no começo, mas a ideia é mostrar ao público o trabalho que está sendo feito pelos pesquisadores. “Estamos fazendo uma mostra didática para permitir ao visitante conhecer os fatos que marcaram a aquisição dessas peças e valorizar a produção artística da escola cusquenha. É uma exposição corajosa!”
A Mostra é dividida em três núcleos: o primeiro destaca o gosto pelo neocolonial nas décadas de 60 e 70 nas residências brasileiras; o segundo núcleo inclui obras representativas da arte “Cusquenha” e o terceiro propõe uma reclassificação das pinturas.
A Professora Aracy Amaral, consultora da mostra, destaca que a denominação “cusquenhos” – telas do período barroco andino – pode ser utilizada tanto em obras da cidade de Cusco quanto de outras regiões do Peru, do Equador ou da Bolívia.
A solicitação por obras coloniais andinas centralizou-se na alta sociedade. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, uma característica era comum nos ambientes das casas mais elegantes de São Paulo: a presença de quadros da escola de arte cusquenha ao lado de móveis e objetos coloniais. As obras chegavam ao Brasil via intermediários, em geral dobradas ou em rolos, frequentemente pela Bolívia, onde inúmeras delas foram realizadas e/ou restauradas. Ao aportarem aqui, ou mesmo anteriormente, muitas eram fragmentadas ou recuperadas parcialmente antes de serem preparadas para vendas em São Paulo.
A coleção cusquenha dos Palácios
Essa característica também foi adotada na escolha das pinturas e peças para decorar o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, em 1964 e dos Bandeirantes, em 1965. Assim o governo montou seu acervo não só com raros exemplares da arte colonial, mas com 66 pinturas da escola cusquenha, mesmo sem conhecer a procedência, origem, período e local de produção dos quadros.
Serviço
Exposição “Cusquenhos nas coleções de arte dos Palácios”
Local: Palácio dos Bandeirantes – Avenida Morumbi, 4.500 – Portão 2 – São Paulo/SP
Data: de 21 de agosto a 4 de novembro de 2012
Horário: de terça a domingo, das 10 às 17h
Entrada: gratuita
Informações: (11) 2193-8282 ou monitoria@sp.gov.br
Agendamento eletrônico para grupos escolares: http://www.acervo.sp.gov.br
Do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo