Agronegócio: Instituto Agronômico leva três novas variedades de amendoim para a Agrishow 2002

Estado de São Paulo é responsável por 80% da produção nacional de amendoim

ter, 30/04/2002 - 10h44 | Do Portal do Governo

Um tipo de grão de amendoim reconhecido internacionalmente e destinado a atender à exportação – IAC 886, tipo Runner. Essa variedade está em fase final de experimentos no Instituto Agronômico, vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e está sendo exposta na Agrishow 2002, de 29 de abril a 4 de maio, em Ribeirão Preto. A etapa de conclusão consiste no plantio em larga escala para confirmar o desempenho da cultivar, que já está em fase de registro.

A IAC 886 resultou de um antigo cultivar americano introduzido em 1970 no Programa de Melhoramento Genético do IAC. Durante 18 gerações, em 20 anos, foi plantado, colhido e selecionado, até adquirir adaptabilidade às condições brasileiras. O objetivo da pesquisa foi desenvolver uma variedade aceita no mercado internacional e com alta produtividade.

A inovação dessa variedade no mercado é a sua já consagração no mercado internacional. ‘É muito semelhante aos grãos de outros países exportadores, como Estados Unidos, Argentina e China’, afirma o pesquisador do IAC, Ignácio José Godoy. A IAC 886 tem ciclo de 125 a 130 dias, cor clara, tamanho médio e rendimento de 18 a 20 kg de grãos por saca de 25 kg de amendoim em casca. Sua colheita pode ser totalmente mecanizada, por arrancamento e enleiramento.

Runner IAC 886 é de alto desempenho e recomendada para áreas com boa distribuição de chuvas e para lavouras tecnificadas. Também requer solos bem preparados e adubados.

Essa novidade irá contribuir bastante com o agronegócio do amendoim no Estado de São Paulo, responsável por 80% da produção nacional. O Brasil está começando nesse mercado de exportação. O crescimento nessa área teve início em 1999 e, no ano passado, chegou a duas mil toneladas exportadas. Hoje o volume para exportação está estimado em cinco mil toneladas, quantia que pode aumentar, na avaliação de Godoy. Nas exportações mundiais, o volume de amendoim em grãos é de um milhão de toneladas.

Mercado interno

Os produtores e os demais integrantes da cadeia produtiva direcionados para o mercado interno de amendoim serão beneficiados com duas novas variedades, caracterizadas por maior produtividade, menor descarte de grãos e precocidade.

IAC 5 e IAC 22, também em fase final experimental, apresentam produtividade 20% maior, rendendo de 16 a 18 kg de grãos por saca de 25 kg de vagens. Nas regiões produtoras paulistas, safra das ‘águas’, em cultivo com bom nível tecnológico, pode ultrapassar 5 mil kg/hectare de vagens.

Com maior tamanho e uniformidade de grãos, essas cultivares são mais atraentes para a indústria, o que deverá resultar em ampliação dos benefícios econômicos. Isso porque, no processo industrial os grãos menores são descartados. Já com a IAC 5 e IAC 22 o descarte de material
será reduzido. O consumo interno de amendoim é da ordem de cem mil toneladas, número que tem se mantido estável.

Essas cultivares também beneficiam a rotação de cultura. Por ter ciclo curto – de 110 a 120 dias -, permitem a produção em áreas onde é importante que as variedades sejam precoces, como nos casos de renovação de canaviais. A manutenção da cultura do amendoim com as áreas de cana-de-açúcar é elemento importante para fixar empregos na zona rural.

Comparando a IAC 5 com outras cultivares precoces, ela se destaca por apresentar maior produtividade, podendo também gerar grãos ‘blancheados’ (despeliculados e inteiros).

Com grãos de cor clara, a IAC 22 se assemelha com os do tipo Runner, atendendo ao padrão de exportação, mas ainda com a vantagem de ser precoce.

Com essas três variedades, o Instituto Agronômico irá colocar à disposição do agronegócio do amendoim alternativas para o mercado interno e externo, que beneficiam não só o agricultor mas também a cadeia produtiva, com grãos que reduzem o descarte e têm despeliculação mais fácil.

Também em fase final de experimentos, essas variedades estão sendo plantadas em campo para confirmação de bom desempenho e boa aceitação no mercado.

Carla Gomes – Da Assessoria de Comunicação e Imprensa do IAC