Unesp Botucatu aponta eficácia da Estatina em tratamento renal

Trabalho recebeu prêmio da Sociedade de Hipertensão

sex, 31/08/2007 - 17h32 | Do Portal do Governo

A substância Estatina, já empregada para a redução do colesterol elevado, também pode ser utilizada, com eficácia, no combate à doença renovascular aterosclerótica (DRA), diz a nefrologista Vanessa Silva, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM), câmpus de Botucatu. Ela é autora de uma pesquisa que recebeu, neste mês de agosto, o prêmio Qualidade Científica Eduardo Moacyr Krieger, da SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão). O trabalho também contou com a participação de outros especialistas da instituição.

O estudo observou a evolução clínica de cem pacientes com diagnóstico de DRA, ou seja, com estreitamento da artéria dos rins, por um período de dois anos, sendo que 63 fizeram uso de Estatina. O resultado comprova que o medicamento proporciona a diminuição da necessidade de diálise por falência dos rins e ainda aumenta a expectativa de vida dos doentes. “A substância já era empregada no controle do colesterol, mas sua eficácia no tratamento da DRA ainda não tinha sido atestada”, afirma a doutora.

Vanessa ressalta que o trabalho não constitui um ensaio clínico, isto é, os pacientes não foram isolados para tratamento apenas com a substância pesquisada. Segundo ela, outros remédios também foram ministrados em conjunto, potencializando efeitos de estabilizadores da pressão arterial e de colesterol. “Os estudos sobre a DRA em todo o mundo têm apontado que, isoladamente, nenhum medicamento parece ser eficiente”.

“Fizemos um estudo de observação, no qual apenas acompanhamos os resultados da prática clínica”, explica o orientador do trabalho, o médico Luís Cuadrado Martin. “A pesquisa não escolheu a medicação dos internados, observando apenas o impacto das terapias que já seriam empregadas”, completa.

Características da doença – A doença renovascular aterosclerótica atinge cerca de 4% dos hipertensos no Brasil, aproximadamente 25% da população. Estão associados a essa doença os altos níveis de colesterol, diabetes, tabagismo e idade avançada.

Os sintomas da DRA são insuficiência renal, pressão alta de difícil controle, doenças graves no coração e, sobretudo, edema agudo de pulmão. O diagnóstico só é possível por meio de uma angiografia renal, uma espécie de cateterismo, capaz de identificar entupimentos das artérias por placas de gordura.

Cinthia Leone

Bolsista Fapesp

Da Unesp

(I.P.)