USP: Poli avalia protótipos de laptops de 100 dólares

15 protótipos serão avaliados em suas viabilidades tecnológicas e educacionais

qui, 29/06/2006 - 18h50 | Do Portal do Governo

O Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP acaba de receber do MediaLab do Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos EUA, 15 protótipos dos laptops de 100 dólares para serem avaliados em suas viabilidades tecnológicas e educacionais. O Brasil é o primeiro país do mundo a receber os equipamentos. Até o final do mês, os especialistas do LSI e de outras instituições de pesquisa encaminharão ao Governo Federal um relatório sobre a viabilidade de implantação do projeto. Os equipamentos fazem parte do One Laptop Per Child (OLPC), projeto de inclusão digital para países em desenvolvimento idealizado por Nicholas Negroponte, do MIT.

Marcelo Knörich Zuffo, do LSI, informa que o laboratório vem trabalhando junto com o MIT nesse projeto há cerca de cinco meses e montou na Poli uma rede mesh de comunicação sem fio para a comunicação entre os equipamentos. “No LSI estão sendo estudados a integração da plataforma de distribuição Linux, os protocolos e o acesso a tecnologias”, conta o professor. “Desde já acreditamos, inclusive, na possibilidade de produção do equipamento aqui no Brasil. Mas por enquanto, trabalhamos na incorporação de inovações em cima do que já existe nos laptops”. Os equipamentos terão acesso à Internet e serão conectados por sistemas de redes sem fio. “Por suas características simples, os laptops serão de fácil uso para crianças. É do tamanho de uma lancheira e a idéia que seja acessível a todos os estudantes dos ensinos médio e fundamental.”

O LSI integra um grupo temático do governo composto pela Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI), ligada à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Centro de Estudos Renato Archer (CenPRA) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), ambos do Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT).

Disponíveis em 2007

O professor e pesquisador do MIT, David Cavallo, que está no Brasil para acompanhar as avaliações dos laptops, lembra que a iniciativa de Nicholas Negroponte é voltada principalmente à educação. Ele conta que o projeto envolve inicialmente, além do Brasil, a Argentina, a Nigéria, o Egito, a Tailândia, a Índia e a China. “Escolhemos o Brasil para os primeiros testes por termos aqui excelentes centros de pesquisa e conhecimentos em tecnologias para a educação. Infelizmente, porém, temos também a questão da pobreza. Mas acreditamos que será o melhor país para demonstrarmos as possibilidades de nossa iniciativa”, justifica.

A meta do MIT é que em 2007 sejam distribuídos nesses países cerca de 1 milhão de laptops. “Acreditamos também que o projeto poderá auxiliar no desenvolvimento econômico e que o Brasil tem mercado para o produto”, diz o professor. Cavallo diz também que ainda não existe nenhum tipo de contrato com o governo brasileiro para aquisição dos equipamentos. “Os laptops ainda estão em fase de desenvolvimento. O objetivo é que no final do ano comece o processo de produção”, estima o pesquisador.

Segundo a pesquisadora do LSI, Irene Karaguilla Ficheman, em seis meses o laboratório terá condições de adaptar aos laptops softwares na área educacional. “Já estamos com estudos viabilizando essa possibilidade”, avisa. A professora Roseli de Deus Lopes, que coordena um núcleo de estudos em educação no LSI ressalta que a simplicidade e a durabilidade são qualidades importantes nos equipamentos.

Ela antecipa que os pesquisadores irão intensificar estudos visando a produção de softwares educacionais. “Pretendemos realizar pesquisas não somente com os norte-americanos, bem como com outros países. O acesso à Internet será a principal ferramenta dos laptops, facilitando a comunicação entre estudantes, professores e pesquisadores da área de educação”, acredita a professora. Ela destaca o trabalho de seu grupo no LSI que têm a experiência de desenvolver programas na área educacional a partir de situações simples propostas pelos próprios estudantes. Roseli lembra que na educação básica hoje, no Brasil, são cerca de 55 milhões de estudantes.

Mais informações: (0XX11) 3091-9738, com o professor Marcelo Knörich Zuffo; e-mail: marcelo.zuffo@poli.usp.br

Antonio Carlos Quinto

Da Agência USP