Procurador nacional antimáfia da Itália vai participar de evento em São Paulo
O combate ao crime organizado e a definição de estratégias para conter a escalada da violência e os delitos contra a administração pública (corrupção e lavagem de dinheiro) são os principais temas do seminário binacional Brasil-Itália, que será realizado entre hoje e amanhã em São Paulo reunindo juízes federais e estaduais, procuradores da República, promotores e procuradores de Justiça e delegados de polícia.
Dois convidados especiais – o procurador nacional antimáfia da Itália, Piero Luigi Vigna, e o vice-procurador, Giusto Sciacchitano -, vão fazer um relato das investigações sobre associações criminosas, além de procedimentos para identificação de esquemas de pulverização de recursos obtidos de forma ilícita, principalmente os que têm a participação de agentes políticos e administradores públicos.
O seminário é resultado da parceria entre o governo do Estado, o Consulado-Geral da Itália e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. A primeira conferência será aberta. Os procuradores antimáfia falarão sobre o combate ao crime organizado na Itália.
Depois, serão realizadas sessões reservadas sobre legislação e tipificação do crime organizado, definição de organização criminosa, diferença entre crime político e crime organizado e crime de extorsão mediante seqüestro.
Também serão fechados os debates sobre legislação de entorpecentes e crimes contra a administração, que incluem lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas.
Sciacchitano deverá apontar como um dos fatores que emperram investigações de interesse comum do Brasil e da Itália a indefinição sobre a escolha de uma autoridade central para receber informações. Causa confusão o grande número de instituições de âmbito estadual e federal que, muitas vezes, concentram esforços numa única direção, mas mantêm arquivos e estruturas operacionais diversas.
Os procuradores antimáfia vão falar sobre as medidas que a Itália adotou para impedir a entrada de celulares nas prisões e explicar como o país combateu os seqüestros, muito comuns nos anos 70. ‘O crime organizado está internacionalizado’, advertiu o juiz federal Renato Lopes Becho, diretor de Relações Internacionais da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).
Fausto Macedo