Programa comprova eficácia de métodos para reduzir trânsito em rodovias

Pesquisador da Poli adapta programa usado em linhas de produção para situações de tráfego de automóveis.

seg, 30/04/2007 - 12h07 | Do Portal do Governo

Simulações feitas em computador mostram que é possível reduzir os congestionamentos em auto-estradas. “Experiências deste tipo já foram feitas em outras cidades, como em Londres”, garante o engenheiro eletricista José Roberto Rodrigues de Godoy. E a receita é relativamente simples: reduzir velocidades para se evitar paradas pois, segundo pesquisador, “o custo social do tempo parado é alto, envolvendo o cansaço físico do motorista e possíveis danos ao automóvel, por exemplo.”

Sob a orientação do professor Plínio Benedicto de Lauro Castrucci, já aposentado da Escola Politécnica (Poli) da USP, Godoy adaptou um programa de computador, o ARENA – usado em linhas de produção e automação -, para situações de tráfego de automóveis. Ele conta que o software utilizado nas simulações foi o ARENA 5.0 e que, atualmente, existem outras versões mais modernas e com novos recursos.

O programa de computador possibilitou a Godoy verificar a eficiência de dois métodos de controle de velocidade em rodovias, principalmente em casos que ocorram qualquer espécie de “gargalo”: o da redução orientada de velocidade e o de controle por semáforo.

Redução orientada

“Há casos de acidentes, interdições devido a obras ou gargalos naturais. Em situações como estas, o software pode nos indicar qual a velocidade ideal a ser determinada para os veículos, e qual a distância para que os usuários passassem a diminuir a velocidade.”, explica o engenheiro. “Toda essa recomendação poderia ser feita por intermédio de painéis eletrônicos disponíveis na estrada.”

O professor Castrucci acredita que a experiência poderia ser implantada com sucesso em algumas rodovias, principalmente na chegada a São Paulo. “Me lembro quando, vindo para São Paulo, fiquei preso por horas num congestionamento na rodovia Fernão Dias. A aplicação de um sistema como foi simulado poderia auxiliar muito, inclusive por seus reflexos na própria cidade de São Paulo”, acredita. O orientador explica que a uma velocidade baixa, porém constante, a probabilidade de congestionamento fica reduzida e o tempo médio perdido acaba sendo menor.

Semáforos

Outro sistema de controle proposto pelo engenheiro e devidamente testado em computadores é a instalação de semáforos em pontos que antecedam o estrangulamento da via. Estes semáforos, com sensores de piso que alimentariam os mesmos algoritmos, determinariam também uma velocidade controlada para evitar o congestionamento. Godoy chegou a apresentar uma proposta de instalação desse sistema no novo Rodoanel Viário que está sendo construído em São Paulo. “Propusemos que um semáforo fosse instalado cerca de 3 quilômetros antes da junção entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. Acreditamos que, futuramente, esse ponto poderá ser um gargalo de congestionamento”, conta Godoy, lembrando que chegou a manter contatos com a DERSA, de São Paulo. Ele destaca ainda a mobilidade com que o sistema pode ser adotado, já que em algumas estradas é comum haver imprevistos como queda de barreiras e acidentes.

As simulações foram realizadas com base em trechos de estradas como a Rodovia Fernão Dias. “Consideramos um trecho de pista genérico e criamos equações que foram todas validadas no software”, garante Godoy. Há cerca de dois anos, o engenheiro realizou consultas junto à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo na tentativa de viabilizar situações práticas. Porém, de acordo com o engenheiro, a empresa alegou falta de verbas para implantação de novos sistemas.

Mais informações: (0XX11) 3091-9823, com José Roberto Rodrigues de Godoy; e-mail godoy@lavill.com.br 

Antonio Carlos Quinto

Da Agência USP de Notícias

(I.P.)