Quem circulou nas dependências do Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas (HC) assistiu a vídeo, recebeu folders e tirou dúvidas sobre doenças alérgicas com médicos de plantão. A campanha educativa foi realizada na manhã de 6 de maio, para lembrar o 7 de maio, Dia Nacional de Prevenção de Alergia.
“Realizamos a campanha há sete anos para esclarecer o público que ao sinal de qualquer sintoma das doenças respiratórias, deve procurar médico e não se automedicar. Geralmente, a pessoa vai levando os problemas e só chega ao hospital com o agravamento do caso”, informa o alergista Pedro Bianchi, professor de Alergia e Imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
No Brasil, a rinite atinge 30% da população; já a asma, 10%. Duzentos mil brasileiros são internados por ano para tratamento de asma, que leva à morte de 2 mil pessoas.
A asma é doença pulmonar, geralmente de causa alérgica. Tosse, crises de falta de ar, respiração curta, chiado e falta de fôlego são os sintomas mais recorrentes.
Local úmido
Cerca de 80% das pessoas asmáticas também sofrem de rinite que, se não for tratada, pode piorar as crises de asma. Os sintomas da rinite são entupimento nasal, coriza, espirros e coceira no nariz, garganta e olhos. A rinite possivelmente ocasiona otite (inflamação do ouvido), sinusite, ronco, respiração bucal e alteração na posição dos dentes.
Os dois problemas são hereditários e causados pela inflamação das vias aéreas inferiores (brônquios) e superiores (fossas nasais). “No outono e inverno, as doenças pioram porque há mais poluição e as pessoas preferem ambientes fechados. Locais úmidos e mornos são os prediletos dos ácaros e fungos”, explica o médico. (leia as dicas de prevenção no quadro abaixo)
Outros fatores desencadeantes: alergia (poeira, ácaro, mofo, pólens, barata, pelos de animais, irritação (poluição, fumaça de cigarro, produtos com cheiro forte como desinfetante e perfume), infecção (gripe, resfriado, sinusite e pneumonia), medicamentos (como ácido acetilsalisílico) e alimentos (como ovo, leite, amendoim e outros) e mudanças de temperatura.
O cigarro não acarreta asma. Mas, sem precisar números, o médico explica que quando a mãe é fumante o filho tem mais risco de desenvolver alergias respiratórias.
Qualidade de vida
Nos casos leves, adulto e criança são tratados no clínico geral e pediatra. O alergista é o médico especializado nas alergias. Dependendo dos sintomas, a pessoa precisa de acompanhamento de dermatologista, pneumologista e otorrinolaringologista.
O tratamento inclui medicamentos por inalação que diminuem os efeitos colaterais. O professor Bianchi explica que existe vacina para problemas respiratórios, mas o produto é importado, produzido em baixa escala no Brasil e até o momento indisponível no serviço público. Por ser hospital terciário, o HC atende preferencialmente casos graves.
“Se a pessoa não procurar tratamento ou não realizá-lo de forma apropriada, sofre com a péssima qualidade de vida”, alerta o médico. Os prejuízos são físicos e psicológicos, como limitações para atividades esportivas e sociais, menor rendimento escolar e no trabalho, distúrbios do sono, insegurança e medo da próxima crise.
A campanha também esclareceu sobre outras alergias, como as dermatites atópica (problemas de pele causados por rinite e asma) e de contato (alergia a derivados de níquel e cosméticos). “Em alguns casos, a própria pessoa percebe qual produto causa alergia e suspende o uso”, informa.
Cerca de 500 pessoas receberam informações dos alergistas, enfermeiros e auxiliares durante o evento do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do HC.
Atenção aos cuidados:
* Mantenha a casa limpa e arejada. Dê atenção especial ao quarto.
* Higienize a residência diariamente, de preferência com aspirador de pó e pano úmido. Evite produtos com cheiro forte.
* Não use vassoura, pois espalha a poeira fina, que fica em suspensão e volta a se depositar.
* Retire tapete, carpete, cortina, almofada, estante com livros, enfim, tudo que facilite o acúmulo de pó.
* Encape colchão e travesseiro com tecido específico para se proteger de ácaros.
* Evite animais e cigarro dentro de casa.
(Fonte: Associação Brasileira de Asmáticos)
Remédio caseiro não resolve
A cozinheira aposentada Maria Aparecida Garcia, 60 anos, moradora no Butantã, zona oeste da capital, é a terceira geração da família de asmáticos. Na infância, as crises de asma e alergia (falta de ar, chiado no peito, tosse, cansaço, coceira no ouvido e na pele, dor na garganta) eram tratadas com remédio caseiro. Os sintomas desapareceram na adolescência e ressurgiram quando ela tinha 43 anos: “A dor era tanta que não conseguia nem me levantar para ir ao banheiro”. Procurou o HC nos anos 90 e desde então segue a recomendação médica: “Eu uso máscara para limpar a casa e dou atenção especial ao dormitório. Aprendi a manter mais a higiene. Evito produtos com cheiro forte”. Ela diz que reformou a residência e que nesse período as crises foram intensas. Com a prevenção, Maria Aparecida aprendeu a amenizar os sintomas da doença crônica.
Diferenças
Rinite
Inflamação da mucosa nasal, seguida de forte resfriado, sinusite e coceira. Não há febre, dor de garganta e nem é transmissível. De acordo com grau, os sintomas se manifestam em poucas horas ou continuamente.
Resfriado
Infecção respiratória do nariz e garganta que dura até cinco dias. Entre os sintomas: febre, coriza, espirros, tosse e garganta inflamada.
Da Agência Imprensa Oficial