USP desenvolve programa que faz busca textual em vídeos

O Busca Inteligente Baseada em Ontologias (BIBO) recebeu financiamento do CNPq

qua, 31/10/2007 - 17h49 | Do Portal do Governo

A evolução das mídias faz com que o uso de informações em vídeo seja cada vez mais freqüente, mas as ferramentas de busca atuais não satisfazem as necessidades de quem quer consultar apenas um trecho de um arquivo audiovisual. O projeto OnAIR, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, trabalha na associação entre arte e ciências da computação para facilitar o acesso a dados contidos numa gravação em vídeo.

Paula Braga, com formação em Ciências da Computação pelo IME e Artes Plásticas, trabalhou em museus nos Estados Unidos e observou, em uma exposição, um projeto de interação do público com material em vídeo. Ela resolveu mostrar a idéia para Renata Wassermann, professora do IME, que, à época, em 2003, iniciou o projeto Busca Inteligente Baseada em Ontologias (BIBO), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a fim de estudar o desenvolvimento de ferramentas de busca.

A partir daí, a parceria tomou forma. Paula pediu a uma artista plástica, Ana Teixeira, que concedesse uma entrevista para ser usada como base do projeto. Foram seis horas de gravação, condensadas em três horas de material a ser utilizado no OnAIR. A computação entra na construção de ontologias, definidas pelas pesquisadoras como “fixação de conceitos de um domínio para se fazer consultas ou aplicações ´inteligentes´”; no caso proposto, entender perguntas e relacioná-las com o trabalho da artista”. Com o programa, é possível digitar uma questão e localizar o trecho da gravação que corresponda à resposta desejada. A arte, campo determinado para a experiência inicial do projeto, possui campos como “atuação”, “cultura”, “disciplina” e “instituição”.

“Dentro de ‘instituição’”, explica Paula, “podemos achar outras palavras, como ‘centro cultural’, ‘empresa’ e ‘galeria’, enriquecendo a ontologia e facilitando o uso da ferramenta, que ‘engorda’ de acordo com seu uso”. O meio artístico foi escolhido por outra razão além do envolvimento de uma das idealizadoras do projeto com a área, que explica: “a arte possui um vocabulário complexo, com elementos desestruturados, de ligação difícil, entre si”.

Após a experiência bem-sucedida com as artes, o projeto se estendeu ao contexto educacional. Dois alunos, um de mestrado e outro de doutorado, fizeram a ontologia de um curso de oito horas sobre programação orientada a objeto, assunto da própria área da Computação. O mesmo arcabouço, ou seja, o programa desenvolvido no início do projeto, foi usado para o que Renata chama de “versão didática do OnAIR”.

A formulação de uma “versão didática” foi impulsionada pela necessidade de saber se “o programa funcionava em diferentes domínios”, de acordo com Paula. Outra ferramenta desenvolvida no OnAIR é a sobreposição de imagens durante determinado trecho do vídeo. Na entrevista de Ana Teixeira, quando uma obra é citada pela artista, a figura aparece e a voz se mantém ao fundo, propiciando melhor compreensão sobre o que é falado.

No entanto, esse mecanismo ainda funciona por meio de marcações de instante, e não pelo uso de ontologias, como é o caso da seleção de trechos. Repercussão e futuro O projeto obteve repercussão apenas no meio acadêmico, com publicações de artigos em uma Conferência de Ontologia e na revista da Sociedade Brasileira de Computação. Renata e Paula pretendem retomá-lo em dezembro deste ano e uma sessão de entrevistas com outra artista já está marcada.

Elas destacam a evolução tecnológica da geração de ontologias e a experiência adquirida em entrevistar e na modelagem dos sistemas ontológicos como fatores de expectativa para um trabalho mais refinado. Sobre a importância crescente de um projeto que lida com a pesquisa em meios audiovisuais, Paula conclui: “o filme é uma mídia em expansão e não há ferramentas de acesso a trechos, de busca em vídeo”.

Da USP Online