Uma das figuras mais originais e controvertidas da MPB, o compositor baiano Tom Zé se apresenta em Campinas como uma das atrações da Virada Cultural Paulista, que será realizada no final de semana entre os dias 19 e 20. Ele faz show no dia 19, às 22h30, na Estação Cultura. Em destaque no repertório, músicas do último trabalho do artista, cujas composições não têm letras, só vocalizações, cantos, sons, e interjeições – misturados com frevo pernambucano e forró, entre outros ritmos brasileiros.
Tom Zé fala com entusiasmo de sua expectativa para a apresentação e do propósito da Virada Cultural. “Será um prazer que, em meus 70 anos de vida, nunca tive igual. Na Virada o Estado distribui uma gravidez artística que gera filhos em todas as classes. Espero encher Campinas de alegria e de sentimento de brasilidade”.
O artista lembra que já fez apresentações nas periferias de grandes cidades e ressalta que fica espantado quando ouve ou lê que o povo só gosta de “porcaria” quando o assunto é música. “Muito pelo contrário, encontro públicos entusiasmados com o meu tipo de trabalho, que nunca imaginaria ver em apresentações públicas”, observa.
Quando fala do início de sua carreira, que o levou a construir uma obra que inclui performances de apresentação no palco, ele explica que não houve propriamente dificuldade para estabelecer seu estilo. “Tive de decifrar e plasmar a mim mesmo em matéria musical. No início, todos recusavam. Depois acabaram me aceitando. Não passei por discriminação, mas por espanto, sem dúvida”, conclui o cantor.
Compositor, cantor, arranjador e ator, Tom Zé nasceu em Irará (BA). Aprendeu a gostar de música ouvindo rádio. Gostava tanto que decidiu estudar música na Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Lá teve aulas com professores da vanguarda instrumental, trazidas da Europa, como Koellreuter, Smetak e Ernst Widmer. Aprendeu harmonia, contraponto, composição, piano, violoncelo.
No começo da década de 1960, na capital baiana, conheceu Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Com eles, montou o espetáculo “Nós, Por Exemplo” e “Velha Bossa Nova e Nova Bossa Velha”. O grupo foi para São Paulo, onde participou do espetáculo “Arena Canta Bahia” e do disco-chave para o movimento tropicalista, “Tropicália ou Panis et Circensis”, lançado pela Philips em 1968 e que continha sua composição “Parque Industrial”.
No mesmo ano conseguiu o primeiro lugar no Festival de MPB com “São São Paulo, Meu Amor” e apareceu seu primeiro LP individual, “Tom Zé”, seguido por outros discos na década de 1970. Depois de um período aastado da mídia, no fim da década de 1980, sua carreira deu uma reviravolta quando o músico David Byrne descobriu num sebo o inador “Estudando o Samba”. Nos anos de 1990, excursionou pela Europa e Estados Uidos. Em 1999, com o lançamento de seu CD “Com Defeito de Fabricação”, voltou a seu merecido lugar na música brasileira.
SERVIÇO: Tom Zé na Virada Cultural Paulista
Dia 19, às 22h30, Estação Cultura
Praça Floriano Peixoto, s/n – Centro – Campinas
(19) 3705-8000
Secretaria Estadual da Cultura