Pesquisa da Unicamp vence premiação de empreendedorismo em saúde

Ganhadora do concurso desenvolve tratamento não invasivo para a retinopatia diabética, que afeta os vasos da retina

qua, 23/01/2019 - 11h21 | Do Portal do Governo

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) teve destaque 4ª edição do Prêmio Empreenda Saúde, em São Paulo. Um tratamento farmacológico não invasivo para a retinopatia diabética foi o vencedor do concurso.

O projeto ganhador da edição de 2018 é o resultado de 20 anos de pesquisas da médica Jacqueline Mendonça Lopes de Faria, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, e poderá mudar radicalmente o tratamento da enfermidade, que surge quando o excesso de glicose no sangue provoca danos aos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro.

Criada em 2015, a premiação é uma iniciativa da fundação everis com a participação do Hospital Sírio-Libanês. O intuito da ação é estimular o empreendedorismo e a inovação, por meio do reconhecimento de projetos científicos com potencial de aplicação na área da saúde.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença a ser tratada pela nova terapia é a principal causa de cegueira irreversível em pessoas na faixa dos 20 aos 74 anos. A retinopatia é combatida com técnicas invasivas, arriscadas e caras, como fotocoagulação a laser, injeção intraocular de medicações ou cirurgias intraoculares.

Inovação

O novo tratamento proposto é um colírio desenvolvido com base em nanotecnologia que libera gradativamente o princípio ativo para a retina. “O produto age nos neurônios da retina, protegendo-os da toxicidade da glicose”, explica a médica Jacqueline Mendonça Lopes de Faria.

No desenvolvimento, a pesquisadora teve colaboração da engenheira química especialista em nanotecnologia Maria Helena Andrade Santana, do Faculdade de Engenharia Química da Unicamp. Testes em ratos de laboratório indicaram resultados positivos. É importante lembrar que colírio tem patente depositada no Brasil e no exterior.

A médica considera que ainda é cedo para atrair interesse da indústria. Até que isso ocorra, há um caminho longo a percorrer, a começar pelos testes em seres humanos. Assim, Jacqueline Mendonça Lopes de Faria investe o valor do prêmio (R$ 50 mil) na contratação de profissionais especializados nos trâmites burocráticos necessários à elaboração de um plano de negócios e à obtenção de certificações. A pesquisadora também planeja criar uma empresa para dar continuidade ao projeto.

O 4º Prêmio Empreenda Saúde recebeu 220 inscrições, de várias partes do Brasil. A fundação everis foi criada pela everis, multinacional de consultoria que oferece soluções de estratégia e negócios para indústrias e governos.

“Muitas das startups que submeteram projetos ao concurso já foram aceleradas e estão em busca de investimentos e exposição ao mercado-alvo”, avalia Raphael Bueno, da fundação everis e responsável pela iniciativa no Brasil.