Polícia Científica terá sistema para rastreamento das provas criminais

O recurso permite monitorar e localizar em tempo real a prova e saber quem manipulou o material e quais os testes realizados

qua, 30/05/2007 - 11h25 | Do Portal do Governo

Novo sistema de segurança eletrônico desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) usa sofisticados recursos de Tecnologia da Informação (hardware de sensores, hardware de processamento e sistemas aplicativos) que vão permitir à Superintendência da Polícia Técnico-Científica controlar e monitorar eletronicamente a prova criminal colhida na cena do crime. A tecnologia passou por testes no instituto e no próximo mês começam as experiências na polícia. O projeto foi financiado pela Motorola.

Vestígios coletados na cena do crime pelos peritos criminais continuam a receber o tradicional lacre de identificação. Quando entrarem no prédio da Polícia Científica receberão outro lacre, com uma etiqueta eletrônica (etiqueta com um minúsculo chip com memória e antena conjugada) que grava informações e a sua identificação. Antenas de radiofreqüência (com leitoras de ondas de rádio acopladas) instaladas em locais estratégicos (portas de salas e nas unidades de perícia) captarão os sinais da etiqueta eletrônica e enviarão as informações para o software de um computador que fará todo o rastreamento da prova criminal.

Como a Polícia Científica tem a custódia da prova criminal, esse sistema serve para assegurar que os elementos de pesquisa pericial sejam preservados, garantindo sua idoneidade e identificação em todo o processo judicial, explica o coordenador da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, Celso Perioli. É responsabilidade da instituição a produção da chamada prova técnica ou prova pericial, mediante a análise científica de vestígios produzidos e deixados na prática de delitos.

Tecnologia inovadora

Documentadas em laudos periciais, as provas representam a materialidade do fato criminoso e acompanham o processo judicial até sua conclusão. Em caso de dúvida sobre o ocorrido, são novamente examinadas à luz de outras hipóteses, não consideradas no exame inicial. Daí a importância do cuidado com os vestígios para que sirvam de evidências criminais para os órgãos de segurança pública.

“Esse sistema é importante porque faz o rastreamento e monitoramento em tempo real da prova para evitar extravios e permite acompanhar o andamento dela dentro da instituição e saber quem a manipulou”, esclarece Perioli.  Com o novo sistema, é possível saber quando a prova chegou à polícia, qual o seu trajeto dentro da instituição, por quais laboratórios passou, quais análises foram feitas e quais pessoas a manipularam, acrescenta o pesquisador do IPT Alessandro Santiago dos Santos, um dos 20 técnicos que trabalham no desenvolvimento e instalação da nova tecnologia.

Se a prova for parar em local não definido ou se uma pessoa não autorizada pegá-la, soará um alarme automaticamente. Santos diz que a nova tecnologia de rastreamento de provas criminais é similar ao sistema Sem Parar, utilizado nas rodovias brasileiras (usuários do sistema têm um aparelho instalado dentro do veículo, uma etiqueta eletrônica, e passam pelos pedágios sem pegar no dinheiro), mas o software desenvolvido é inovador.

Etiqueta eletrônica

Chamada de e-tap, smart tag ou etiqueta inteligente, a etiqueta eletrônica emprega a tecnologia conhecida mundialmente como RFID (Radio Frequency Identification). Considerada a sucessora do código de barras, a etiqueta inteligente permite a identidade única de um objeto, animal ou pessoa. Pode ter a forma de adesivo, cápsula, brinco, pulseira, entre outros. As etiquetas projetadas pelo IPT gravam em sua memória dados relevantes (como identificação, localização e percurso) durante a sua trajetória, que são recebidos e enviados por ondas de rádio (radiofreqüência).

O sistema possibilita identificar a prova, administrar as pessoas autorizadas em manipulá-las, fazer a localização em tempo real das provas e validar, cancelar e registrar as permissões de movimentação. Pode ainda autorizar os crachás dos peritos que participam do caso, efetuar os logins dos usuários, atualizar os registros de lacres de identificação, emitir relatórios e fornecer dados estatísticos. Com esse sistema, é possível ter o histórico geral das movimentações da prova.

O rastreamento dos funcionários é feito por meio dos crachás de identificação, o que possibilita especificar a localização das provas e controlar os direitos de acesso a cada uma das evidências. Desta forma, além de localizar as provas individualmente, é possível saber, no caso de transporte, quem é o portador. Se uma pessoa não identificada ou não autorizada movimentar a prova, um alarme instalado nos sensores será acionado automaticamente.

O modelo foi testado com sucesso no IPT e agora começa a fase experimental no prédio da Polícia Científica, informa Santos. O sistema será avalidado em alguns laboratórios, diz o perito criminal Orlando Ruiz. “O piloto do sistema será feito nos laboratórios especializados. Cada laboratório recebe de oito a dez mil provas criminais por ano. Começaremos com um ou até três, depende da liberação do investimento. Mas a idéia é que funcione em todo o prédio da polícia e em seus 17 laboratórios.”

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial