Pequisa constata que alunos de escolas públicas têm desempenho melhor em 31 dos 56 cursos da Unicamp

Balanço foi divulgado na última sexta-feira, dia 9

seg, 12/06/2006 - 18h24 | Do Portal do Governo

O desempenho acadêmico dos jovens que cursaram o ensino médio em escolas públicas foi melhor do que o dos demais colegas em 31 dos 56 cursos da Unicamp ao longo de 2005. O balanço do primeiro ano de funcionamento do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social- PAAIS, instituído em 2004 e implantado no vestibular de 2005, foi divulgado na última sexta-feira, dia 9. Pioneiro no país, o PAAIS prevê que estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio na rede pública recebam, na segunda fase do vestibular, 30 pontos a mais na nota final. Além disso, os candidatos auto-declarados negros, pardos e indígenas recebem mais 10 pontos na nota final. Essa bonificação representa entre 4 % e 6 % nos cursos de alta demanda como Medicina e 8 % a 10 % em cursos de menor demanda.

Para o professor Maurício Kleinke, coordenador de pesquisa da Comvest, os resultados mostram que estudante de escola pública, quando tem acesso à informação, bons currículos escolares e bons professores, podem ter um ótimo desempenho. “Esses jovens aproveitam muito bem a oportunidade oferecida. Além disso, é possível constatar que existem excelências espalhadas em toda a sociedade que aparecem quando surgem oportunidades”.

Os alunos do PAAIS apresentaram uma média anual mais alta (conhecida como CR) que a de seus colegas em 31 dos 56 cursos, alguns dos quais de alta demanda, incluindo na relação o de Medicina, no qual os egressos da escola pública tiveram 7,9 de média, enquanto a nota de seus colegas ficou em 7,6.

Luciana da Silva, 19 anos, estudante do 2º ano de História, que cursou o ensino fundamental e médio em escolas públicas, é um bom exemplo disso. Sua média nas disciplinas varia entre 7,5 e 8,0. Dos 40 alunos de sua sala ela teve o 18º melhor desempenho no ano passado. Ela tem dois irmãos e a mãe, que sobrevivem com a pensão de R$ 1.100,00 do pai, morto há 7 anos.

Enrico Silva Miranda, matriculado no curso de Engenharia de Controle e Automação, também egresso de escola pública, teve média de 7,4 no ano passado e conseguiu ficar entre os vinte melhores alunos da classe formada por 50 jovens.

O reitor José Tadeu Jorge, que presidiu o grupo de trabalho que formulou o programa, há dois anos, destacou que os números da pesquisa dirimem algumas dúvidas recorrentes à época da implantação do programa. A maior sombra pairava justamente sobre a capacidade que esses alunos teriam de acompanhar, em pé de igualdade, os demais graduandos. Não foram poucos aqueles que duvidavam do desempenho dos egressos da escola pública. “Essa pergunta era sempre colocada”, revela o reitor. Embora ache prematuro afirmar que o quadro já esteja escorado em verdades definitivas devido ao pouco tempo de funcionamento do programa, Tadeu arrisca um palpite. “Por enquanto, a resposta é sim. E, creio, essa convicção ficará ainda mais forte na medida em que ampliarmos nossa coleção de dados”.

O sucesso do programa de inclusão pode ser atestado, da mesma forma, no aumento do número de alunos cuja renda familiar vai até cinco salários mínimos. A média bianual demonstra que este número saltou de 301 (2003/04) para 340 (2005/2006). Aumentou também – e ainda mais significativamente – o total de alunos que se autodeclararam negros, pardos e indígenas. Antes da introdução do programa, no biênio 2003/04, ingressaram 90 estudantes. Na média dos anos de 2005 e 2006, depois portanto da introdução do PAAIS, este número pulou para 141 alunos. www.arquivodoestado.sp.gov.br

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