Unip orienta detentas sobre cuidados com saúde

Meta é envolver mais de 100 alunos e 10 professores no atendimento às internas

sex, 31/10/2008 - 10h16 | Do Portal do Governo

Desde abril deste ano, as sentenciadas da Penitenciária Feminina Sant´Ana contam com orientações sobre saúde da mulher, especialmente sobre pré-natal e climatério (Período correspondente à menopausa – na mulher – ou ao declínio sexual – no homem), através de parceria com a coordenação de enfermagem do campus norte da Unip (Universidade Paulista).

De segunda a sexta-feira, elas são examinadas e, caso sejam detectados problemas, encaminhadas ao Centro Hospitalar do Sistema Prisional para tratamento. São ações preventivas, educativas e intervencionistas de saúde dentro das competências do enfermeiro no ambulatório de saúde da unidade.

A princípio foi feito levantamento em 200 prontuários, com a identificação dos casos de portadoras de DST/AIDS e Hepatite, além do atendimento a 20 gestantes. A partir daí, foram organizados dois grupos com a comunidade prisional para discussão sobre essas doenças e os cuidados com a saúde.

No primeiro semestre deste ano, outros dois grupos receberam orientações sobre climatério, com agendamento de consultas clínicas e ginecológicas, com solicitação de acompanhamento para mamografia e densometria óssea. No total, 60 mulheres participam regularmente desses grupos.

No segundo semestre foi assinado novo convênio ampliando o número de professores e estudantes envolvidos de dois e 20, para 10 e 100 respectivamente. A programação trabalhada será ampliada, com a realização de diversas atividades: orientação de gestantes e parturientes sobre pré-natal, parto e cuidados com o recém-nascido e bebê até quatro meses; avaliação, monitoramento e encaminhamento para tratamento de doenças ginecológicas; grupos de orientações sobre climatério, hipertensão arterial, diabetes melitus; auto-exame de mama; identificação, treinamento e formação de multiplicadoras para a assistência da mulher no período reprodutivo e não reprodutivo e terapia floral para auxílio de problemas comportamentais.

Os funcionários da penitenciária também serão atendidos através de avaliação dos riscos de LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) e criação de estratégias para minimização das possíveis lesões e distúrbios diagnosticados.

A parceria surgiu de uma solicitação feita pela coordenadora do curso de enfermagem da Unip, Ana Paula Zanelatto, ao diretor da penitenciária, Maurício Guarnieri. “Desde o primeiro contato todos da diretoria tiveram um comportamento acolhedor, demonstraram enorme interesse em desenvolver a parceria e ampliá-la”, diz Zanelatto. “Percebe-se um interesse desta gestão na saúde da comunidade penitenciária”, observa.

Para ela, essa experiência contribui na desmistificação das questões presentes na prisão e fortalece, nos alunos, a necessidade de não discriminar estas mulheres. “Isso estimula a reflexão sobre a necessidade da preservação de seus direitos”, lembra Zanelatto. Ela explica que a experiência mostra o quanto é possível trabalhar com a reformação dessas cidadãs como futuros membros da sociedade, multiplicadoras de hábitos saudáveis em seu ambiente familiar e na sua comunidade.

Segundo Guarnieri, a adesão das reeducandas ao projeto foi imediata. “Até o momento os resultados têm sido tão positivos, que já está sendo encaminhada outra parceria com a coordenação de nutrição da Unip”, confirma. “O objetivo é dar suporte ao setor de cozinha da penitenciária e melhor qualidade à alimentação das internas, além de complementar o trabalho de manutenção da saúde”, explica.

Da Secretaria de Administração Penitenciária