Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) teve destaque 4ª edição do Prêmio Empreenda Saúde, em São Paulo. Um tratamento farmacológico não invasivo para a retinopatia diabética foi o vencedor do concurso.
O projeto ganhador da edição de 2018 é o resultado de 20 anos de pesquisas da médica Jacqueline Mendonça Lopes de Faria, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, e poderá mudar radicalmente o tratamento da enfermidade, que surge quando o excesso de glicose no sangue provoca danos aos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro.
Criada em 2015, a premiação é uma iniciativa da fundação everis com a participação do Hospital Sírio-Libanês. O intuito da ação é estimular o empreendedorismo e a inovação, por meio do reconhecimento de projetos científicos com potencial de aplicação na área da saúde.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença a ser tratada pela nova terapia é a principal causa de cegueira irreversível em pessoas na faixa dos 20 aos 74 anos. A retinopatia é combatida com técnicas invasivas, arriscadas e caras, como fotocoagulação a laser, injeção intraocular de medicações ou cirurgias intraoculares.
Inovação
O novo tratamento proposto é um colírio desenvolvido com base em nanotecnologia que libera gradativamente o princípio ativo para a retina. “O produto age nos neurônios da retina, protegendo-os da toxicidade da glicose”, explica a médica Jacqueline Mendonça Lopes de Faria.
No desenvolvimento, a pesquisadora teve colaboração da engenheira química especialista em nanotecnologia Maria Helena Andrade Santana, do Faculdade de Engenharia Química da Unicamp. Testes em ratos de laboratório indicaram resultados positivos. É importante lembrar que colírio tem patente depositada no Brasil e no exterior.
A médica considera que ainda é cedo para atrair interesse da indústria. Até que isso ocorra, há um caminho longo a percorrer, a começar pelos testes em seres humanos. Assim, Jacqueline Mendonça Lopes de Faria investe o valor do prêmio (R$ 50 mil) na contratação de profissionais especializados nos trâmites burocráticos necessários à elaboração de um plano de negócios e à obtenção de certificações. A pesquisadora também planeja criar uma empresa para dar continuidade ao projeto.
O 4º Prêmio Empreenda Saúde recebeu 220 inscrições, de várias partes do Brasil. A fundação everis foi criada pela everis, multinacional de consultoria que oferece soluções de estratégia e negócios para indústrias e governos.
“Muitas das startups que submeteram projetos ao concurso já foram aceleradas e estão em busca de investimentos e exposição ao mercado-alvo”, avalia Raphael Bueno, da fundação everis e responsável pela iniciativa no Brasil.