Pesquisadores do Estado de SP debatem o capital natural do Brasil

Sessão especial da 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência abordou o papel da biodiversidade

ter, 31/07/2018 - 20h58 | Do Portal do Governo

Representantes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) participaram, na última semana, da 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorreu em Maceió, Alagoas.

Uma das sessões da iniciativa abordou as discussões sobre o capital natural do Brasil, que confere ao país as condições necessárias para transformar o uso sustentável dos recursos ambientais. De acordo com especialistas, o contexto gera oportunidades para um desenvolvimento capaz de enfrentar novas condições futuras, além de promover a prosperidade socioeconômica.

O cenário só será possível se o papel da biodiversidade em alavancar o desenvolvimento social e econômico brasileiro for reconhecido e incentivado. Essas conclusões são do sumário para tomadores de decisão do primeiro diagnóstico brasileiro de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, elaborado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês).

Debates

A versão preliminar do documento foi apresentada em uma sessão especial. “O sumário ainda não está na versão definitiva e foi destacado com o objetivo de debatermos as conclusões com a comunidade científica para incorporar críticas e sugestões que eventualmente possam ser feitas”, ressalta Carlos Joly, professor da Unicamp e membro da coordenação da BPBES e do Programa Biota-Fapesp, na abertura do evento.

Segundo os autores do relatório, é importante frisar que os ativos ambientais do Brasil são a base de sustentação das demandas da sociedade brasileira. Das 141 culturas agrícolas brasileiras cultivadas, 85 dependem de polinização por animais, como abelhas, e mais de 40% da produção de energia primária no país são provenientes de fontes renováveis, exemplifica o documento.

“O capital ambiental do Brasil representa o seguro do País em um ambiente de crises globais de naturezas diferentes”, afirma Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das autoras do diagnóstico.

De acordo com o docente da Unicamp, a apresentação da versão preliminar do sumário representa a última etapa do trabalho de elaboração do diagnóstico para se chegar a um documento definitivo em outubro de 2018.

Uma versão preliminar do documento foi apresentada em grupos focais com representantes de órgãos governamentais, empresas, organizações públicas e jornalistas. “Estamos elaborando o diagnóstico brasileiro de biodiversidade e serviços ecossistêmicos em diálogo com a sociedade”, enfatiza Carlos Joly.

Diagnóstico

Com o objetivo de elaborar o diagnóstico, foi instituído um Grupo de Trabalho pela SBPC, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Programa Biota-Fapesp e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), entre outras entidades.

O grupo de trabalho reúne 36 pesquisadores de diferentes áreas, vinculados a universidades de diversos Estados, além de mais 14 autores convidados. A iniciativa de elaborar o diagnóstico brasileiro de biodiversidade e serviços ecossistêmicos surgiu justamente a partir do trabalho de realização do documento do IBPES.

“Pensamos se não era o caso de também fazermos um diagnóstico brasileiro, uma vez que as informações sobre a biodiversidade brasileira estão divididas em órgãos como os ministérios do Meio Ambiente, de Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações, da Agricultura e das Relações Exteriores”, acrescenta Carlos Joly.