Neste sábado, mutirão de mamografia deve atender 100 mil mulheres

Exames serão realizados em aproximadamente 300 hospitais e clínicas em todo o Estado

sex, 18/05/2007 - 16h07 | Do Portal do Governo

Neste sábado, 19, a Secretaria da Saúde promoverá o maior mutirão gratuito de mamografia já realizado no Brasil. Aproximadamente 100 mil mulheres poderão realizar o exame em 300 hospitais e clínicas em todo o Estado.

As mulheres devem comparecer aos postos credenciados com um pedido médico, que pode ser da rede pública ou particular. A secretaria recomendou que fosse realizada uma pré-inscrição, para evitar superlotação em determinados locais de atendimento.

A iniciativa faz parte do Programa de Saúde da Mulher da Secretaria, lançado no início do ano pelo governador José Serra e pelo Secretário de Estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata. “O diagnóstico e tratamento precoce do câncer de mama são fundamentais para aumentar as chances de cura da doença. As mulheres devem aproveitar o mutirão e fazer seu exame”, afirmou Barradas.

A mamografia é uma radiografia da mama que permite a detecção precoce do câncer. Realizado em um aparelho de raio-X apropriado, chamado mamógrafo, é capaz de mostrar lesões ainda em fase inicial, antes mesmo de ser palpável. Segundo o diretor do Hospital Pérola Byington, Dr. Luiz Henrique Gebrim, quando o câncer de mama é diagnosticado precocemente, a chance de cura chega a mais de 90%. Se diagnosticado em fase inicial, o tumor é extraído em uma pequena cirurgia, evitando a retirada dos seios e até tratamentos considerados mais invasivos, como a quimioterapia.

Com o exame preventivo, é possível observar alterações que podem significar um pré-câncer (quando as células cancerígenas estão apenas na mama) ou um câncer (as células ultrapassam os limites dos seios). Nestes dois casos, as pacientes recebem um encaminhamento para unidades preparadas para atendê-las. Nos locais indicados irão realizar novos exames (como ultrassonografia e biópsia) e serão atendidas por mastologistas (médicos especializados no estudo das glândulas mamárias).

Quanto antes ocorrer o diagnóstico, maior é a chance de cura. Depois que o nódulo já cresceu, tem dois ou três centímetros e começa a ter células em outros sentidos, fica mais difícil o tratamento. Mesmo fazendo tratamentos mais severos, a chance de cura cai para aproximadamente 50% neste estágio.

Para alcançar melhor capacidade de detecção, a mama é comprimida causando pequeno desconforto. Muitas pessoas ainda temem que o exame cause dor ou que até mesmo seja capaz de espalhar possíveis tumores, mas são tabus que precisam ser quebrados. “Algumas mulheres reclamam porque aperta a mama. Às vezes, o desconforto pode ser um pouco maior quando a mulher está no período pré-menstrual e os seios ficam mais sensíveis. Porém, é mínimo o desconforto perto do maior ganho, que é a vida”, esclarece o coordenador estadual de Saúde, Ricardo Tardelli.

Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil. A principal hipótese é que isto aconteça porque a doença ainda seja diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que todas as mulheres acima de 40 anos devem realizar o exame anualmente. Aquelas que apresentarem outros casos na família (especialmente em mães e irmãs) devem fazer o exame alguns anos antes. A organização esclarece que o câncer de mama também ocorre em homens. Aproximadamente para cada 200 casos de câncer de mama em mulheres existe um em homem.

O auto-exame das mamas também é importante para prevenção e não deve ser esquecido mesmo após a realização da mamografia.

São Paulo na frente

Esta é a quarta edição do mutirão, que é realizado desde maio de 2004. Cerca de 400 mil mulheres já foram avaliadas. De 5% a 10% destas pacientes apresentaram alterações em seus exames e foram encaminhadas para que pudessem seguir o tratamento em locais especializados.

“O único estado brasileiro que faz mamografia antes da mulher ter o caroço é São Paulo. Neste ponto, São Paulo sai na frente, acompanhando o que os países desenvolvidos já fazem”, explica Gebrim, que acrescenta que o Hospital Pérola Byinton, considerado como centro de referência da saúde da mulher, já realiza diariamente 160 mamografias. No sábado, a equipe do Pérola estará preparada para fazer 210 radiografias.

O coordenador estadual de Saúde, Ricardo Tardelli, explica que as duas principais finalidades do mutirão são diminuir o tempo de espera e facilitar o acesso da mulher ao exame. Segundo ele, são realizadas mensalmente em São Paulo cerca de 70 mil mamografias pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Com dois mutirões por ano, é possível atender em dois dias (um em maio e outro em novembro) mais 200 mil mulheres, o que representa aproximadamente o trabalho que normalmente é realizado em três meses.

A idéia é que as mulheres, que hoje já fazem exame de prevenção de colo de útero (papanicolau), adotem também a prática de agendar a mamografia anualmente. “O câncer de mama, entre as doenças malignas da mulher, é o primeiro em termos de incidência e de causa de morte. Antes, era o câncer de útero, que hoje está em quarto lugar. Acreditamos que o número de óbitos do câncer de útero diminuiu por causa da prevenção”, diz Tardelli.

Regina Amábile