Unicamp, Embrapa e Embaixada Britânica juntos em estudos

Tema da pesquisa é o impacto do aquecimento global no cenário agrícola brasileiro nos próximos 10, 50 e 100 anos

seg, 06/08/2007 - 9h09 | Do Portal do Governo

Sérgio Margulis e Rogério Barbosa, brasileiros representando a Embaixada Britânica, reuniram-se sexta-feira, 3, na Unicamp com pesquisadores do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para definir pontos fundamentais do estudo “Economia da mudança climática no Brasil”. Margulis, economista sênior do Banco Mundial que vive em Washington, EUA, permanece em visita ao Brasil três semanas. No momento, ele define o estudo, que terá financiamento da Embaixada, mapeando quem faz o que na investigação.

Um convênio assinado há cerca de 20 dias pelas três partes está inserido no contexto do aquecimento global e coloca a Unicamp e a Embrapa como responsáveis para estudar o que vai acontecer com o cenário agrícola brasileiro nos próximos 10, 50 e 100 anos. Além da área agrícola, o estudo prevê busca de informações sobre o aquecimento para as áreas de saúde e de energia. A primeira será conduzida pela Fiocruz e a última pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) cuidará da parte de modelagem básica. O projeto deverá estar finalizado em meados de fevereiro.

Com base nesse projeto, será ainda realizado um estudo de cenários econômicos em função das alterações climáticas. “Temos que tentar prever cenários se a temperatura aumentar pois, se isso de fato acontecer, a agricultura ficará seriamente comprometida”, sinaliza Hilton Silveira Pinto, coordenador-associado do Cepagri. Ele relata, por exemplo, que a Inglaterra possui um relatório que avalia o que ocorrerá ao mundo se a temperatura aquecer. Este relatório verificou, entre outras premissas, que poderá haver uma perda de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, se a temperatura chegar a 3 graus centígrados.

Diante desse dado relevante, Hilton revela que a idéia é que o projeto já existente seja complementado com uma abordagem econômica para o Brasil. “Falta somente detalharmos estes cenários que até já tínhamos estimado”, comenta. A Embaixada Britânica deverá destinar inicialmente ao estudo recursos da ordem de 130 mil libras. “Trata-se de um projeto grande e que tem como foco, além do Brasil, países como África do Sul, Índia, México e China, que compõem o G5”, afirma Margulis. “A Embaixada escolheu países com potencial de contribuir para um cenário macro, avaliando possíveis impactos econômicos locais”, explicou.

Embrapa – Durante a reunião, Eduardo Assad, chefe geral da Embrapa Informática, destacou ações parceiras que realiza com a Unicamp há aproximadamente 15 anos. “Estamos fazendo desenhos sobre uma plataforma de pesquisas em mudanças climáticas”, disse. O que podemos fazer, perguntou Assad, “já que o Brasil é atualmente o quarto emissor de gás carbônico do mundo, em decorrência sobretudo das grandes queimadas”. Ele opina que o Brasil tem condições reais de sair do seu papel de vilão. “Buscar de pronto uma única medida – fazer uma fiscalização mais rigorosa – levaria o país a uma 19ª colocação neste ranking.”

Assad acredita que pensar em um reordenamento territorial contribuiria para resolver em parte o aquecimento nacional, assim como a busca de melhoramento genético. A propósito, comentou que várias empresas já estão se organizando para adentrar o mercado de carbono. De concreto, frisou ele, o Programa de Mudanças Climáticas e Agricultura Tropical, montado desde março, já tem uma plataforma de agroenergia, um banco de dados de solo, uma rede de emissão de gases de efeito estufa e um banco de dados meteorológicos. “Muito do projeto de análise de tendências é feito baseado em sua evolução, que é o que temos feito”, concluiu.

Da Unicamp