Palácio dos Bandeirantes organiza exposição de arte sacra em homenagem à visita do Papa

As mais antigas obras de arte sacra das Américas fazem parte da mostra

qui, 10/05/2007 - 10h01 | Do Portal do Governo

 As mais antigas obras de arte sacra das Américas fazem parte da mostra “Gênese da Fé no Novo Mundo”, organizada no Palácio dos Bandeirantes como parte das solenidades em comemoração à visita do Papa Bento XVI a São Paulo. Durante a visita ao Palácio, nesta quinta-feira, o Papa poderá conhecer as peças. Mas a abertura oficial da exposição será na próxima segunda-feira, dia 14, a partir das 20 horas.

O acervo dos Palácios do Governo vai exibir, finalmente reunidas, mais de 200 obras de arte de  suas  coleções. O público poderá ver esculturas e imagens sacras em barro e madeira, de autores como Aleijadinho e Francisco Vieira Servas, mobiliário sacro e pratarias.

 “Enquanto o mundo vê o carinho com o qual o povo brasileiro acolhe novamente um papa, a arte sacra surge como um dos elos entre os povos que evocam e demonstram a paz desejada entre as nações”, declarou Ana Cristina Barreto de Carvalho, diretora do acervo dos Palácios do Governo, responsável pela mostra.

 O primeiro núcleo da exposição reúne antigos marcos do período político das Capitanias Hereditárias, em 1532, até o primeiro Governo Geral, em 1549, data das primeiras ordens religiosas. 

 Fragmentos de talha produzidos no século 16 por jesuítas e índios catequizados, originários da segunda matriz de São Vicente (a primeira foi destruída por um maremoto em 1542), permaneceram esquecidos até o início do século passado, sendo adquiridos dos religiosos por um particular em 1922.

Foi justamente o curador da exposição do Palácio, Percival Tirapeli, da Unesp, que constatou a importância estética dos fragmentos e concluiu que estes podem ser considerados como as obras de arte mais antigas das Américas.

Quase do mesmo período dos fragmentos vicentinos, a exposição apresenta duas talhas da antiga Sé de Salvador, a primeira igreja do Brasil, e outros dois tocheiros em ferro, também datados de meados do século 16. 

Tirapeli destaca a pedra de frontaria da matriz de São Vicente, encontrada em 1559 durante ação arqueológica nos arredores da igreja.  “Esta pedra de frontaria, verdadeiro testemunho lítico, pertencente ao Museu Paulista da USP, provém da segunda matriz de São Vicente. É a única inscrição de que se tem notícia em construção de igreja  no país do início das atividades dos jesuítas no Brasil, que aqui chegaram em 1559”, afirmou o curador.

 Em “Gênese da Fé no Novo Mundo” poderão ser vistos quatro dos fragmentos inéditos da antiga matriz de São Vicente, além do trono que teria sido da Imaculada Conceição, do mesmo altar. Por conta de sua fragilidade, a imagem em barro da Imaculada Conceição, de 1560, primeira imagem brasileira, foi impedida de sair do Museu de Arte Sacra de Santos, mas está representada na mostra por ampliação fotográfica. 

Segundo o curador, a visita do Papa Bento XVI ao santuário mariano de Aparecida e a canonização do frei Antônio de Galvão, nascido em Guaratinguetá, deram origem ao segundo núcleo, com fotografias das obras do santo-arquiteto que construiu o Recolhimento da Luz e a igreja da Ordem Terceira Franciscana, edificações localizadas na Capital.

 Temas como “as invocações de Maria”, “iconografia dos santos”, “esplendor do barroco português” e “modernismo e barroco” foram utilizados por Tirapeli para composição de outros núcleos. Pinturas assinadas por Tarsila do Amaral e Portinari complementam a mostra. Os artistas modernistas foram incluídos na mostra porque o barroco foi fonte de inspiração do nacionalismo dos modernistas que, guiados por Mario de Andrade, redescobriram a gênese da arte brasileira na viagem histórica de 1924 que fizeram a Minas Gerais.