Meio Ambiente: EUA e Canadá enfrentam problemas com contaminação de sedimentos em áreas portuárias

Assunto foi discutido durante 'Seminário sobre Gerenciamento do Sedimento na Baixada Santista', promovido pela Secretaria do Meio Ambiente e Cetesb

qua, 17/04/2002 - 17h31 | Do Portal do Governo

Seminário sobre Gerenciamento do Sedimento na Baixada Santista é promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Cetesb

A contaminação de sedimentos em estuários e áreas portuárias devido à poluição não é um problema restrito apenas a países em desenvolvimento como o Brasil. É uma preocupação também das nações mais desenvolvidas, que mesmo com toda uma tecnologia avançada de controle ambiental, ainda enfrentam os mesmos problemas encontrados, por exemplo, no estuário de Santos, em São Paulo, onde a Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental mantém um monitoramento preventivo da qualidade de suas águas e sedimentos, para evitar que haja um dano de significativo impacto ambiental.

Da mesma forma, a população em áreas no entorno do Porto de Nova York está recebendo a recomendação para que não consuma peixes coletados na região. O motivo é a contaminação dos sedimentos daquela bacia por compostos químicos tóxicos e carcinogênicos, como as bifelinas policloradas – conhecidas por PCBs – e dioxinas, que já foram detectados não somente em organismos aquáticos, mas também em seres humanos, inclusive no leite materno.

A informação é de Mark Teiss, da Environmental Protection Agency – EPA, agência ambiental dos Estados Unidos, em palestra realizada nesta terça-feira, dia 16, no Seminário sobre Gerenciamento do Sedimento na Baixada Santista, que está sendo promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e CETESB, com encerramento nesta quarta-feira, dia 17.

O encontro, iniciado na última segunda-feira, encerra-se com mesas redondas nas quais participarão representantes da Marinha do Brasil, Ministério Público, Cetesb, Fiesp, Prefeitura de Santos e técnicos das agências ambientais da Holanda, Canadá e Estados Unidos.

Segundo o técnico da EPA, a contaminação do Porto de Nova York é similar à do estuário de Santos, tanto no aspecto de gerenciamento como no da contaminação dos sedimentos e de organismos aquáticos, exigindo estudos para um diagnóstico mais adequado do problema. ‘E a situação está se tornando cada vez pior com referência à contaminação por mercúrio’, confirmou Mark Reiss, que em sua palestra utilizou dados sobre toxicidade, gerenciamento de riscos, modelos matemáticos e equações de avaliação do grau de risco e propostas de remediação, disponíveis em sites da própria EPA (www.epa.gov) e do Corpo de Engenheiros do Exército Norte-americano (www.wes.army.mil).

O problema em Nova York, segundo Reiss, se repete em toda a costa dos Estados Unidos onde há atividades industriais intensas e terminais de carga de porte. Embora não haja conclusões sobre os riscos para a saúde humana, já há determinação para que algumas dessas áreas sejam dragadas para a remoção de PCBs e outros compostos químicos perigosos ao ambiente aquático.

Grandes Lagos

Também na Província de Ontário, no Canadá, as autoridades locais enfrentam problemas com a deposição de sedimentos em terminais de carga. Segundo o consultor Rein Jaagumagi, a área no entorno do Porto de Hamilton, nos Grandes Lagos, apresenta um grau de contaminação tão elevado que impossibilita a existência de vida aquática.

Duas indústrias siderúrgicas e outras empresas são responsáveis pela disposição de componentes considerados carcinogênicos, que afetam a qualidade de organismos aquáticos, exigindo a restrição do seu consumo pela população. Além disso, a dragagem de cerca de 4 milhões de m3 de sedimentos na região mais crítica representa 10% da área total. Segundo o especialista canadense, estimativas realizadas há dois anos indicam que seriam necessários US$ 2 bilhões para a recuperação total da área.

Tanto o representante da EPA como o técnico canadense entendem que os modelos desenvolvidos para avaliação e gerenciamento dos sedimentos em portos e estuários não se aplicam, necessariamente, de forma genérica, a qualquer área contaminada, em razão das peculiaridades de cada região, bem como aos hábitos alimentares da população, o tipo de pescado consumido, os tipos de contaminantes presentes nos organismos aquáticos e os valores de toxicidade.

Mesas-redondas

‘Existem abordagens diferentes em cada país e a escolha de cada abordagem depende de decisões administrativas ou de políticas ambientais. No caso do Brasil, o que ficou claro é a necessidade de mais estudos, bem como definir quais os objetivos de proteção preconizados para a região da Baixada Santista e de utilização das áreas envolvidas’, disse Marta Lamparelli, gerente da Divisão de Análises Hidrobiológicas da Cetesb. ‘Teremos a oportunidade de colocar frente a frente as abordagens praticadas pelos diversos países, as soluções propostas e as metas para resolver os nossos problemas’.

Hoje foram realizadas mesas redondas sobre ‘Critérios de Qualidade de Sedimentos e Remediação’ e ‘Perspectivas de Desenvolvimento Ambiental e Recuperação da Região com Enfoque de Qualidade’.

Renato Alonso e Renata Egydio