Serra participa da premiação dos melhores hospitais do Estado

Governador: Queria cumprimentar os deputados estaduais… A Célia Leão, o Roberto Engler… Onde é que eles estão? A Célia e o Engler… O Engler tem a cabeça branca, deve ser […]

sex, 06/03/2009 - 23h30 | Do Portal do Governo

Governador: Queria cumprimentar os deputados estaduais… A Célia Leão, o Roberto Engler… Onde é que eles estão? A Célia e o Engler… O Engler tem a cabeça branca, deve ser fácil de… Hem? Deve estar torcendo por alguma coisa de Franca aí. O secretário Januário Montone, da Prefeitura. O Zé Reinaldo, que é presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, um líder de agrupamento de grandes parceiros.

Na verdade, o SUS em São Paulo… Metade do atendimento, mais ou menos – não é Barradas? – do SUS hospitalar, é de hospitais filantrópicos. Não são hospitais governamentais. Portanto, são a segunda perna do sistema de saúde…

O Luiz Pereira Barretto eu queria cumprimentar, que é o Secretário Geral do MASP. A Elza, que é Ouvidora da Secretaria do Estado da Saúde… O Barradas não sabia que nós nos conhecemos há algumas décadas, não é? Não vou dizer de quando… Queria cumprimentar o nosso sempre deputado Stangarlini. Superintendentes e diretores de hospitais, pessoal… profissionais da área médica. Enfim, a todos e a todas.

Bem… num outro momento, um secretário do governo, que teve um problema de câncer, me disse que recebeu uma carta pedindo avaliação do serviço feito de radioterapia – e é alguém que está muito por dentro de tudo. E ele falou do sentimento estranho que teve, e por que não de conforto, de ver que tinha alguma autoridade preocupada em saber como é que tinha sido o atendimento na área da saúde.

Quer dizer, essa pesquisa que a gente faz através por cartas e de correio, porque ainda talvez boa parte das pessoas não tenham e-mail, ou pelo menos nós não temos o endereço – no formulário do SUS não tem… Aliás, é uma inovação que poderia ser feita, que se introduzisse no formulário do SUS um pedido do endereço de e-mail e…

Mas, de alguma maneira, a pessoa que recebe… ela se sente acompanhada, e sente que pode dar uma opinião, que pode dar… fazer uma avaliação, que vai ser levada em conta no futuro. Esta é uma questão fundamental – e pra nós é realmente de uma utilidade muito grande, porque, no caso, por exemplo, das maternidades, há perguntas, eu diria, para uma pesquisa desse tipo, até detalhadas, sobre aspectos do atendimento. Fora o pedido de notas, também, que é uma maneira mais prática de as pessoas avaliarem.

Eu creio, pra mim, que uma parte da avaliação está relacionada com o acolhimento… Eu me lembro, quando estava no Ministério da Saúde… Nós acabamos de fazer uma pesquisa agora, grande, sobre a saúde, que o secretário de Comunicação me entregou agora. Eu não olhei, são vários volumes… da rede do SUS aqui em São Paulo e dos hospitais estaduais. Eu não sei se tem essa pergunta, mas, no caso nacional, o problema número um que aparecia na área da saúde era o acolhimento, a humanização no atendimento. Isso vem do porteiro até o médico que faz a cirurgia.

Este é um aspecto crucial, que eu não me canso de repetir desde a época que eu estava no Ministério. Agora que nós fizemos um hospital novo em folha, que é o Instituto do Câncer Otavio Frias de Oliveira, nós introduzimos uma área de humanização no nascimento do hospital. Para quê? Para que toda a prática do hospital esteja contaminada pela idéia do bom acolhimento. Ou seja: não é apenas que de repente… dizer: “Ah, não, tem tido muita reclamação, contrata uma assistente social, uma psicóloga, tal… que vão trabalhar, que vão se empenhar”. Mas fazer desde o começo é diferente, porque isto vai nortear a própria organização física do hospital.

Eu acho que essa é uma questão chave, porque o momento em que as pessoas se sentem mais vulneráveis na vida é quando vão para um hospital fazer um exame ou uma cirurgia – ou quando sentam até numa cadeira de dentista, não é? Eu, pelo menos… A vulnerabilidade é muito grande – e a sensibilidade, portanto, ela é proporcional à vulnerabilidade. Há um outro aspecto interessante: as notas são boas. A nota média das maternidades, qual foi Barradas?

Voz: (Inaudível)

Governador: 8,7 de maternidade. E de hospitais e cirurgias…

Voz: (Inaudível)

Governador: Eu li isso em algum lugar. Não, não. Foi 7,8 a nota média para o conjunto das maternidades, não para as que foram as de ponta. Não são só para as que estão aqui – é o conjunto do Estado. E para hospitais foi 8,75. É impressionante! Como é que se compatibiliza isto com as pesquisas de opinião pública que, em geral, dão índices ruins de avaliação do sistema de saúde pública?

Eu creio que um fator, desde logo, é que essas pesquisas incluem gente que não é atendida pelo SUS – e que, portanto, é mais pelo que ouve falar e pelo noticiário. Eu me lembro, quando estava no Ministério… Eu acho que no Brasil deve ter uns seis, sete mil hospitais, não é isso?
Voz: Seis mil.

Governador: Seis mil. Se pega 1%, dava um Fantástico por semana e ainda tinha de reserva pra entrar no Fantástico da Record e noutros, não é? Embora fosse apenas 1% – e é normal que seja assim. Não é só no Brasil, em todos os lugares é assim, porque saúde tem que ter um atendimento de 100%… Não dá para conviver com a idéia de “não, então, tem alguns poucos que são ruins”. Está lidando com a vida das pessoas.

Mas… eu acho que uma parte da má avaliação é de pessoas que não foram atendidas. Ou mesmo quem foi atendido, que já ficou para o passado, no passado, pelo que ouve falar. Isso daqui é a pesquisa. Esta foi feita em cima do atendimento. Em geral, as cartas foram… as cartas enviadas em novembro/dezembro e abril/junho… Em novembro/dezembro de 2007 e abril/junho de 2008.. foram as cartas enviadas, não é isso?

De alguma maneira, eram eventos recentes. Então, a pessoa lembra melhor. Não é em cima, não, não é lá na hora, não é na porta, quando está saindo… É já depois de alguns meses, mas ela lembra bem as condições que cercaram o seu atendimento.

Portanto, eu acho que essa disparidade se explica por fatores dessa natureza. Primeiro, gente que não se atende no SUS… E, olha, planos de saúde, no Brasil, 30%, mais ou menos, das pessoas têm. Pode ter caído, mas deve ser isso, não é, Januário? Uns 30%… Em São Paulo deve ser 40, São Paulo é acima da média. Então, é uma parcela expressiva da população que acaba sendo atendida pelo SUS, se tiver um acidente ou se for algum outro atendimento mais rápido. Mas em geral, para uma cirurgia, vai pelo plano de saúde. Então ela realmente não tem condição de fazer uma avaliação e faz pelo que ouve falar.

A hotelaia do SUS, evidentemente, é inferior à hotelaria dos hospitais particulares, principalmente dos melhores, embora ela esteja melhorando… a hotelaria. Agora, a qualidade da cirurgia é igual ou melhor na área do SUS, até pelos controles, por tudo o que existe. É melhor. Então, isso acaba pesando. O hospital que pegou em primeiro, que eu já olhei a lista – mas eu só retiro o que pegou em primeiro – é um hospital que faz cirurgias muito sensíveis, e que as pessoas devem dar um valor, assim, acima da média. É diferente de operar uma hérnia, de operar da garganta, sabe, varizes, enfim, cirurgias mais rápidas e leves.

Mas o fato é que a cirurgia no âmbito do Sistema Único de Saúde é boa. Nós temos um sistema no Brasil que é bom… o sistema de saúde… E em São Paulo eu não tenho dúvida. Aliás, são diferenças flagrantes que caracterizam o nosso Estado. As estradas e a rede hospitalar, inclusive a rede pública estadual. Quantos hospitais estaduais têm?

Voz: 67.

Governador: 67, incluídos os sete que nós ampliamos lá. Ou seja: nós ampliamos mais de 10%, apenas nos primeiros dois anos de governo e… Mas esses são os hospitais estaduais. Se somarmos os do SUS, sei lá, aí não está o Amaral Carvalho, que é de primeira, lá de Jaú; não está o Pio XII, de câncer, de Barretos. Aí não está uma quantidade… Beneficência Portuguesa, Santa Marcelina… Não quero aqui ficar citando para não cometer injustiça. Mas estão muitos e excelentes hospitais – e que atendem o SUS na sua quase totalidade.

Portanto, eu creio que, para nós do governo, e para vocês, os resultados dessa pesquisa são animadores – e devem ser um instrumento de incentivo, de estímulo para continuar melhorando a qualidade. Para aqueles que ficaram para trás irem melhorando.

Aqui não estão os que ficaram para trás. Aqui estão os 45 que, melhores, dentro dos 500 avaliados… e daqui, desses 45, é que nós vamos escolher, quantos?

Voz: Dez.

Governador: Dez. Mas é muito importante irradiar este estilo de funcionamento para o conjunto do sistema. A gente tem que ser cada vez mais exigente.

Outro dia eu até estive numa reunião que o Barradas organizou com os secretários municipais de saúde e alguns prefeitos – não vieram muitos – que até disseram que era um ato eleitoral, imagina. Mas foi um seminário o dia inteiro. O manual que a secretaria organizou foi excepcional, excepcional. Se tivesse prêmio para manual, esse manual mereceria um prêmio.

Isto educa o conjunto do sistema. O secretário municipal, mesmo de uma cidade pequena, que está mais educado, preparado em matéria daquilo que ele tem que fazer, vai elevando também o padrão. Ele vai aprender mais, a fazer melhor, inclusive, porque ele é que é responsável por conduzir as pessoas para os hospitais do SUS. Em geral, na maioria dos municípios, não tem hospitais, porque não comporta pelo tamanho da população.

Então, nós vamos continuar no trabalho para nivelar por cima. Não se trata de nivelar por baixo. Quando eu estava no Ministério, acabei me envolvendo em muitas polêmicas no plano internacional. Uma delas foi numa discussão, que nós enterramos, a respeito da questão de saúde e distribuição de renda – porque havia teses…

Mesmo hoje tem países da América Latina, não vou nem citar por uma questão de ficar constrangido, que consagraram essa tese, que era antiga, do Banco Mundial, da focalização, que eu chamava de foquismo. Foquismo era a teoria de guerrilha no final dos anos 60, da Revolução Cubana, que acabou se generalizando e dando errado em todos os países da América Latina.

Eu, como paródia, acabei falando de foquismo na área social – que é o exagero da focalização. Aí, no caso, há duas teses. Uma: que o sistema público só deveria… o público só deveria atender doenças delimitadas – atenção básica, um pouco de complexidade assim e ponto final. O Chile, por exemplo, vai por aí. O Chile tem um excelente sistema de atenção básica e preventiva. No atendimento hospitalar estão correndo agora atrás do prejuízo.

Outra idéia do foquismo era que, na verdade, o sistema deveria ser para pobre. Eu até cunhei uma frase. Sistema que é organizado para pobre não presta, sistema tem que ser organizado para a média da população. Não tem sistema de pobre, porque aí já envolve a idéia de que você está fazendo um atendimento de segunda classe, por um lado. Por outro, tem que ver também o que é pobre.

Eu me lembro, por exemplo, a hemodiálise. Custava – não sei quanto custa hoje – R$ 1.200 por mês; R$ 1.200 por mês era a renda – estou falando do final dos 90… De lá para cá teve inflação e tal… Em termos nominais deve ser diferente… Em real não deve ser muito diferente, mas o começo do oitavo decil, entre o sétimo e o oitavo decil… Quer dizer, tem escala de distribuição de renda – 10, 20, 30, 40, 80% da população… Aquele que está em 81º lugar tinha uma renda parecida com a despesa da hemodiálise.

Então, você vai chegar para o sujeito e vai dizer: “Olha, você é classe média. Então, não vai ser atendido”. Ele ia morrer, está certo? Porque toda a renda dele daria para pagar a hemodiálise. Nós tiramos essas coisas da frente. Outra coisa que tiramos da frente, na política de saúde – inclusive da discussão, desapareceu, não por repressão, por argumentos, eu mesmo debati isso no Banco Mundial, no BID, que era um Banco Mundial duas linhas, nessa matéria, essa é uma tese que foi se enfraquecendo.

Outra questão também relevante na nossa época foi o conceito de hospital público. Porque hospital público era considerado hospital governamental – e nós acabamos com essa diferença. Hospital público é aquele que atende de graça, que tem atendimento universal… Ou seja: que não é restrito a esta ou aquela camada da população, algum setor, etc. Este é o hospital público e, nesse sentido, os filantrópicos, na sua grande maioria, são hospitais públicos.

Isso desbloqueou a questão financeira toda. Desinibiu muito mais o sistema, para efeito de trabalharmos conjuntamente. Hoje já são folclóricos… Hoje é minoria de minoria quem fala contra isso. Mas eu me lembro que na Constituinte foi uma batalha para poder permitir que houvesse recursos públicos para instituições que hoje nós consideramos públicas. Foi uma grande luta, não foi trivial. A idéia era só hospital governamental… Como tem também uma batalha, que eu acho que nós vencemos, mas que ainda está viva no sistema judiciário, que é a de ter OSs administrando hospitais governamentais. Que tem… São Paulo começou com isso e tem tido um sucesso imenso, do ponto de vista de quem? Do ponto de vista da população.

Sindicato é contra, mas sindicato, em geral, não pensa no serviço público. Ele pensa no seu fortalecimento, na questão corporativa. Sindicato preocupado com interesse público é uma mera coincidência Pelo menos aqueles que estão na área governamental – está certo? Não precisam dar exemplos na área da educação ou na área da saúde, que nós tivemos que batalhar – e não sei se está totalmente resolvido. No Supremo, porque iam deixar, iam ter que fechar o Hospital Santa Marcelina, porque não poderia ter recursos públicos… Vocês imaginem o que isso representaria. Isso é feito na esfera de CUT, esses sindicatos e tudo mais. Agora, enfim, são batalhas que eu estou aqui mencionando porque elas foram muito importantes e devem fazer parte do nosso histórico – e ajudar a raciocinar para frente.

Queria agradecer uma presença tão expressiva, até de torcida daqui, e convocá-los para que a gente continue. Temos mais dois anos pela frente, quase, para continuar melhorando.

Fizemos uma inovação na saúde que vocês todos conhecem – e que vai ter um peso decisivo na melhora da qualidade do atendimento em São Paulo – que são os AMEs, os Ambulatórios Médicos de Especialidades. Eu não canso de repetir… Aquele que eu conheci bem, em Votuporanga – eu até fiz um exame – tinha 15 mil consultas, cinco mil exames e um lugar impecável, tocado pela Santa Casa de Votuporanga. Tanto que a escolha dos AMEs, às vezes, da localização, no geral tem que ter uma distribuição equilibrada. Mas, às vezes, a gente escolhe um lugar onde sabe que tem um parceiro competente para tocar adiante.

Isso vai melhorar muito a vida dos hospitais, porque… Claro, aumenta a oferta de consultas, aumenta a demanda. Na saúde, vale uma lei que em economia foi desmoralizada pelo Keynes e que, nas últimas décadas, voltou… Que dizia que no capitalismo não tem crise, porque a oferta gera demanda. Então, sempre tem demanda, porque a oferta que gera… ela não vale para a economia, como agora está se mostrando de novo, mas para a saúde vale: a oferta gera demandas. Pode multiplicar por dez, que vai ter demanda para isso.

Então, os AMEs vão aumentar a demanda por consulta, é evidente. Mas vai haver, eu tenho certeza, uma diminuição forte das consultas nos hospitais. Portanto, eles vão poder se concentrar melhor no seu trabalho, e as consultas vão ser melhores também – porque é muito mais fácil organizar o ambulatório de consultas do que ficar… O negócio do hospital, atende aqui, não atende ali etc. Portanto, esses AMEs ser um… vão representar um salto muito grande. Em São Paulo, nós conseguimos, ao longo das décadas – nós, eu digo como paulistas – fazer a combinação perfeita em matéria de prevenção, atenção básica e medicina de ponta. Isso, aliás, é a minha convicção: a gente tem que fortalecer a medicina de ponta, a mais avançada. Tem que ter o último equipamento. De repente, num certo momento, houve insatisfação com relação à modernização de equipamentos. Eu acho que não. Eu acho que tudo o que tiver de mais moderno a gente deve ter. A última coisa que sair, nós devemos ter aqui.

Esta é uma perna – e a outra é a prevenção e a atenção básica. O sistema tem que caminhar nessas duas pernas e, no caso de São Paulo, ele caminha quase que perfeitamente com as duas. Não é para o conjunto do Brasil – já anda bem, mas nem pra todos os Estados, mas aqui, graças a Deus, anda muito bem e nós vamos fazer andar melhor. Muito obrigado.