Vietmamita Dang Thai Son apresenta-se pela primeira vez em SP

No repertório, obras de Ravel e uma série de composições de Chopin

seg, 27/10/2008 - 18h15 | Do Portal do Governo

Aclamado como um dos maiores intérpretes da obra pianística de Chopin, o vietnamita Dang Thai Son apresenta, de 6 a 8 de novembro, recitais de piano solo na Sala São Paulo. Prova de seu envolvimento com a obra de Chopin é ter sido o primeiro asiático a vencer o Concurso Chopin de Piano, em Varsóvia, em 1980, e ter sua trajetória publicada no livro A pianist loved by Chopin – the Dang Thai Son Story.

O repertório dos recitais traz uma seleção generosa de obras do compositor, que vai da Polonaise em dó sustenido menor ao Scherzo n.° 2, passando pelo Andante Spianato et Grande Polonaise Brillante até as Mazurkas, Op. 24. O programa começa com Miroirs e Valses nobles et sentimentales, de Maurice Ravel. Esta será a primeira de uma série de apresentações especiais que ocorrerão durante o mês de Novembro, na Temporada da Osesp. Em 2006, Dang Thai Son esteve no Brasil para participar do júri do I Concurso Internacional de Piano Villa-Lobos, promovido pela Osesp.

Dang Thai Son

O vietnamita Dang Thai Son iniciou os estudos de piano com sua mãe, aos cinco anos de idade.  Complementou a sua formação no Conservatório de Música de Hanoi e, em 1977, foi admitido no célebre Conservatório Tchaikovsky de Moscou – onde estudou com Vladimir Natanson e aperfeiçoou-se com Dmitry Bashkirov. Em 1980, recebeu o Primeiro Prêmio e Medalha de Ouro no 10° Concurso Chopin de Piano, em Varsóvia, pela interpretação das mazurcas, polonaises e do Concerto nº 2 ―uma ocasião histórica para a vida musical asiática, uma vez que se tratava do primeiro pianista do continente a vencer o mais importante entre os grandes concursos internacionais de piano.

Apresentou-se em importantes salas de concertos como Barbican Center e Wigmore Hall em Londres, Salle Pleyel em Paris, Lincoln Center em Nova York, Concertgebouw em Amsterdã, Musikverein em Viena, Herkulessaal em Munique e Suntory Hall em Tóquio. Tocou com as filarmônicas de Leningrado, da BBC de Londres, de Helsinki, de Moscou, de Dresden, Nacional de Varsóvia; com as sinfônicas Russa, de Birmingham, Praga, ­Sydney, Estatal Húngara; com a Orquestra Mozarteum de Salzburgo e com a Staatskapelle Berlin, entre outras.

Trabalhou sob a regência de Sir Neville Marriner, Pinchas Zukerman, Dmitri Kitaenko, Mariss Janson, Pavel Kogan, Iiri Belohlavek, Claude Bardon, Jerzy Maksymiuk, Pierre Bartholomée, Hubert Soudain, John Nelson, James Loughram e Vladimir Spivakov. Como camerista, tocou com o Octeto da Filarmônica de Berlim e em duo de piano com Andrei Gavrilov. Gravou obras de Chopin para as gravadoras Deutsche Grammophon, Melodia, CBS/Sony , Polskie Nagrania Muza e Analekta. Sua trajetória foi contada no livro A pianist loved by Chopin – the Dang Thai Son Story, lançado em 2003 no Japão pela Yamaha Music Media Corporation.

Maurice RAVEL

Ciboure (França), 7 de março de 1875 / Paris (França), 28 de dezembro de 1937.
Discípulo de Gabriel Fauré e contemporâneo de Debussy, Ravel se destaca entre os grandes nomes da música francesa. Entretanto, apesar de haver se candidatado por três vezes, jamais recebeu o tão cobiçado Prix de Rome –recompensa máxima para os jovens compositores franceses. Extraordinário orquestrador, Ravel buscava em suas obras pianísticas as colorações timbrísticas orquestrais. Muitas de suas peças pianísticas foram por ele orquestradas, como as Valses nobles et sentimentales. Diversas vezes acusado injustamente de imitar Debussy, seu piano transparente e claro adquiriu, em pouco tempo, características próprias e a busca de uma virtuosidade brilhante.

Miroirs

Duração aproximada: 30 minutos / Ano da composição: 1904-05.
A coleção de Miroirs (Espelhos) compreende cinco peças contemporâneas da Sonatina (1904-1905). A primeira audição parisiense ocorreu em 1906. A peça inicial sugere o vôo das mariposas noturnas em Noctuelles. A segunda peça, Oiseaux tristes, é, sem dúvida, um momento especial nesta série. A terceira, Une Barque sur l’Océan, foi orquestrada por Ravel, bem como a seguinte, a mais conhecida das cinco, e mais apreciada em sua versão orquestral, um contrastante momento espanhol que recebeu o título de Alborada del gracioso. Para concluir, o profundamente lírico Vale dos sinos que exige do pianista uma grande sutileza de toque na construção das sonoridades imaginadas pelo compositor.

Valses nobles et sentimentales

Duração aproximada: 18 minutos / Ano da composição: 1911.
Amigo e admirador da valsa, Ravel escreveu em 1911 esta coleção de sete valsas e um epílogo, parafraseando e homenageando Schubert. Entretanto, a harmonia de Ravel mostra-se bastante dura e agressiva. Tudo dentro de extraordinária clareza, em clima dançante. As valsas são contrastantes, ora líricas, ora enérgicas, ora satíricas, atingindo um clímax expressivamente vienense na de número sete. A obra termina em sutilíssimo pianíssimo. Ravel recorda o clima da estréia da peça em 1911: “em meio a vaias, o final nem chegou a ser ouvido…”.

Frédéric CHOPIN

Zelazowa Wola (Polônia), 1º de março de 1810 / Paris (França), 17 de outubro de 1849.
Polonaise em dó sustenido menor, Op.26 nº 1
Duração aproximada: 7 minutos / Ano da composição: 1835
Filho de pai francês e mãe polonesa, Chopin viveu os primeiros anos de sua juventude em Varsóvia. Estudou no Conservatório da cidade, passando logo a ser considerado o melhor pianista do país. Após viagens a Viena, Berlim e Praga, deixa definitivamente a Polônia, fixando-se em Paris, a partir de 1831. Abandona então a carreira de pianista para se dedicar à composição e ao ensino do piano. Seus primeiros trabalhos de composição foram as Polonaises, que o acompanhariam ao longo de toda sua breve existência de 39 anos. Em 1817, surgiria a publicação de sua Polonaise em sol menor e, em 1846, seria escrita a célebre e dolorosa Polonaise-Fantaisie em Lá bemol maior, Op.61 –pouco antes de sua morte. Com caráter grave e solene, a dança polonesa espalhou-se por toda a Europa nos séculos XVII e XVIII, e é encontrada nas suítes de Bach, Händel, Couperin e até em Mozart. Já no século XIX, torna-se, nas mãos dos românticos, uma espécie de marcha pomposa, viril e enérgica. Weber, Liszt e diversos autores poloneses a cultivaram, mas foi Chopin que lhe conferiu um caráter trágico, sombrio ou, por vezes, brilhante. É com o Opus 26 que Chopin transfigura suas peças através do caráter majestoso e, por vezes, dramático, envolto em harmonias sofisticadas.

Andante spianato e Grande Polonaise brillante em Mi bemol maior, Op.22
Duração aproximada: 15 minutos / Ano da composição: 1830-35
A Grande Polonaise brillante em Mi bemol maior, Op.22 –precedida de um Andante spianato–, foi escrita em 1830, para piano e orquestra. Essa introdução –andante– já havia sido tocada por Chopin em Paris, isoladamente. Na realidade, a peça é mais conhecida e tocada em sua versão piano-solo. Trata-se de uma obra decorativa, voltada mais para o pianismo virtuosístico. Uma peça de entretenimento.

Mazurkas, Op.24

Duração aproximada: 13 minutos / Ano da composição: 1834-35.
As Mazurkas constituem um capítulo especial na obra de Chopin: peças breves com acentuação nos tempos fracos, que representam a Polônia distante, sonhada pelo compositor nos salões parisienses. São cerca de 60 as Mazurkas deixadas por Chopin: ambiente de sofisticação musical, harmonias requintadas, expressividade de leveza sonhadora ao lado de ritmos marcados.

Scherzo nº 2 em si bemol menor, Op.31

Duração aproximada: 9 minutos / Ano da composição: 1837
Os Scherzos de Chopin nada têm a ver com os scherzos das sonatas clássicas. São peças longas e bastante desenvolvidas. A escrita pianística é brilhante, transmitindo um clima agitado e cheio de paixão. O Scherzo nº 2 é o mais conhecido e apreciado dos quatro escritos pelo autor. Schumann o considerava uma peça muito cativante.

Recital de piano solo na Sala São Paulo
DANG THAI SON piano
Repertório
Maurice RAVEL
Miroirs
Valses nobles et sentimentales
Frédéric CHOPIN
Polonaise em dó# menor, Op.26 nº 1
Andante spianato e Grande Polonaise brillante em Mi bemol maior, Op.22
Mazurkas, Op.24
Scherzo nº 2 em si bemol menor, Op.31
Quinta, 06/11 (21h); Sexta, 07/11 (21h) e Sábado, 08/11 (16h30).
Preços: de R$ 18 a R$ 40.
Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública estadual pagam 1/2, mediante comprovação
Estacionamento: 610 vagas (592 comuns e 18 para
Portadores de Necessidades Especiais) – R$ 8.
Sala São Paulo (1294 lugares) – Pça. Júlio Prestes, n° 16 (0xx11) 3223-3966.

Da Fundação Osesp