SP coordena projeto eficiente e inovador de criação de tilápias

Além de reduzir a mortalidade da espécie mais criada no país, sistema desenvolve alimentação automática dos peixes

seg, 18/06/2018 - 21h04 | Do Portal do Governo

A piscicultura é um importante setor para economia nacional e, atualmente, é marcada pela grande quantidade de criação de tilápias. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a espécie chegou a movimentar R$ 1,335 bilhão em 2016. Diante disso, esses valores motivaram o Estado de São Paulo a desenvolver e aprimorar estudos sobre os peixes.

Por meio da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento, foi criado um sistema inovador de criação de tilápias. O projeto consiste em um tanque de alumínio flutuante em garrafas pet com um silo no centro. Com capacidade de armazenamento de 1,2 mil quilos de ração, o protótipo libera em dosagem adequada o alimento 48 vezes por dia.

A ideia é estabelecer métodos diferentes do que a piscicultores estão habituados. Dessa forma, é dispensada a forma manual de alimentação da espécie, em que o funcionário despeja três a quatro vezes por dia a ração nos tanques.

“O novo sistema traz mais agilidade e eficiência na alimentação das tilápias e redução dos custos de produção. É um produto destinado aos grandes empreendimentos localizados, principalmente, em barragens de hidrelétricas”, afirma Célia Maria Doria Frasca Scorvo, pesquisadora da APTA que integra o projeto.

A iniciativa recebe apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e é desenvolvido pela empresa Fisher Piscicultura. Ele está em fase final de testes no Rio Grande, no Reservatório de Água Vermelha, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais.

“O temporizador modula a alimentação dos peixes e torna os cardumes mais homogêneos. Se o peixe come regularmente, estará sempre saciado, comendo só o que precisa”, conta David Paulino, sócio da Fisher Piscicultura, que detêm a patente do tanque.

Vantagens

A taxa de mortalidade desses peixes durante o processo de produção é menor com a utilização do tanque redondo. Geralmente, a mortalidade da tilápia ultrapassa 20% nas pisciculturas comerciais. Com o novo sistema, os especialistas conseguiram diminuir esse número para 8%.

Uma das novidades está na manutenção dos peixes dentro dos tanques, uma vez que nos métodos convencionais eles são levados a outros reservatórios quando atingem determinado tamanho, aumentando as chances de morte. Através dele, telas conduzem os peixes maiores para outro compartimento.

Outra peculiaridade está na facilidade da limpeza dos tanques e no combate às pragas que afetam a espécie. Os reservatórios emergem e ficam fora da água por meio da injeção de ar em tambores na parte inferior da estrutura de alumínio. Nos criadores tradicionais é necessário o uso de balsas com guinchos para elevar os tanques ou contratar mergulhadores para fazer esse serviço.

Projeto

Os reservatórios do projeto chegam a contar com 60 a 100 mil tilápias. Segundo Célia, estão sendo realizados testes desde 2014. O objetivo é apresentar os pontos que devem ser aperfeiçoados antes de disponibilizá-lo ao setor produtivo. “Acreditamos que o produto será muito bem aceito, por trazer grandes melhorias para as pisciculturas brasileiras”, completa.

Com a finalização da segunda fase do projeto, a empresa Fisher já solicitou recursos ao PIPE para dar continuidade a etapa três. Após a conclusão, ele finalmente poderá ser colocado no mercado.

“Trabalhos como esse são fundamentais para avançarmos na produção brasileira de alimentos. Estreitar ligação entre as instituições públicas de ciência e tecnologia e as empresas é uma peça fundamental para isso e bastante incentivada pelo governador Márcio França”, afirma Francisco Jardim, secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento.