Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração do Qualis na Zona Lest

Parte II e Final

seg, 04/06/2001 - 17h52 | Do Portal do Governo

Parte II e final

Repórter – Governador, voltando ao PFL. Ontem o ex-senador Antônio Carlos Magalhães disse em uma entrevista que acha cedo o senhor ser candidato a presidente. O que o senhor acha disso?

Alckmin – Olha, eu não sou candidato à Presidência da República. É engraçado como essa coisa de eleição presidencial monopoliza, vira samba de uma nota só. Ou seja, vira e mexe, a gente volta para a questão da eleição. O PSDB tem ótimos nomes para ser candidato à Presidência da República, tem ministros do presidente, como o Serra, que faz um bom trabalho no Ministério da Saúde; o Paulo Renato, faz um bom trabalho na Educação; o Tasso Jereissati, governador pela terceira vez no Ceará, ninguém é eleito três vezes se não tiver mérito, trabalho importante.
A minha missão é concluir o mandato do governador Mário Covas com os mesmos princípios e valores, cumprindo, como estamos, o programa de governo e agregando novos projetos, fazendo até o Governo andar mais rápido, acelerar mais a locomotiva e trabalhar. A marca de São Paulo é o trabalho. Este é um Estado em que crise não nos assusta. Crise é para ser vencida, é para ser enfrentada, Estado que se movimenta, Estado que trabalha, esse é o desafio.

Repórter – Então, pelo menos numa coisa o senhor concorda com o ex-senador Antônio Carlos Magalhães: que ainda é cedo para discutir a candidatura do senhor…

Alckmin – Eu não sou candidato. Se ele acha que também não, estamos de acordo.

Repórter – A lembrança do nome do senhor, principalmente por parte do PFL. A que o senhor atribui isso?

Alckmin – Não é só meu nome. São vários nomes. O Serra é lembrado, o Tasso é lembrado, o Paulo Renato é lembrado. Mas a minha missão é outra, não é essa.

Repórter – A oposição do Governo na Assembléia Legislativa está tentando, de alguma forma, barrar o projeto da venda de ações da Nossa Caixa, dizendo que se trata de uma privatização. Como o senhor vê esse caso agora?

Alckmin – É um equívoco, porque o Projeto de Lei diz, muito claramente, que 51% das ações são do Governo. Portanto, a Nossa Caixa continua um banco estatal, com controle do Governo do Estado. A não ser que a gente tenha que voltar para a escola, porque só se privatiza depois que se perde o controle. Se o Governo vai manter o controle, o banco continua estatal, não tem privatização alguma. É um banco público. O que estamos fazendo é abrir o capital do banco, pulverizando a venda de menos de 49% das ações. O banco só tende a ganhar com isso, porque se abre o capital, democratiza as vendas de ações. Com isso fortalecemos o banco. O que estamos vivendo hoje? Estamos vivendo num momento de alta competitividade, vê-se que a toda hora está tendo fusão de bancos.
A Nossa Caixa, para poder competir nessas mudanças tão rápidas que ocorrem no sistema bancário, precisa crescer. Nós temos que enxergar o futuro. A Nossa Caixa está ótima hoje, mas precisamos enxergar para a frente. Então, é proposta: banco público com venda pulverizada de ações, controle estatal. Não vai ter privatização alguma. E nas subsidiárias integrais, que serão criadas, aí sim, inverte. Serão 51% privado e 49% do Governo. Isso por quê? Para se ter agilidade. Abre-se uma subsidiária integral de Previdência Privada, abre-se uma subsidiária integral de Cartão de Crédito, abre-se uma subsidiária integral de Seguro.
É preciso ter agilidade, não se pode ter as amarras de lei de licitações, tudo isso. Então, a matriz, que é o banco, será estatal e as subsidiárias uma parceria estratégica do setor privado com o setor público. Esse é o modelo, aliás é o modelo do Banco do Brasil, um banco estatal que tem algumas carteiras e balcões com participação privada. Esse é o modelo. Então, não há nenhuma privatização. Privatização seria se o Governo de São Paulo resolvesse vender 51% das ações, mas é o contrário. Tudo isso é para fazer um banco público sobreviver e crescer. A Nossa Caixa tem tudo para ser um dos grandes bancos do País. Tanto é que vários editoriais dos jornais elogiaram dizendo: ‘Olha, São Paulo está dando exemplo de que pode ter um banco público, cumprindo a sua função social’. Porque temos pequenas cidades do interior em que os bancos fecham por não valer a pena, já que a lucratividade é menor.
A Nossa Caixa pode se manter aberta. Vai atender o pequeno empreendedor, chamado micro-banco, vai atender a área rural com financiamento agrícola. Nossa Caixa hoje já é o segundo financiador agrícola no Estado de São Paulo, ela vai atender cooperativas, vai atender o pequeno empreendedor, ou seja, tem um papel importante. Aí você pode dizer: ‘se ela vai fazer esse trabalho, então os outros bancos vão dar mais lucro’. Então, o setor privado não vai querer participar, porque eles vão investir onde? No banco que dá mais lucro ou menos lucro? Só que há um diferencial. A Nossa Caixa tem as contas do Governo e o saldo médio da conta do Governo de São Paulo é de R$ 2 bilhões. Quem é o correntista que tem um saldo médio de R$ 2 bilhões? Ninguém tem. A Nossa Caixa tem a retaguarda do Governo de São Paulo e isso lhe dá competitividade. Acho que é um modelo para o Brasil ter um banco público profissionalizado, sem interferência política, com capital aberto e venda pulverizada de ações.