Trechos da entrevista do governador Mário Covas após inauguração de duas estações de trem na Capital

Última Parte

sex, 30/06/2000 - 19h11 | Do Portal do Governo

Parte Final

Pergunta: Governador, voltando a questão dos trens. Os trens continuam lotados, o senhor está pensando em alguma coisa continuar a ampliação? Os trens tanto do interior como do metrô continuam abarrotados de gente.

Covas: Eles não são diferentes de qualquer outro trem do mundo. Na hora de pico ele fica abarrotado mesmo, mas ele não pode ser dimensionado pela hora de pico. Em todo lugar do mundo fica. Nunca viu filme americano que jogam o “nego” em baixo do trem no horário de pico.

Pergunta: Para isso não tem alternativa mesmo.

Covas: Tem, na medida que você for aumentando a freqüência, a velocidade, isso é qualificação. A melhoria da rede permanente, dos sistemas, isso é um trabalho permanente, manutenção corretiva e preventiva eficiente. Se você tiver um bom serviço de manutenção, você tem uma qualidade melhor. Agora, não conheço lugar do mundo onde na hora de pico o metrô não trabalhe lotado. Nenhum. Todo lugar é assim. É como o ônibus. Porque que o passe do idoso não atrapalha a renda do ônibus, porque o idoso usa o ônibus na hora que não tem ninguém. Ele não pega o ônibus às cinco horas da manhã, ou as sete da manhã, ou às cinco horas da tarde, até as sete da noite. Ele pega o ônibus às duas horas da tarde, ou às dez horas da manhã, e esta hora ele não atrapalha ninguém. Porque a essa hora tem espaço ocioso.

Pergunta: Que estações de metrô o governo pretende conceder para iniciativa privada?

Covas: A linha quatro. Porque ela nos garante uma parte do investimento para fazer a linha. É a linha que vem da Luz, até a Vila Sônia.

Pergunta: Como é que vai ser a remuneração?

Covas: Para o ocupante não altera, será no sistema de integração, do mesmo jeito. Altera qual é o destino da receita final. Se alguém entra com metade e você entra com a outra metade, o normal é no final você dividir a receita.

Pergunta: Estas que estão sendo reformadas não vão ser concedidas para a iniciativa privada?

Covas: Pelo menos até agora não se pensou nisto. A concessão é um mecanismo pelo qual você vai encontrar quem ponha dinheiro. Mas, se você já pôs o dinheiro não adianta. A não ser que o dinheiro da manutenção seja muito grande, que precise ser compensado. Mas, normalmente não compensa. Você não faz privatização, apenas pela privatização. Você faz para substituir o papel que o Tesouro faz, pelo papel que o investidor privado faz. Na Vila Sônia, a conta do investimento é muito alta, o estado está em fase final de obtenção de um financiamento misto, provavelmente metade do valor. Se aparecer um interessado que queira botar o dinheiro para outra parte, aí você vai discutir quem faz depois a operação neste trecho, como é que você vai discutir o valor, isso é feito inclusive por concorrência.

Pergunta: Isto está sendo pensado para a linha 4?

Covas: Isto estava sendo pensado para a linha quatro inteira. Só que o BID vai nos fazer um empréstimo, entendeu que não era possível , nós não íamos encontrar interessados. Então nos alteramos o projeto e o que prevalece hoje, basicamente na fase final, nós conseguimos mais de R$ 400 milhões de financiamento do BIRD e o restante quem vai entrar é quem se dispuser a entrar, a por o dinheiro.

Pergunta: Qual era o prazo antes e qual é o novo prazo?

Covas: Eu não termino no meu governo, apenas eu não começo. Mas, eu não tenho muita preocupação com isso. Uma linha de metrô depois que você começou, quem vier não tem muita alternativa senão terminar. Pode demorar mais ou menos, mas termina. Portanto esta é uma linha que vai aumentar muito o metrô. Basta ver que a linha que trás mais população para o metrô é a da Vila Sônia até Luz. Ela acrescenta aí 400 mil pessoas dia. Portanto, é a mais urgente, digamos assim, sob o ponto de vista de pessoal, de ocupantes, que atende mais gente. Então, não sei dizer para você. Nós não temos cronograma e nós ainda não fechamos. Eu estou lá com o pedido na Assembléia, aliás já foi aprovado. Mas dinheiro para a estrada ainda não foi aprovado, e portanto tudo isso implica no dia em que o BIRD concordar, nós temos que obter a licença da Assembléia, temos que obter licença do Governo Federal , através do Ministério da Fazenda, depois tem que aprovar no Senado, finalmente assinar o contrato e até o dinheiro vir demora oito, dez meses. Os procedimentos internacionais são muito demorados e cada etapa você tem que mandar lá para o banco aprovar, você muda um dedinho no projeto tem que mandar aprovar. Mas, é assim, você quer o dinheiro não tem que reclamar.