Portos brasileiros são menos eficientes que a média mundial

É a conclusão de trabalho de pesquisador da FEA – USP

dom, 02/12/2007 - 13h38 | Do Portal do Governo

Os portos brasileiros encarecem os produtos importados mais do que a média internacional. Não há, entretanto, uma diferença significativa quando a comparação é apenas entre portos brasileiros. Essa é a conclusão do trabalho de mestrado do pesquisador Raul Cristovao dos Santos, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Segundo ele, mais de 80% das exportações e 60% das importações são feitos por transporte marítimo.

De acordo com Santos, os resultados evidenciam a necessidade de uma política nacional setorial. “A questão da eficiência portuária no Brasil não pode ser pensada individualmente para cada porto. A ineficiência relativa é  um problema comum a todos eles”, afirma. Para ele, a pesquisa pode auxiliar na definição de políticas da Secretaria Especial de Portos, criada pelo governo federal em maio desse ano.

A pesquisa foi feita a partir de dados do ano de 2002 tendo como objeto 13 portos: Belém (PA), Fortaleza (CE), Suape (PE), Aratu (BA), Salvador (BA), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Sepetiba (RJ), Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Rio Grande (RS).

O pesquisador comparou os portos calculando quanto eles agregavam ao custo de diversos produtos de importação. “Nós partimos de dois dados de importação disponíveis: o CIF (sigla em inglês para Custo, Seguro e Frete) e o FOB (sigla para Free On Board, ou seja, custo na momento de embarque). O CIF é fornecido pelo Comtrade, da ONU, e o FOB foi obtido junto ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.”

“A diferença entre um e outro nos dá o custo que o transporte agrega no produto importado”, explica. “Nesse custo, estão incluídos o valor do transporte e as despesas portuárias. Nossa pesquisa compara o valor dessas despesas portuárias tomando um dos portos como referência para medir a eficiência relativa dos outros 12”, complementa.

Segundo o pesquisador, o estudo foi motivado por uma conjuntura internacional de globalização do comércio. “A queda das barreiras tarifárias aumenta a relevância do custo de transporte como barreira de comércio. Nos últimos anos, surgiu uma vasta literatura na área de Economia para estimar os impactos dos custos de transportes sobre o comércio e a economia dos países e os custos portuários são destacados nessa produção”, diz.

Santos conta ainda que a contribuição da pesquisa vai além dos resultados. “Durante o trabalho, nós conseguimos aprimorar a metodologia para esse tipo de estudo. Agora ela poderia ser replicada para uma amostra maior de portos e levando em consideração dados de importação de vários anos. Isso nos permitiria traçar uma evolução da eficiência portuária ou mesmo avaliar o impacto de políticas nesse setor”, conta.

Santos afirma que já está em curso um estudo mais abrangente. “Estamos preparando um paper [artigo científico] que inclui uma perspectiva mais ampla, mostrando como os problemas na infra-estrutura portuária afetam outros setores da economia e mesmo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)”, conta o pesquisador. Esse trabalho está sendo desenvolvido por ele em conjunto com seu orientador, professor Eduardo Haddad (da FEA), além dos pesquisadores Geoffrey Hewings (Universidade de Illinois, EUA) e Fernando Perobelli (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Mais informações: (0XX11) 3813-1444, ramal 101. Pesquisa orientado pelo professor Eduardo Haddad.

Renato Sanchez

Agência USP de Notícias

(I.P.)