Na Unicamp, comitiva da ONU conhece ações de prevenção de desastres ambientais

Grupo conheceu trabalhos de redução de riscos desenvolvidos pela Defesa Civil da região de Campinas e pesquisas na área

sáb, 14/12/2019 - 12h13 | Do Portal do Governo
DownloadDivulgação/Unicamp

Representantes do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDRR) estiveram presentes na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nesta quarta-feira (11). O grupo conheceu os trabalhos de mitigação de riscos em desastres ambientais desenvolvidos pela Defesa Civil da região de Campinas e as pesquisas desenvolvidas na área pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).

A visita incluiu a participação na abertura de um evento, organizado pelo Cepagri, em que 33 cidades do Estado receberam da Defesa Civil cartas de suscetibilidade e mapas de setorização de riscos elaborados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

Cinco representantes da Colômbia, Equador, Guatemala e Honduras compareceram à universidade. Johanna Granados, assessora de riscos urbanos do escritório, explica que a cidade de Campinas e a Unicamp foram incluídos na visita ao Brasil por conta do histórico de pesquisas e experiências de sucesso na prevenção de desastres. Para ela, parcerias com as instituições podem beneficiar tanto o município e a universidade, quanto a própria Organização das Nações Unidas (ONU).

“Campinas trabalha há muito tempo no fortalecimento da resiliência, recentemente recebeu o Prêmio Sasakawa, entregue em Genebra, e também como parte das atividades da campanha se promove essa aprendizagem entre pares. Estamos aprendendo entre pares quais ações realizadas por Campinas estão mais adiantadas, os estudos feitos pela universidade e como o fortalecimento dessas parcerias permite avançar no fortalecimento dessa resiliência”, avalia Johanna Granados.

O município do interior do Estado é uma referência nacional na prevenção de desastres ambientais. Em maio deste ano, o trabalho do município foi reconhecido com o Prêmio Sasakawa das Nações Unidas para a Redução de Desastres, o mais importante do setor. A entrega ocorreu em Genebra, na Suíça.

Prevenção

Após a abertura do evento, o grupo realizou uma reunião oficial do escritório, em que cada um expôs as iniciativas de prevenção de desastres realizadas nas cidades e países e também as pesquisas realizadas na mesma direção pelo Cepagri. No fim da manhã, eles foram recebidos pelo reitor da Unicamp, Marcelo Knobel.

Na reunião, foi apresentado à comitiva o projeto que visa à criação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), programa que articula os projetos de expansão da Unicamp e demais universidades da região do distrito de Barão Geraldo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

“É sempre importante trabalhar, discutir e estar em contato com a sociedade civil e, principalmente, com as instituições que lidam com essas questões tão importantes no Brasil, a mitigação para evitar os desastres ambientais. Temos uma preocupação importante e a Unicamp está engajada nesse processo e quer participar cada vez mais”, destaca Marcelo Knobel.

Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

Outro destaque das discussões foi o projeto de criação de um novo Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres de São Paulo (Ceped-SP) na Unicamp. A criação dos Cepeds obedece a determinações da Lei nº 12.608/2012, que instituiu da Política Nacional de Defesa Civil. A partir dela, os Estados deram início a parcerias com universidades e institutos de pesquisa para organizarem os centros. Em São Paulo, o primeiro Ceped foi criado na Universidade de São Paulo (USP).

Agora, a intenção da Casa Militar, que abriga a Defesa Civil, é criar novos Cepeds junto às universidades públicas de São Paulo. Na Unicamp, o centro aproveitará a expertise de pesquisas e a estrutura do Cepagri.

“Na Unicamp, já existem núcleos que trabalham com a redução do risco de desastres. O Ceped pode integrar ações e pesquisas que são feitas em diferentes núcleos, que estão ali isolados, poderiam ser integrados em um único núcleo. O Cepagri vai continuar desenvolvendo as pesquisas que realiza, mas o Ceped pode entrar com um caráter de olhar mais para o conceito de resiliência para a redução do risco de desastres”, salienta André Argollo, professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e pesquisador do Cepagri.

Palestras e oficinas

As cartas de suscetibilidade e os mapas de setorização que foram entregues aos municípios são documentos que analisam as características geológicas e ambientais das cidades, enumeram as possibilidades que existem nos locais de fenômenos e desastres e apontam as áreas em que eles podem ocorrer. Com eles, prefeituras e órgãos municipais podem se prevenir e organizar seus trabalhos de forma mais prudente.

“A carta dá subsídios para que ele cresça com segurança, para que ele consiga planejar o crescimento de forma ordenada, para que ele possa mitigar riscos de ocupações irregulares, em áreas de inundações, de encostas. Nós cobrimos hoje 439 municípios no Brasil inteiro e participamos de eventos anuais para entregar essas cartas para as autoridades, para que eles saibam como podem utilizar para reduzir esses riscos”, explica Tiago Antonelli, do CPRM.

Além de fazerem a entrega das cartas e dos mapas aos representantes dos municípios, foram realizadas palestras e oficinas que ensinaram como os documentos podem ser utilizados pelas equipes locais da Defesa Civil. Para isso, a parceria com instituições de pesquisa auxilia nessa tarefa.

“O trabalho de centros como o Cepagri, na Unicamp, é extremamente importante para o trabalho da defesa civil do estado para o estabelecimento de estratégias de fortalecimento, de novos conteúdos, novos conceitos, novos conhecimentos, para que a gente possa dar mais ferramentas ao gestor local, para permitir um melhor planejamento, uma melhor gestão de riscos já existentes, uma melhor forma de traçar medidas preventivas. Para a defesa civil do estado é fundamental a parceria”, pontua Cintia Oliveira, da Divisão de Prevenção da Defesa Civil do Estado de São Paulo.