A organização de uma biblioteca e realização de uma oficina de escrita provocaram uma mudança de hábito nos adolescentes da Fundação CASA da Unidade de Internação Paulista. Durante as férias de julho, eles conheceram o prazer da leitura e colocaram no papel suas próprias histórias. Na sexta-feira, 21, eles ouviram as histórias que leram nos livros na voz dos próprios autores. Na ocasião, os jovens puderam ainda mostrar aos escritores o que escreveram sobre os livros.
Participaram do encontro os poetas Marcelino Freire, José Luís de Freitas, Marcelo Nocelli de Souza, Claudio Antônio da Silva, Wagner Sampaio e Edilene Silva. O contador de histórias Fábio Lisboa e o músico Felipe Augusto Silva Matos completaram a equipe de artistas com a qual os adolescentes puderam conversar.
O sarau surgiu a partir de um projeto da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Em julho, o projeto PraLer de estímulo à leitura começou a ser oferecido pela Organização Poeisis Social de Cultura. Durante a execução do projeto, a biblioteca da unidade foi organizada e uma oficina de escrita, realizada. “O sarau é resultado dessas atividades”, explica o coordenador do PraLer, Rui Mascarenhas. “É uma espécie de confraternização, o encerramento de um ciclo para que eles percebam o cenário literário de hoje”.
Troca de experiências
A reunião com os poetas foi mais uma conversa que propriamente um sarau. Além de ler poesias para os adolescentes, os autores também escutaram o que os jovens escreveram nos últimos dias.
O diretor da unidade, Christian Lopes de Oliveira, conta que após a passagem dos profissionais do PraLer na unidade, a rotina dos jovens mudou e se tornou mais literária. “Hoje, não é raro ver um adolescente com um livro na mão”, diz. Segundo Oliveira, a literatura melhorou o desempenho dos jovens dentro da sala de aula, o modo como se expressam e o comportamento. “Eles estão mais tranquilos”.
Para o coordenador do PraLer, a literatura para os jovens da unidade pode ser mais que entretenimento. O poeta Marcelino Freire, ganhador do prêmio Jabuti de Literatura em 2006 por Contos Negreiros, concorda e ressalta: “a literatura mexe com a gente, nos toca”. Freqüentador de rodas literárias, Freire afirma que dividir a poesia com os adolescentes da CASA foi um prazer. “É maravilhoso poder levar a poesia para todos os lugares”, afirma.
Segundo Mascarenhas, o objetivo do encontro é deixar uma semente. “Quando lemos e escrevemos, somos livres. Porém, essa liberdade tem de ser conquistada”, afirma. E para conquistá-la, o coordenador do PraLer dá a receita: basta abrir um livro…
Da Fundação CASA