Novo modelo para educação de internos da Fundação CASA facilita retorno ao ensino regular

Projeto Revitalizando a Trajetória Escolar prevê adoção da mesma proposta curricular e material didático utilizados no ensino regular

ter, 16/02/2010 - 11h00 | Do Portal do Governo

Em 2010, os cerca de cinco mil internos da Fundação Casa em todo o Estado contarão com uma nova metodologia para dar continuidade aos seus estudos durante o período em que permanecerem nas unidades de internação. É o Projeto Revitalizando a Trajetória Escolar, instituído este ano pela Secretaria da Educação, que substitui o modelo da Educação de Jovens e Adultos (EJA), adotado nessas unidades nos anos anteriores. Entre outras mudanças, o novo modelo prevê a adoção da mesma proposta curricular e material didático utilizados no ensino regular, facilitando a continuidade dos estudos após a saída desses jovens da internação.

“A atuação da Secretaria da Educação nas salas de aula da Fundação CASA é fundamental para reinserção desses jovens e adolescentes na sociedade, pois eles têm a oportunidade de, mesmo reclusos, darem continuidade aos seus estudos. Isso permitirá que ao deixarem a internação, os garotos possam voltar à nossa rede com os estudos em dia”, diz o secretário da Educação Paulo Renato Souza.

O novo modelo atenderá alunos de 12 a 21 anos incompletos e será dividido em três níveis – o Nível I corresponde ao Ciclo I do Ensino Fundamental, o Nível II ao Ciclo II do Ensino Fundamental e o Nível III ao Ensino Médio. Os níveis I e II terão duração de até quatro anos letivos cada e o Nível III de até três anos. A duração é maior em relação ao modelo adotado no EJA, que praticamente prevê metade tempo para cada ciclo. Já a grade curricular será organizada em blocos semestrais, com duração de 100 dias letivos cada e carga horária semanal de 25 aulas no Nível I e 27 aulas nos níveis II e III, tendo cada duração de 50 minutos.

A proposta curricular e o material didático para o Nível I serão os mesmos do Programa Alfabetiza São Paulo. Já para os outros níveis serão os mesmos previstos no ensino regular. “Dessa forma, quando sair da internação, o adolescente encontrará na rede o mesmo material e conteúdo, o que facilitará sua continuidade nos estudos”, explica a professora Huguette Theodoro da Silva, coordenadora do projeto, que foi desenvolvido no âmbito da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria de Estado da Educação.

Ainda segundo o Projeto, todo jovem que ingressar na unidade da Fundação CASA passará por uma avaliação em Língua Portuguesa e Matemática, que servirá para definir qual a série adequada para a sua inclusão. Funcionará também classe de recuperação para atender às necessidades dos alunos internos. Caso o aluno apresente alguma defasagem de aprendizado, ele será provisoriamente inserido em uma sala de recuperação. No caso contrário, apresentando bom resultado na avaliação, o aluno poderá ser reclassificado em classe mais avançada, respeitando a faixa etária mínima exigida para conclusão do Ensino Fundamental (14 anos) e Médio (17 anos).

As salas de aula em unidades da Fundação CASA são multiseriadas, ou seja, possuem alunos de diferentes séries em uma classe – em virtude da dificuldade de formar grupos de uma mesma série. Ao sair da internação, o adolescente contará com a indicação do professor sobre suas condições para prosseguimento dos estudos e poderá retornar à rede regular de ensino a partir da última série concluída.

Programa Educação e Cidadania

A Secretaria da Educação também oferece assistência aos jovens e adolescentes que se encontram nas Unidades de Internação Provisória da Fundação CASA (UIPs). São adolescentes que permanecem nas UIPs por até 45 dias, aguardando decisão judicial, e nesse período são assistidos pelo Programa Educação e Cidadania. Nas classes das UIPs são trabalhados assuntos voltados ao cotidiano do adolescente como Cidadania, Ética e Identidade. As aulas do projeto acontecem durante todo o dia: pela manhã, acontecem discussões a partir de temas como Educação, Justiça e Saúde, entre outros. À tarde os adolescentes participam de oficinas culturais com temas voltados para a música, artes visuais e cênicas, poesias, leituras, atividades físicas,contos e correspondências.  “É um projeto diário, pois o adolescente pode sair dessa condição no dia seguinte. Então o conteúdo a ser ministrado deve ter início e ser finalizado no mesmo dia”, salienta a professora Huguette.   

Da Secretaria da Educação