Crise leva agência de fomento paulista a financiar giro

Valor

qua, 16/12/2009 - 7h51 | Do Portal do Governo

Nossa Caixa Desenvolvimento liberou R$ 160 milhões em 2010 e quer chegar a R$ 1 bilhão em 2010

O aperto de crédito trazido pela crise financeira fez com que, em seus primeiros meses de operações, a Nossa Caixa Desenvolvimento, agência de fomento do Estado de São Paulo, se desviasse de seu objetivo principal de financiar projetos de longo prazo e se concentrasse em empréstimos de capital de giro. Desde julho foram emprestados R$ 160 milhões com recursos próprios para cerca de 100 empresas pequenas e médias. Ou seja, o valor médio das operações ficou em torno de R$ 1,5 milhão, conta Milton Luiz de Melo Santos, presidente da instituição, que é regulada pelo Banco Central.

A taxa cobrada pela agência em suas linhas de capital de giro está em 12,1% ao ano, bastante abaixo do praticado pelos bancos, que chega a ser o triplo disso.

Aos poucos, agora, a agência começa a buscar seu foco e a meta para 2010 é atingir R$ 1 bilhão em empréstimos, entre operações com recursos próprios e repasses de outras instituições. No mês passado foi criada a linha FIP, para investimento em expansão, com taxa de 8% ao ano mais correção pelo IPC-Fipe. Neste ano, a agência também repassou R$ 66 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Santos conta que está em fase de contratação de uma agência de classificação de risco – avalia propostas da Moody’s, da Standard & Poors e da Fitch – porque ter um “rating” é pré-condição para se credenciar como repassadora de recursos de organismos internacionais como os bancos de desenvolvimento da China e do Japão, do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e outros, com quem há conversas.

A agência foi criada a partir da venda do banco estadual Nossa Caixa ao Banco do Brasil e capitalizada com recursos dessa venda. De um total de R$ 1 bilhão de capital aprovado, R$ 400 milhões foram integralizados até agora e o restante virá conforme cresça a atividade da agência. No limite, o R$ 1 bilhão de capital permitirá que a Nossa Caixa Desenvolvimento empreste e repasse pouco mais de R$ 8 bilhões, calcula Santos.

O foco da agência são pequenas e médias empresas com faturamento bruto anual entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões – são 36,6 mil delas no Estado. “Pela própria definição, a agência de fomento incorre em risco maior que os bancos, porque ela vai onde os outros não vão”, diz Santos, referindo-se ao pequeno porte das empresas.