Gravidez é um momento bastante especial na vida de qualquer mãe. Ao mesmo tempo, é uma fase que requer muita responsabilidade e paciência. Alguns cuidados são essenciais antes e depois do nascimento, como a saúde bucal do bebê.
Diante disso, a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp realiza o acompanhamento da mãe e da criança desde o começo. Realizado no Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Crianças Especiais (Cepae), os serviços têm como finalidade oferecer assistências que vão além dos cuidados exclusivos dos dentes.
Trata-se de um projeto humanizado que envolve profissionais de diferentes áreas do conhecimento. Desde 2016, a seleção destes participantes se dá dentro do curso de especialização oferecido pelo Centro. “A cada ano, amplia o interesse de gestantes e também de profissionais preocupados em se especializar pelo projeto”, afirma a professora Luciana Guerra, coordenadora do centro.
A fonoaudióloga Gleice Colombari é doutora em fisiopatologia pela USP e, mesmo com bagagem em aleitamento materno hospitalar, procurou o curso do Cepae para se especializar em odontopediatria. “Eu me encantei e tomei a decisão de participar da especialização e do projeto. Tem sido sensacional”, conta.
Ela faz parte do Grupo de Incentivo ao Aleitamento Materno (Geami), para ajudar na parte de sucção, mastigação, manejo de aleitamento materno, auxílio de ordenha, lactação e translactação, se necessário.
Tanto Gleice como os demais profissionais do Centro já conquistaram muitas mães de Piracicaba e região. Alcione Maria Pimpinato é uma delas que considera a atenção do Cepae à dentição primordial durante a gravidez e a amamentação.
“Este projeto é muito importante para a comunidade. Eles nos recebem aqui, pessoas que eles nem conhecem, e nos acompanham até a criança completar 5 anos de idade. Só temos a agradecer”, ressalta a mãe de Laura, de quase dois anos, que ainda não deixou de mamar no peito.
O programa ainda tem um importante papel de capacitação de alunos de graduação e pós para atuarem na área. Segundo a coordenadora Luciana, muitos dentistas procuram o Cepae para informar que estão aplicando a integralidade nos postos de saúde onde atuam. “Não vemos o ser humano somente como uma boca”, completa.
Quem tem a oportunidade de fazer estágio no Cepae conhece várias abordagens sobre o assunto. A ideia é fazer com que todos olhem a criança de como um todo, bem como orientem as mães em relação ao que pode ser melhorado.
Júlia Dias Silvestre é estudante de odontologia e faz estágio no Centro. Para ela, esta é uma oportunidade para desenvolver pesquisas de alta qualidade, publicar artigos e participar de eventos da área.
“A gente consegue visualizar os inúmeros problemas e questões da família, principalmente na primeira infância, que a gente acompanha o lado psicológico, nutricional e tudo que podemos ajudar esta criança a entrar, a partir dos 5 anos, com o máximo das doenças prevenidas”, acrescenta.
O Cepae realiza esse atendimento há 20 anos. No total, registra 400 atendimentos por mês. Com esse trabalho multidisciplinar, a entidade procura constantemente criar essa harmonia entre a sociedade e a academia.