Um estudo conduzido como parte do pós-doutorado da pesquisadora sênior do grupo de pesquisa Comunicação Pública e Política, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Devani Salomão de Moura Reis, avaliou a eficácia da segunda edição do “Guia Alimentar para a População Brasileira”, lançada em 2014, no combate às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), em especial, à obesidade.
Vale destacar que o guia foi elaborado em uma parceria do Ministério da Saúde com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP. Na ocasião, o material buscou levar uma abordagem inovadora, menos focada em grupos alimentares e quantidades de nutrientes a serem ingeridos e mais preocupada com a construção de uma compreensão ampliada sobre alimentação.
O pós-doutorado de Devani Salomão de Moura Reis foi iniciado em 2015 e analisou as respostas de nutricionistas de diversas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de São Paulo a um questionário de 60 questões abertas elaboradas pela pesquisadora. Com base nele, foi possível apontar, por exemplo, que 70% das nutricionistas afirmam que há dificuldades em convencer o paciente a consumir gorduras adequadamente. Sobre o consumo de sal, 66,7% dizem o mesmo.
Sobre a motivação para o estudo, a pesquisadora recorre à longa trajetória de investigação das questões da comunicação e da saúde pública. Desde o mestrado, no qual analisou como médicos e pacientes enxergavam um ao outro, passando pelo doutorado, no qual criticou a cartilha “Viver mais e melhor”, do Ministério da Saúde, até este quarto pós-doutorado, que tem como objeto de estudo o guia, ela sempre se dedicou à área da comunicação na saúde pública.
“É hora de mostrar que a comunicação é importante na área da saúde. Desde o estudo do mestrado, avaliei que os pacientes têm dificuldades de falar com o médico”, salienta a pesquisadora.
Transformações
De acordo com Maria Laura da Costa Louzada, integrante da equipe do Nupens durante o projeto de atualização do guia, em 2014, a nova versão foi lançada por causa das transformações pelas quais o Brasil havia passado desde 2006, quando a primeira edição foi publicada.
“O Brasil passou por um processo profundo de mudanças econômicas, sociais e políticas e por uma transição epidemiológica. O cenário de desnutrição deu lugar a um cenário de diabetes e hipertensão. Paralelamente, tivemos uma grande evolução nos conhecimentos da nutrição”, afirma.
