Paula Souza contribui para expandir ensino em SP

Meta é criar 80 mil vagas nos próximos quatro anos para o ensino técnico e outras 20 mil nas Fatecs

ter, 14/08/2007 - 10h58 | Do Portal do Governo

Responsável pelo gerenciamento das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), o Centro Paula Souza terá seu orçamento triplicado nos próximos três anos. O objetivo do governo estadual é elevar a dotação orçamentária de R$ 437 milhões, previstos em 2007, para R$ 1,2 bilhão até 2010. A informação é da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, à qual o Centro Paula Souza está vinculado. Os recursos serão destinados ao plano estadual de expansão da rede de ensino técnico e tecnológico no Estado de São Paulo, formulado pelo atual governo.

A diretora-superintendente do Paula Souza, Laura Laganá, explica que o aumento no orçamento da instituição visa a garantir a sustentabilidade da expansão das Fatecs e Etecs. A implantação de novas unidades será feita em parceria com as prefeituras, que ficarão responsáveis pelas instalações físicas. O governo estadual se encarregará de equipar e manter as unidades.

Nos primeiros seis meses deste ano, o secretário de Desenvolvimento, Alberto Goldman, anunciou que o governo estadual criará dez Fatecs no interior. As cidades beneficiadas serão Piracicaba, Sertãozinho, Lins, Mogi das Cruzes, Bauru, Capão Bonito, Catanduva, Franca, Jaboticabal e Taubaté. No caso das Etecs, novas unidades foram instaladas em Itanhaém, Palmital, Ibitinga, Piraju, São Paulo (no Parque da Juventude) e Araçatuba. Até julho, duas Fatecs foram inauguradas, em Santo André e Itaquaquecetuba. Na unidade de Mogi-Mirim, recém-criada, as aulas começarão em setembro.

Pelo plano de expansão, a meta é criar, somente para o ensino técnico, 80 mil vagas nos próximos quatro anos, além de outras 20 mil nas Fatecs. A criação dessas novas vagas atende a uma demanda específica de cada região do Estado. Para isso, equipes do Paula Souza visitam os municípios com o propósito de discutir com integrantes da sociedade civil organizada as necessidades da economia local. A expansão, segundo a diretora-superintendente, é planejada para todo o Estado. Vários municípios serão contemplados.

Além de ministrar os ensinos médio (que pode, a partir do segundo ano, ser feito com o curso técnico), superior tecnológico e de pós-graduação, o Centro Paula Souza também oferece cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores. Com esse propósito, a instituição firmou, em julho passado, parceria com a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, para a qualificação profissional dos integrantes das Frentes de Trabalho – Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego. Trata-se de projeto-piloto para trabalhadores da capital e Grande São Paulo.

A previsão é atender até 14 mil pessoas em 28 unidades do Paula Souza. Os cursos, com duração de sete meses e meio, são direcionados à geração de emprego e renda por meio de trabalho autônomo (confeitaria, eletricista, entre outros) e emprego formal (telemarketing, informática e garçom). Durante esse período, o bolsista trabalha quatro dias da semana (no máximo oito horas por dia) e participa de curso de cinco horas no quinto dia. Recebe R$ 210,00 e outros benefícios durante o período de trabalho e estudo.

Telecurso TEC – A instituição também realiza parcerias com empresas públicas e privadas, para o desenvolvimento de projetos, capacitação de professores e outras finalidades. Para expandir a oferta de ensino profissionalizante no Estado e, posteriormente, por todo o País, o Paula Souza tem como parceira a Fundação Roberto Marinho. O objetivo da iniciativa é o Telecurso TEC. O projeto começa com três cursos na área de Gestão: Administração Empresarial, Secretariado e Assessoria e Gestão de Pequenas Empresas. A área foi escolhida, entre outros fatores, pelas altas taxas de emprego que proporciona.

O Telecurso TEC será oferecido nas modalidades presencial, aberta e on-line. Na primeira delas, os alunos, em turmas de 35, contam com um orientador de aprendizagem e recursos didáticos (material impresso e ambiente virtual). Na aberta, os alunos participam individualmente, acompanhando as atividades propostas nos livros e programas de TV. O on-line estará disponível a partir de 2008. O sistema de avaliação, nas três modalidades, será o presencial. Informações podem ser obtidas no endereço eletrônico www.telecursotec.org.br.

Outro ponto de destaque são os projetos desenvolvidos por algumas Fatecs e Etecs, vinculados às áreas dos cursos. Nas Fatecs, por exemplo, ganham repercussão os projetos de automação, mecânica de precisão e robótica. A produção de materiais didáticos também faz parte das atividades da instituição. Inclui, entre outros, mais de cem softwares educacionais, títulos de apoio aos estudos (Marketing do Turismo e Noções de Direito) e o Guia Internet (em sua sétima edição, reunindo centenas de sites de Educação, Tecnologia e Trabalho). 

Mais de 100 mil beneficiados – Com sede na capital, o Paula Souza abrange 135 Etecs, em 111 municípios paulistas, e 30 Fatecs, em outros 28. As Etecs atendem a mais de cem mil estudantes dos ensinos médio e técnico, oferecendo 77 habilitações, nos setores industrial, agropecuário e de serviços. Açúcar e álcool, automobilística, gestão da produção de calçados e telecomunicações são algumas dessas habilitações. Nas Fatecs, mais de 20 mil alunos estão distribuídos em 31 cursos superiores de graduação, entre os quais agronegócios, mecânica de precisão e produção de plásticos.

Segundo o professor Almério M. de Araújo, responsável pela Coordenadoria de Ensino Técnico (Cetec) da instituição, praticamente um terço dos cursos oferecidos pelas Etecs são produtos de demandas de diferentes segmentos produtivos, como os voltados para o setor sucroalcooleiro. Mas há também cursos normalmente não associados à área tecnológica, como música, dança e enfermagem.

Atendendo a indústria – As primeiras reuniões para a criação de uma instituição no Estado de São Paulo dirigida à Educação Tecnológica ocorreram em 1963, momento em que surgia a necessidade de formação profissional para acompanhar a expansão industrial paulista. Quando Abreu Sodré assumiu o governo do Estado, em 1967, a idéia ganhou consistência. Dois anos depois, o mesmo governador assinou decreto-lei criando a autarquia.

A primeira Fatec, instalada em Sorocaba, e, a seguir, a de São Paulo, são do início da década de 70. Na época, o curso de tecnologia era pioneiro, recorda o professor Angelo Cortelazzo, responsável pela Assessoria para Assuntos de Educação Superior (Aesu) do Centro Paula Souza. Hoje, com o ensino tecnológico em expansão, as Fatec respondem por grande parte das vagas gratuitas no Estado de São Paulo. “É a única instituição estadual que dispõe de ensino tecnológico no País”, afirma.

De acordo com Cortelazzo, há, porém, certa confusão relativa ao curso de tecnologia oferecido por estabelecimentos como a Fatec. Muitos pensam, por exemplo, que o tecnólogo formado por esses cursos não é um graduado de nível superior, mas alguém com o ensino pós-médio, sendo considerado profissional de segunda categoria. Ele esclarece que o tecnólogo representa uma terceira possibilidade de formação em nível de graduação, além do bacharelado e da licenciatura.

A diferença é que o tecnólogo tem formação mais rápida e direcionada, ao contrário do bacharel, cuja graduação leva mais tempo e é mais generalista. O aluno de um curso tecnológico de Pavimentação de Estradas, por exemplo, recebe mais conhecimentos sobre esse tópico do que um estudante de Engenharia Civil, que tem visão mais geral de sua área de atuação.

Um dos principais diferenciais das Fatecs e Etecs em relação às instituições congêneres é o currículo. Nenhum curso fica mais de quatro anos sem passar por avaliação e reformulação, observa o responsável pela Cetec. Para conseguir esse propósito, a instituição investe na formação continuada de seu quadro docente, inclusive do corpo diretivo. “Acreditamos que o curso é atualizado se o professor estiver atualizado”, exemplifica Almério.

Além da preocupação com o currículo, o Centro Paula Souza busca avaliar os processos de funcionamento das Fatecs e Etecs, seus resultados e impactos na realidade social em que a instituição se insere. Esse trabalho – realizado anualmente por meio de coleta de informações entre comunidade acadêmica, pais e alunos – cabe ao Sistema de Avaliação Institucional (SAI). Outro instrumento de avaliação é o Observatório Escolar, vinculado à Supervisão Escolar.

Em termos de pós-graduação, o diferencial do Centro Paula Souza é a ênfase nos cursos de tecnologia, níveis de mestrado e especialização, em áreas profissionais. “O mestrado acadêmico, tradicional, que as universidades oferecem, até pode ser ministrado pela instituição, mas não é o carro-chefe”, salienta Cortelazzo.

SERVIÇO

Centro Paula Souza

Praça Cel. Fernando Prestes, 74 – capital –

Ao lado da Estação Metrô Tiradentes

Site www.cps.sp.gov.br

Da Agência Imprensa Oficial